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Crítica


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Sinopse

Carolina do Sul, 1964. Lily Owens é uma garotinha assombrada pela memória de sua falecida mãe. Para escapar de sua vida solitária e dos problemas com o pai, ela foge com Rosaleen, sua única amiga, para uma cidade que guarda o segredo do passado de sua mãe.

Crítica

Sabe aquele filme que você, ao ler a sinopse, já sabe que é o típico ‘de mulherzinha’? Pois bem, esse é o caso de A Vida Secreta das Abelhas! E não que essa impressão seja pejorativa, apenas não espere por emoções fortes ou grandes aventuras. Por outro lado, tudo é muito delicado, sensível, emocional e romântico. E, independente do sexo, serão poucos os que sairão da sala de cinema sem estarem com os olhos inchados de lágrimas. E às vezes não é bom esquecer tudo e simplesmente chorar, como se lavasse a alma? Pois este é o efeito que se tem ao término da sessão.

Baseado no romance de Sue Monk Kidd, um best seller norte-americano, A Vida Secreta das Abelhas narra os trágicos acontecimentos que se sucedem com uma menina após, acidentalmente, com apenas quatro anos, assassinar a própria mãe. Maltratada pelo pai, dez anos após o acontecido ela decide fugir de casa, levando consigo sua melhor amiga, a ama Rosaleen. Estamos no sul dos Estados Unidos, no início dos anos 60, e os movimentos anti-racistas começavam a das os primeiros passos. Entre preconceitos e desrespeitos contra as mulheres, as duas encontram abrigo num verdadeiro oásis: a casa das irmãs Boatwright, três mulheres independentes que sobrevivem com graça e dignidade, a despeito da cor negra que carregam na pele. Ali, as duas novatas irão conhecer um novo mundo e, acima de tudo, aprender a amar a si mesmas.

Dirigido por Gina Prince-Blythewood com mão segura, porém sem grandes inventividades, A Vida Secreta das Abelhas tem como maior destaque o elenco, composto por nomes de grande repercussão atualmente em Hollywood. A vencedora do Oscar Jennifer Hudson (Dreamgirls, 2006) captura nosso olhar durante a primeira meia hora de projeção, mas logo abre espaço para outras importantes atrizes negras: Queen Latifah (Chicago, 2002) e Sophie Okonedo (Hotel Ruanda, 2004) foram ambas indicadas ao Oscar, enquanto que Alicia Keys, após pequenas participações em filmes como A Última Cartada (2006) e Os Diários da Babá (2006), demonstra um potencial de intérprete ainda maior e envolvente. Para quem não sabe, Keys é uma multi-premiada cantora, assim como Latifah e Hudson. Essa veia artística também tem espaço no filme, colaborando na bela trilha sonora. Porém, dentre tantas artistas adultas e muito reconhecidas, quem acaba chamando atenção mesmo é a pequena Dakota Fanning (do recente Heróis, 2009e do campeão de bilheteria Guerra dos Mundos2005). Ela está conseguindo fazer uma boa transição entre estrela infantil e atriz séria, apresentando um talento dramático cada vez maior e mais intenso. Outra boa adição é Paul Bettany (Coração de Tinta, 2008, e O Código Da Vinci2006), que compõe mesmo em poucas cenas um personagem assustador, porém nunca unilateral – percebe-se a dor e o sofrimento que há dentro dele, de forma que é possível até simpatizar com sua infelicidade.

A Vida Secreta das Abelhas (favor não confundir com o espetacular A Vida Secreta das Palavras (2005) da espanhola Isabel Coixet, esse sim um poderoso drama cheio de camadas de leituras e interpretações) dividiu a opinião da crítica, entre os que aplaudiram as atuações e a sensibilidade do discurso e os que apontaram o excesso de doçura da narrativa e a previsibilidade das soluções apresentadas como falhas a serem revistas. Por outro lado, quem se deu muito bem foi o casal de astros Will Smith e Jada Pinkett Smith, produtores do filme, que apostaram na ideia de um projeto pequeno – custou meros US$ 11 milhões – que rendeu nas bilheterias de todo o mundo quase quatro vezes o seu orçamento. Um investimento de ótimos resultados. E sinal também de que houve sintonia com o público, que soube reconhecer aqui uma história em que a comunicação fez sentido, envolvendo e despertando reações de alegria e tristeza. E mesmo sem reinventar a roda, sem surpreender ou causar olhares estarrecidos, é um filme que se sai bem em vários aspectos. E muitas vezes isso já é mais do que suficiente.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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