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Sinopse

Nancy está surfando sozinha em uma praia isolada quando, de repente, é atacada por um tubarão branco, ficando encurralada a poucos metros de distância da praia, em cima de uma pedra. Apesar de estar muito perto da terra firme, chegar até lá se mostra um imenso desafio.

Crítica

Embora tenha um tubarão como principal antagonista, Águas Rasas está muito mais para um novo – e inferior – 127 Horas (2010) do que para um novo – e infinitamente inferior – Tubarão (1975). Isso porque o cineasta Jaume Collet-Serra tenta empregar uma pegada mais intimista ao longa-metragem, colocando sua protagonista basicamente sozinha a maior parte do tempo, com a grande ameaça que a rodeia sendo não apenas a força externa de um animal selvagem, mas sua própria vontade de sobreviver em meio àquela situação bastante adversa. O que temos é um thriller com bons momentos, com os dois primeiros atos bem desenhados, até um desfecho que joga para o fundo do mar a verossimilhança construída até então.

Na trama, assinada por Anthony Jaswinski, a surfista e estudante de Medicina Nancy (Blake Lively) busca um elo com sua mãe falecida. Ela viaja ao México, à procura de uma praia erma, que serviu de paisagem para uma foto que representa muito bem o espírito daquela mulher. Com a ajuda de um morador do local, Carlos (Óscar Jaenada), ela encontra o lugar que tanto desejava e, ao ver a imensidão do mar azul, logo se prepara para pegar ondas. Tudo corria bem até uma ameaça surgir ali: um tubarão branco, que consegue morder a coxa de Nancy enquanto ela tentava voltar à margem. Com o animal rondando, a moça consegue achar abrigo em uma pequena porção de “terra firme” em meio ao mar, um recife de coral. Sangrando, com um grande talho na perna, ela terá de se virar para não ter um final precoce nos dentes daquele perigoso animal.

Blake Lively está trabalhando para encontrar seu espaço em Hollywood depois de ter feito sucesso na série de TV Gossip Girl (2007-2012). Após alguns passos em falso como Lanterna Verde (2011), a bela jovem atriz encontrou refúgios para seu talento em A Incrível História de Adaline (2015) e em um pequeno papel em Café Society (2016), dirigida por ninguém menos que Woody Allen. Agora, em Águas Rasas, ela encara o desafio de prender sozinha a atenção do público e se sai relativamente bem. Quando sua personagem está em perigo, tentando sobreviver em situação nada favorável, a atriz consegue transmitir o desespero, a angústia e a perseverança que Nancy precisa. Curiosamente, Lively não convence tanto na calmaria. As conversas com a irmã e com o pai pelo telefone, em pequenas pontas de Sedona Ledge e Brent Cullen, são bastante artificiais. Um pouco culpa da atriz, mas mais do texto, que capricha no lugar-comum e da direção, que não consegue dar um ar mais naturalista para os diálogos.

Quanto à ameaça do tubarão, ela é palpável durante boa parte da trama e Collet-Serra se sobressai nas cenas no mar, com bom clima de suspense e terror. Tomando bem a lição de Steven Spielberg, o cineasta não exagera em mostrar o animal. Mesmo com a tecnologia para fazer um tubarão crível (algo que não existia em 1975), em Águas Rasas não vemos tanto assim o antagonista da história, o que ajuda a criar um feeling de tensão. Quando ele aparece, no entanto, é possível dar alguns pulos da cadeira.

Depois de dois atos bem construídos, com interessante destaque para o drama psicológico da protagonista sozinha em meio ao nada (o que remete ao filme 127 Horas), o terceiro ato coloca quase tudo a perder, encontrando soluções estapafúrdias para concluir a história. Para piorar, o roteiro reduz os impactos daquele episódio na vida de Nancy em uma cena final desnecessária. Quem conseguir passar por cima disso pode se divertir com esse filme tenso, de bonita fotografia, mesmo que artificial em muitos momentos.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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