Crítica
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Sinopse
Ao crescerem, Tessa e Hardin sabem que não podem ser os mesmos para sempre. Ela não é mais a menina ingênua e doce de antes; ele explode e talvez não possa ser apaziguado. Será que em meio a isso o relacionamento durará?
Crítica
Quarto filme da saga cinematográfica baseada nos livros de Anna Todd, After: Depois da Promessa começa com um casal em crise. Melhor dizendo, a história inicia com um rapaz mergulhado na crise que coloca o seu lindo relacionamento amoroso em risco. Protótipo de bad boy com pinta de atendente de loja de óculos de sol, Hardin (Hero Fiennes Tiffin) descobre ser filho biológico de outro homem. Por sua vez, a namorada Tessa (Josephine Langford) tenta de todas as formas apaziguar o parceiro a fim de que os dois tenham um pouco de sossego. A cineasta Castille Landon não aprofunda os dramas humanos e sequer intensifica os dilemas do jovem errático. Aliás, ela tampouco demonstra qualquer tipo de atenção/empatia pela tensão que envolve a geração anterior de homens e mulheres penitentes por “amar demais”. Existe somente um propósito firme no horizonte, o de criar sucessivos empecilhos para o amor aparentemente escrito nas estrelas não encontrar os caminhos fáceis de acontecer. E o restante da trama reforça essa dinâmica tola de prova de obstáculos, em meio à qual o elo sentimental corre inúmeros riscos. No fundo há uma ideia bastante romântica que atrela a dificuldade ao merecimento. Sim, pois Hardin e Tessa enfrentam um verdadeiro "triatlo do amor" para provar que são dignos de garantir a felicidade plena a dois. E, enquanto isso, o resto é tratado como mera moldura.
After: Depois da Promessa encara apenas superficialmente múltiplos dramas. Também é gritante a aderência à gramática da publicidade, vide cenários, personagens e paisagens que denunciam a sua natureza artificial a serviço do convencimento, neste caso sobre um amor que a tudo pode vencer. Flertando com os princípios do melodrama, o enredo se restringe a costurar obstáculos que colocam os protagonistas à prova. Depois da cena pudica de sexo entre os jovens apaixonados, a rebeldia de butique de Hardin provoca coisas como o acesso piromaníaco embalado num discurso empostado de autocomiseração. E qual é a finalidade disso? Mostrar o quanto Tessa ama incondicionalmente esse sujeito ferrado. As conversas com os pais são cheias de acusações, choros e rompantes de descontentamento postiço. E para o quê elas servem, no fim das contas? Mostrar que esses homens e mulheres também tiveram a sua cota de sacrifício – como a solicitada dos pombinhos para eles alcançarem a própria felicidade. Não há tempo para o desenvolvimento de atitudes, sensações e emoções. O atropelo prevalece por conta da colocação do amor insistentemente à prova. Ele precisa ser forte para resistir, do contrário está fadado a ser "mais do mesmo". Não há um instante sem que a palavra “merecimento” esteja camuflada em diálogos e ações. Desse modo, o amor é restrito aos que sofrem para tê-lo.
After: Depois da Promessa não se interessa por vícios, dependências emocionais, esqueletos no armário, tentativas desajeitadas de reconciliação e pelas reais dificuldades enfrentadas no campo amoroso. Há um tom absolutamente sintético permeando esse conto de fadas cujo finíssimo verniz de seriedade não é suficiente para encobrir a textura falsamente rugosa da idealização. Castille Landon está mais preocupada em mostrar que as portas do carrão abrem para cima – o que acentua o luxo do bólido – do que em dar tintas verossímeis à vivência de Hardin e Tessa. Outro ponto frágil é o baque de certas transições. Exemplo disso, a cena de Tessa voltando aos Estados Unidos depois das turbulências na Inglaterra. Num instante, ela está entrando no seu apartamento, experimentando aquela sensação de solidão e desilusão derrotista. No outro, o imediatamente posterior, encontra alguém desacordado e mergulha numa tragédia. O público nem tem tempo de assimilar a sensação de derrota pessoal da protagonista feminina que retorna para casa com gosto amargo e já tem de encarar um luto que bagunça tudo. Nada ali tem importância, a não ser a criação de mais barreiras para o Romeu com jeitão de bad boy de anúncio de calça jeans e à Julieta com rompantes pouco convincentes de emancipação pessoal. Assuntos espinhosos (vício, agressividade, culpa) ganham ares de empecilhos banais.
Algum fã mais ardoroso da saga After pode estar se perguntando: “mas o que deseja o crítico, já que o filme toca em pontos relevantes que distanciam o casal protagonista de uma felicidade fácil?”. Oras, não basta que os personagens pronunciem sofrimentos em sermões e que travem debates pretensamente significativos. Do que adianta Tessa passar um tempão prostrada por conta do luto, não querendo ver ninguém, se a sua recuperação acontece repentinamente, sem ela expressar algo do sofrimento ainda latente? Do que adianta Hardin gritar aos sete ventos que está revoltado por descobrir coisas do passado, passar por um momento de desvio/recaída, se seu comportamento é unicamente subordinado à vontade de estar com a amada a ele submetida ? After: Depois da Promessa encara levianamente os problemas humanos, demasiadamente humanos, num romance adolescente em que todos são bonitos e no qual os obstáculos são situados como problemas somente porque podem atrasar o aguardado “felizes para sempre”. Hardin e Tessa inexistem isolados, estando umbilicalmente atrelados um ao outro. Quando ela pede um tempo, testemunhamos o sofrimento dele. Quando ele chega depois de algum tempo de ausência, somos brindados com a tensão dela. Ademais, os silêncios praticamente inexistem. Quando não há diálogos, as cenas são embaladas por melodias genéricas que ora servem de moldura desnecessária, ora são como uma reiteração melódica dos dramas tolos.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Marcelo Müller | 3 |
Francisco Carbone | 1 |
Alysson Oliveira | 1 |
MÉDIA | 1.7 |
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