Crítica
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Sinopse
Chihiro vai se mudar com os pais para outra cidade. No caminho, eles se deparam com uma mesa repleta de comida no decurso de um atalho. Os pais de Chihiro são transformados em porcos e ela jogada numa aventura espetacular.
Crítica
A Viagem de Chihiro ganhou o Oscar na categoria de Melhor Longa de Animação concorrendo com quatro títulos hollywoodianos: A Era do Gelo (2002), Spirit: O Corcel Indomável (2002), Lilo & Stitch (2002) e O Planeta do Tesouro (2002). Se os dois primeiros eram de estúdios dando seus primeiros passos no gênero – Fox e DreamWorks – os outros eram da toda poderosa Disney. Mas a derrota não foi tão traumática, afinal a gigante era também a responsável pela distribuição nos Estados Unidos desta que é a mais celebrada de todas as produções do Studio Ghibli. E como se poderia tranquilamente afirmar após uma rápida consulta aos resultados da premiação daquele ano, poucas categorias eram tão fáceis de adivinhar o vencedor quanto essa. A Viagem de Chihiro era, de fato, o único verdadeiro concorrente, uma obra original, inovadora e ousada, com méritos superlativos que a colocavam anos-luz à frente dos demais concorrentes. E o Oscar, na verdade, só veio para coroar uma trajetória impecável, que incluía ainda o Urso de Ouro de Melhor Filme no Festival de Berlim e mais de 30 prêmios internacionais.
Pobre dos que não conseguiram enxergar além da primeira impressão! Isso é o mínimo a ser dito sobre o impressionante A Viagem de Chihiro, um dos filmes – não apenas animação, pois se deve ir além disso – mais interessantes, complexos e inventivos já feitos, uma obra madura e, ao mesmo tempo, dotada de um frescor e de uma vitalidade impressionante, pronta para conquistar a mente e o coração daqueles que se deixarem levar pela curiosidade instigante e vencerem o preconceito de conhecer esse desenho animado japonês, repleto de referências orientais e portador de uma mensagem universal. Independentemente da idade, todo espectador, uma vez aceito o convite de Chihiro, terá sua percepção alterada para um mundo novo e irresistível.
Chihiro, a protagonista, é uma menina com cerca de 10 anos que está de mudança de cidade com seus pais. No caminho, eles se perdem e acabam indo parar em uma vila abandonada, somente para descobrir, mais tarde, que o lugar é a porta de entrada para uma casa de banhos mágica, habitada por deuses, espíritos, fantasmas e duendes, além de ter uma feiticeira como líder. Nesse ponto, os adultos já foram transformados em porcos e a garota só poderá contar com a ajuda do Mestre Haku, um garoto que consegue se transformar em dragão, para não perder sua identidade, salvar sua família e ainda descobrir como escapar dali. E se essa rápida descrição já é suficiente para deixar qualquer um um tanto perdido, é importante ter em mente que há mais do se possa imaginar num primeiro instante em A Viagem de Chihiro, cuja experiência oferece um resultado inesperado e encantador.
Recordista de bilheteria no Japão, superando inclusive blockbusters hollywoodianos como Titanic (1996), foi um raro caso que parece ter agradado crítica e público. Dono de um visual característico da animação oriental, com traços bidimensionais e lineares, distantes das produções digitais mais frequentes e sem a mesma riqueza de detalhes própria de mestres como Walt Disney, é um filme que se apoia tanto no enredo, ideal para quem foi criado sob o sol nascente, mas afastado do nosso círculo de referências, quanto nos personagens, tão surpreendentes como fascinantes. A Viagem de Chihiro é mérito absoluto do criador Hayao Miyazaki, diretor e roteirista dessa pequena preciosidade. Um tesouro resistente ao tempo e que merece ser descoberto por todos aqueles abertos a novidades, aventureiros sábios dignos de recompensas como essa.
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