Crítica
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Sinopse
Quando um burocrata corrupto ameaça a CIA, um ex-agente é reativado com a missão de garantir a segurança da instituição.
Crítica
Não há nenhum problema com o clichê em si. Embora grande parte do público e até muitos críticos utilizem a palavra “clichê” para destacar algo naturalmente errado ou ruim, isso está longe de ser verdade. Há filmes excelentes que utilizam lugares-comuns e transitam por terrenos conhecidíssimos, nem por isso perdendo o seu valor. Então, o problema de Agente X: A Última Missão nem é o retrogosto de aventura genérica de espionagem protagonizada por um agente aposentado que precisa voltar à ativa com o intuito de combater uma ameaça. O problema é o modo como o cineasta Renny Harlin manuseia os elementos tradicionais desse tipo de história: os requentando sem um pingo de personalidade e/ou reverência. O protagonista da vez é Steve Vail (Aaron Eckhart), ex-integrante da CIA convocado a neutralizar um inimigo conhecido, seu ex-colega e ex-amigo Victor Radek (Clifton Collins Jr.) que está tocando o terror na Grécia. Esse vilão planeja difamar a agência governamental e, por conseguinte, colocar em risco as relações diplomáticas dos Estados Unidos com as demais nações. Victor está assassinando jornalistas que ao longo dos anos denunciaram as operações extraoficiais e ilegais da CIA a fim de que a opinião pública passe a enxergar a entidade como conspiracionista. Vail precisa evitar uma crise mundial, mostrar que os demais personagens estão errados, salvar o dia e voltar à sua rotina de pedreiro.
Então, temos outro ex-agente incrível marcado por feridas do passado que precisa voltar à ativa. Relutantemente, ele aceita viajar à Grécia para cumprir essa tarefa inglória – não sem antes demonstrar ao espectador que está apto a ser bem-sucedido, na cena pouquíssimo empolgante de enfrentamento dos capangas no alto do prédio escorrendo a água de uma chuva torrencial. Renny Harlin fraciona a briga em diversos planos para criar a sensação de que Aaron Eckhart e os figurantes estão lutando ferozmente. Contudo, um olhar mais atento vai perceber que, na verdade, o realizador está fazendo trucagens de montagem (trabalho assinado por Iain Erskine) para encobrir o fato de que o ator não é capaz de se passar por um brigador tão exímio assim. Para efeitos de comparação, Harlin faz oposto do que seus colegas diretores dos filmes da saga John Wick – que apostam em cenas menos “picotadas” e dinâmicas de luta capazes de valorizar as coreografias. E aí vem outro clichê mal aproveitado: Vail terá a companhia de uma parceria em tudo diferente dele. Kate (Nina Dobrev) é uma agente de escritório seguidora de regras e protocolos, logo uma espécie de antítese do pragmatismo controladamente rebelde do sujeito capacitado para evitar a imagem dos Estados Unidos como uma nação que está pouco se lixando à soberania de outras nações. Os parceiros se desentendem, mas logo aprendem mutuamente.
Uma chave simples para percebermos a fragilidade conceitual de Agente X: A Última Missão é justamente a personagem de Nina Dobrev. Kate é a típica certinha que trava diante da demanda de apertar o gatilho. Novamente, em princípio, nada contra ela se encaixar num arquétipo muito utilizado neste tipo de filme. O problema é qual a sua função na história e como ela a desempenha enquanto figura dramática. Kate é inicialmente o superego, ou seja, aquela que censura e aponta os problemas éticos da atuação de Vail – embora seja sempre convencida pelo colega experiente de que, no fim das contas, é absolutamente aceitável quebrar regras se a missão for cumprida. Depois ela se torna a questionadora que, supostamente, deve representar o espectador em dúvida sobre personalidades, contextos atuais e acontecimentos do passado. Kate passa grande parte do longa-metragem perguntando coisas a Vail. Desse modo o veterano aproveita os intervalos entre as pauleiras para explicar à novata tudo o que está acontecendo e como a situação chegou a tal nível de tensão. Renny Harlin deixa poucos espaços para o espectador especular sobre a trama, pois sempre tem alguém esclarecendo tudo nos mínimos detalhes para termos uma experiência confortável e passiva, ou seja, estritamente absorvendo informações que dão alguma base de sustentação às sequências de ação desse filme genérico.
Renny Harlin não demonstra qualquer traço de autoconsciência quanto ao fato de andar num terreno percorrido muitas vezes antes, assim se restringindo a fazer mais um filme sobre ex-agentes que comprovam sua supremacia ao voltar momentaneamente à ativa. O fato de Vail ser pedreiro nas horas vagas é um detalhe sem qualquer importância dramática, servindo apenas como uma desculpa excêntrica para um par de cenas em que o protagonista anula seus inimigos utilizados espátulas e outras ferramentas do tipo. Já Kate tem um processo de aprendizado superficial, até mesmo porque não há ênfase nenhuma na sua personalidade, apenas na ignorância e na inexperiência que, por contraste, iluminam a sabedoria e as habilidades do personagem principal masculino. Aliás, é difícil de engolir que uma pessoa tão ingênua quanto ela tenha sido aprovada, sequer, para desempenhar tarefas burocráticas numa das instituições mais estratégicas à atuação geopolítica da maior nação imperialista do mundo contemporâneo. Por falar nela, a camada polícia perde (a pouca) relevância para o desenvolvimento burocrático de vinganças e das reviravoltas sem impacto. Agente X: A Última Missão se contenta em armar um circo, prometendo atrações que ao mesmo tempo justifiquem o interesse por uma tradição (a do filme de espião) e entreguem frescor, mas acaba sendo mais do mesmo com gosto rançoso.
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Ruim mesmo. Caricato, pueril. Vergonhoso! Me arrependi de ter assistido.
num geral, o filme é fraco ... mal escrito, tem falhas de construção e a dublagem foi realmente o ponto que também desagradou bastante