Crítica
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Sinopse
A fim de convencer um antigo amigo e assumir os negócio da família, uma advogada viciada em trabalho retorna à sua cidade natal. Mas, a convivência traz a nostalgia e com ela o surgimento de um amor improvável.
Crítica
É encarado quase como um clichê afirmar que os filmes produzidos originalmente pela Netflix são, em sua grande maioria, todos iguais. Também é certo que o lugar-comum, quando se impõe, não é de forma aleatória, mas, sim, pela repetição incessante de uma fórmula. A Vida Pode Mudar, produção da gigante do streaming, é mais do que um exemplo que aponta para a veracidade desse fato: é a comprovação do mesmo até em seus menores detalhes. A trama é tão genérica quanto o título, que poderia servir de batismo para mais de uma dezena de projetos similares. Porém, mais do que isso, é na artificialidade dos cenários, dos personagens e, principalmente, das motivações que os orientam onde habita uma sensação dúbia, que tanto pode servir de incômodo para os mais atentos e exigentes, como pode oferecer comodidade aos que desse conjunto não exigirem mais do que o esperado.
Poucos meses antes desse lançamento houve um outro sucesso global da mesma plataforma, chamado Um Brinde ao Natal (2020). Nesse, um galã era obrigado a deixar sua zona de conforto na cidade para se aventurar em um ambiente paradisíaco e próximo à natureza, com a missão de fechar um negócio com uma bela fazendeira que lhe permitiria, ao mesmo tempo em que se apaixona, avançar em sua carreira. Pois bem, A Vida Pode Mudar deveria ter em seus créditos o nome do roteirista deste outro projeto, pois sua trama é exatamente igual, mudando apenas o gênero dos envolvidos. Dessa vez, é uma advogada de sucesso que precisa abandonar todo o cimento ao seu redor e, como é dito em cena, “colocar os pés na areia”. Rumo a um resort dos sonhos, tem como foco convencer um ‘faz-tudo’ local a assinar um documento que irá lhe garantir uma herança milionária e o controle das empresas do avô. Quem diria ‘não’ a uma proposta como essa? Bom, nesse universo, pessoas assim existem.
O que não quer dizer, aliás, que sejam elas críveis. Muito pelo contrário. Enquanto que Laura (Saskia Hampele, atriz australiana conhecida por lá por ter participado da telenovela Neighbours entre 2012-2016) está longe de alcançar uma perfeição hollywoodiana de beleza – por mais que se demonstre esforçada nesse sentido – se apresentando mais como a vizinha bonitinha da porta ao lado, Chip (Liam McIntyre, que assumiu o protagonismo da série Spartacus, 2012-2013, após a morte de Andy Whitfield) é o trabalhador braçal que está sempre com o cabelo impecavelmente penteado e o bronzeado na medida certa, a despeito de suas supostas obrigações profissionais. Nem as razões que ele aponta para não aceitar a oferta familiar chegam a ser convincentes. Tanto é que não será surpresa quando começar a mudar de ideia, visando não apenas os próprios interesses, mas também os da sua nova/velha paixão.
Sim, pois Chip e Laura se conhecem desde a infância – veja só! É tanto o interesse da diretora Christine Luby em fazer da sua história a mais idealizada possível que chega a ser difícil ter uma outra impressão senão a de que ela parece não ter aprendido nada nos tantos anos em que esteve envolvida como diretora assistente ou de segunda unidade de produções como Pedro Coelho (2018) ou Aquaman (2018), longas que, a despeito de qualquer crítica, sabiam como lidar com seus elementos fantasiosos. A Vida Pode Mudar – estreia da cineasta como realizadora – é tão falso e vazio de propósitos que nem mesmo o mais dedicado dos espectadores conseguirá dele retirar algo que permaneça consigo por mais de alguns instantes após o término da projeção. Afinal, até os feel good movies precisam de um mínimo de veracidade para que o sentimento que buscam emular tenha algum efeito.
Não mais do que uma sessão da tarde passageira, que de tão irrelevante não chega nem mesmo a incomodar – afinal, quem se importa com tamanha superficialidade? – A Vida Pode Mudar é prova de que alterações de rumo podem estar por todos os lados, menos diante de produções como essa, que transitam somente por espaços seguros e pré-estabelecidos, como se possuída por um receio feroz de qualquer sinal de originalidade ou risco. Exatamente o contrário, portanto, do que seus personagens tentam, ainda que sem muito esforço, oferecer como mensagem. São sorrisos que não se sustentam, amores infantis e ligações tão frágeis que somente os mais ingênuos poderão encontrar qualquer tipo de relação com os encontros – e, principalmente, desencontros – possíveis de serem verificados no mundo real. E se era para apostar na ilusão, que o faça de modo assumido e competente – bem distante do que aqui se verifica. Não chega a provocar frustração, pois como criar qualquer expectativa diante de tal proposta? É apenas tolo e descartável, e isso na melhor das hipóteses.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 3 |
Francisco Carbone | 1 |
MÉDIA | 2 |
Uma das poucas produções da porcaria da Netflix que a gente pode assistir com a família, sem esperar um choque gay. Homem e mulher, mesmo fantasiosamente, tendo um relacionamento. Como nas sessões da tarde de antigamente.
Qual o nome da música que toca no final das legendas? Não encontrei na lista que aparece. Grata Filme A vida pode mudar
Amei a bolsa mochila dela, sabe como descubro a marca ou onde comprar?
Sou cinéfila exigente e chata, mas alguma coisa neste filme me tocou muito. O casal é bonito, a ilha maravilhosa e o filme cheio de clichês, mas a possibilidade de mudarmos nossa vida radicalmente e tentarmos ser felizes com ou sem alguém num lugar cheio de natureza e bons amigos e vizinhos é o sonho de muita gente, é o meu sonho! Apesar de todos os clichês de uma comédia romântica, há sim, algo que toca e que fica, por que não tentar mudar, mesmo que no mundo real não seja tão fácil?