Crítica
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Crítica
O ator escocês Gerard Butler segue, firme e forte, na sua missão pessoal de se tornar sinônimo de herói de ação nas telonas. Mesmo que de vez em quando enverede por outros gêneros, o astro tem se especializado em papeis de brutamontes capazes de tudo para salvar o dia. Assim, ele segue a trilha de nomes consagrados do cinema de ação dos anos 1980/90, tais como Chuck Norris, Sylvester Stallone e Steven Seagal, para citar somente três de vários. Em Alerta Máximo, seu personagem é o Capitão Torrance, o confiável e experiente piloto de aviação comercial à frente do voo que parte de Singapura rumo aos Estados Unidos no Ano-Novo. A primeira convenção claramente requentada da história ocorre nesse prefácio em que Torrance é apresentado como homem de família, assim como o seu copiloto Dele (Yoson An). Tanto que o diretor francês Jean-François Richet enfatiza (e reafirma) que esses condutores da aeronave são sujeitos extremamente apegados aos entes queridos, dos que penduram fotos dos filhos nos equipamentos do avião ou as carregam próximo ao coração. Mas, a pergunta que não quer calar é: a devoção dos comandantes às famílias tem importância quando a crise se instaura? E a resposta é: nenhuma. Os dois não agem desesperadamente sob uma emoção extrema oriunda do sentimento de perda ou algo que o valha. Portanto, essa semelhança é um elemento gratuito.
Podemos chamar Alerta Máximo de esquemático porque fica muito escancarada a estrutura utilizada no desenvolvimento da trama. Para começo de conversa, o roteiro assinado por Charles Cumminge e J.P. Davis aproxima Torrance e Dele de modo pouco sutil, insistindo reiteradamente nessa mencionada (e gratuita) afinidade entre as suas existências como “homens de família”. Um pouco adiante, surge a não menos ostensiva sugestão de dois pontos de tensão na viagem corriqueira que deveria durar um pouco mais de seis horas. Para economizar combustível, o chefe imediato dos pilotos exige que eles enfrentem uma tempestade. Se não bastasse isso, um pouco antes de a aeronave decolar, aparece o policial escoltando Gaspare (Mike Colter), homem perigoso condenado por assassinato. O fenômeno meteorológico confirma todas as suspeitas, sendo o principal responsável pela queda do avião numa ilha remota tomada por milicianos filipinos. Já o encarcerado contraria as expectativas, se transformando num elemento essencial para a sobrevivência de todos. A confirmação e a subversão são previsíveis. Já a longa sequência do acidente aéreo é enervante por materializar o medo de muitos viajantes: perda súbita de energia, motores falhando, estrutura de aço chacoalhando, mergulhos vertiginosos, tripulação desesperada, passageiros em pânico, etc. Mesmo sendo burocrática, essa ação tem o seu valor.
O que seria mais desesperador do que cair num lugar inóspito a bordo de uma aeronave que ainda pode explodir por estar quente e repleta de combustível? Que, ainda por cima, o local fosse tomado por separatistas pouco dispostos a gestos humanitários. Se nos esquecermos por algum tempo da ação genérica, da ênfase ao heroísmo do capitão que se recusa a perder passageiros e da manjada reviravolta das expectativas quanto ao prisioneiro transformado em herói, identificamos um discurso questionável. E aqui cabe um parêntese. Todo filme possui um discurso, por mais escapista que possa parecer. Toda a representação é alicerçada em pilares que devemos compreender para além dos aspectos técnicos e/ou puramente cinematográficos. Para perceber o discurso de Alerta Máximo precisamos atentar ao enredo paralelo envolvendo o gabinete de crise montado pela companhia aérea para lidar com o incidente. A situação é a seguinte: os acidentados estão num território completamente dominado por um exército de milicianos contra o qual nem mesmo as forças armadas das Filipinas é capaz de lidar. E o que a corporação multimilionária faz para lidar com um possível desastre de relações públicas? Contrata meia dúzia de mercenários e os incumbe de mergulhar nesse fosso de jacarés para resgatar as vítimas. Então, não se trata de uma elegia ao heroísmo, mas à incompetência filipina.
No fim das contas, o êxito de (literalmente) meia dúzia de mercenários numa missão antes desacreditada – se fosse abraçada por um exército inteiro –, afirma subliminarmente que: é preciso intervenção norte-americana, pois os filipinos não conseguem lidar com suas crises internas; as grandes corporações se sentem autorizadas a agir impune e ilegalmente, desde que considerem a missão nobre, ou seja, desde que os fins justifiquem os meios. Perceba como Jean-François Richet gasta tempo para mostrar a capacidade dos executivos que montam e supervisionam as estratégias de ação no país estrangeiro. Além disso, os membros da milícia que dominam a floresta são desprovidos de subjetividade, basicamente representando “o outro” desconhecido que não precisa ter sua morte sentida e/ou problematizada. Desse jeito, estamos diante de um filme que, em pleno 2023, utiliza o expediente de desumanização do estrangeiro, ou seja, estereotipar para melhor aniquilar. Já a dupla Gerard Butler e Mike Colter não é das mais promissoras. Gaspare somente substitui Dale como o parceiro do protagonista e isso também é esquemático. Dividindo a missão com Dale (a pilotagem do avião), Torrance é festejado como pai. Ombro a ombro com Gaspare (lutando contra a milícia), é celebrado como guerreiro. O saldo é um exemplar com ação genérica, tensão moderada, personagens vazios e discurso que afirma o sucesso quando as corporações agem à revelia do Estado “incompetente”.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Marcelo Müller | 4 |
Alysson Oliveira | 3 |
Bruno Carmelo | 4 |
Celso Sabadin | 3 |
MÉDIA | 3.5 |
Em pleno 2023... Conversa fiada de quem perdeu o bonde da autocritica e não sabe mais nada de si. Se algum destes críticos tiver um AVC, foi o cérebro que desistiu de viver por não futuro no hospedeiro.
O filme é bem fraco. Não sei se é somente eu que me apego a detalhes, mas a pouca credibilidade nos efeitos gráficos e até mesmo no rosto dos atores interpretando seus personagens é muito superficial, pois não conseguem transmitir a emoção de sobreviverem a uma queda de avião por exemplo, ou ficarem aterrorizados com a chegada de milicianos atirando pra todos os lados. Outro detalhe que foi deixado de lado é um avião que ao cair em TERRA em alta velocidade, tendo combustível nas asas e o incrível milagre acontece, o avião não explodindo ou nem mesmo tendo se danificado severamente. Um grande absurdo, mas necessário para dar prosseguimento ao final do filme. Podiam ao menos ter danificado muito mais o avião, o que não seria nenhum exagero. Outro detalhe, um milhão de tiros acontece no final, mas incrivelmente, mais uma vez o milagre acontece e nenhum dos tiros atinge as turbinas ou as asas cheias de gasolina. Beira ao ridículo de tanto faz de conta. Esperava mais com certeza. Notamos que um filme com atores renomados não é significado de filme bom.