Crítica
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Sinopse
Um jovem humilde descobre uma lâmpada mágica. Dentro dela, um gênio que pode lhe conceder desejos. Agora o rapaz quer conquistar a moça por quem se apaixonou, mas o que não sabe é que a jovem é uma princesa que está prestes a noivar. Com a ajuda do Gênio, ele tenta se passar por um príncipe para conquistar o amor da garota e a confiança do pai dela.
Crítica
Dirigida por Guy Ritchie, Aladdin, versão live action da animação homônima lançada nos anos 1990, não faz feio diante de sua aclamada inspiração, parte porque se empenha em, primeiro, ser reverente à origem e, segundo, atualizar o discurso a específicas demandas atuais por igualdade de gênero. Quem conta a história é o marinheiro "sem nome", vivido por Will Smith, que captura a atenção dos dois filhos pequenos, em plena navegação numa embarcação modesta, com a canção acerca de um ladrão que se vira como pode nas vielas poeirentas de Agrabah. Isso até ele conhecer (e salvar) uma belíssima suposta servente da herdeira, tida com ladra por um dos mercadores. Aladdin (Mena Massoud) é um espírito livre, cativante, que prontamente magnetiza a atenção, cavando, assim, um espaço no coração da disfarçada princesa Jasmine (Naomi Scott). Há um senso de aventura bem exposto na fuga que os dois (mais o macaco Abu) empreendem pela cidade estilizada a fim de manter o caráter fabular do original, cuja base é a direção de arte esmerada e vistosa.
Em termos de comparação, Aladdin é, qualitativamente, similar a Aladdin (1992), com alterações pontuais oferecendo uma dinâmica mais voltada à graça e ao volume da ação. Por exemplo, aumentam as canções expositivas, especialmente na primeira metade da trama, o que transforma essa realização num musical Disney próximo aos indefectíveis da casa do Mickey. Todavia, há mudanças que viram ruído, como a escalação de Marwan Kenzari ao papel do vilão Jafar. Diferentemente da versão desenhada, próxima ao arquétipo de um feiticeiro caquético e asqueroso, esse ambicioso antagonista não é exatamente uma figura que aspira temor. Embora seu intérprete se empenhe, com caras e bocas abertamente caricaturais, a ameaça apenas se torna urgente quando os poderes mágicos a serviço do mal são potencializados pelo contrariado gênio. Agora, um dos maiores acertos do filme é a escalação de Will Smith para viver o famigerado (e azul) gênio da lâmpada.
Conservando o tom cartunesco de seu equivalente desenhado – imortalizado pela voz e pelos trejeitos de Robin Williams, mimetizados pelos animadores –, Smith contribui sobremaneira com sua personalidade marcante à constituição desse sujeito mágico que gradativamente desenvolve uma amizade praticamente inquebrantável com Aladdin. Guy Ritchie lança mão de uma versão humana do gênio a fim de que Smith, em diversos momentos, possa atuar sem a mediação dos efeitos especiais. São responsabilidade dele alguns dos instantes mais inspirados de Aladdin, principalmente no que tange à mensagem comum a boa parte das trajetórias centralizadas. A liberdade, tolhida de Jasmine por sua condição real, superficial ao protagonista miserável e negada milenarmente àquele que concede três desejos ao portador da lâmpada, é utilizada como um fio invisível que interliga as aspirações dessas pessoas principais em cena. Há, também, boas sacadas quanto ao empoderamento da princesa, sendo essa uma das adequações bem-vindas do enredo anterior.
Aladdin é um filme suntuoso, com cenários minuciosos e um figurino bonito. Tudo isso para criar uma versão lírica do Oriente Médio, próxima à solidificada no imaginário ocidental por histórias como As Mil e uma Noites. A destoante qualidade vocal de Naomi Scott cria um estranhamento em determinadas sequências, excertos similares a apresentações do programa The Voice em meio a uma narrativa que chafurda na fantasia. Entre cenas praticamente copiadas da animação noventista e inserções que visam ancorar o conjunto em outros portos seguros, Guy Ritchie sai-se bem diante da hercúlea tarefa. Há desperdícios pontuais, entre eles a redução da afetividade de Iago como coadjuvante e a falta de peso dramático de Jafar no mais das vezes, mas existem boas inclusões que funcionam, como a personagem de Nasim Pedrad. Seu charme permite um encerramento distinto ao gênio carismático e humano de Will Smith nesse blockbuster repleto de encantos.
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