Crítica
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Sinopse
John Conolly e James Bulger cresceram juntos em Boston. Adultos, eles se reencontram, respectivamente como um respeitado agente do FBI e como o líder a Máfia Irlandesa. Chegando a um entendimento, eles fazem um acordo sujo, dividir informações para acabar com um inimigo em comum: a Máfia Italiana.
Crítica
Quem declarava que a carreira de Johnny Depp não tinha mais salvação após o número impressionante de fracassos consecutivos que o ator amargou nos cinemas nos últimos tempos pode começar a rever seus conceitos. Em Aliança do Crime, o ator volta à velha forma e entrega uma de suas performances mais competentes. Interpretando o chefão da máfia James “Whitey” Bulger, Depp está assustadoramente transformado (e transtornado) neste longa-metragem irregular assinado por Scott Cooper (Tudo por Justiça, 2013), que tem no seu protagonista seu principal predicado.
A figura do chefe do crime de Boston não será completamente desconhecida para quem já assistiu a Os Infiltrados (2006). No filme vencedor do Oscar dirigido por Martin Scorsese, o temível Frank Costello (Jack Nicholson) tinha diversas características de Whitey Bulger, tendo sido ele a inspiração para o personagem. Agora, é chegada a hora de conhecer a história desta figura que escalou os degraus do crime organizado e serviu como uma espécie de informante para o FBI, em um acordo que lhe dava todos os prós e nenhum dos contras nesta relação. Quem lhe conseguiu esta boquinha no FBI foi seu amigo de infância e agente do Bureau John Connolly (Joel Edgerton).
Querendo também subir degraus dentro do FBI, o ambicioso “homem da lei” engendra um acordo com Bulger e passa a caçar bandidos com êxito – todos, claro, pedras no sapato de Whitey, que comanda com cada vez mais folga a região. Entra neste mix o irmão político do mafioso, Billy (Benedict Cumberbatch), que tenta ser o mais low profile possível em relação aos negócios da família. Ao analisarmos o belo elenco escalado para Aliança do Crime, estampado com gosto no pôster principal da produção, poderíamos pensar se tratar de um filme de grupo, no qual o ensemble (como chamam os americanos) é o principal predicado. Mas não é isso o que entrega Scott Cooper. O show é de Johnny Depp apenas.
Benedict Cumberbatch, o segundo nome mais badalado do cast, ganha pouco o que fazer, servindo como o irmão bem sucedido. Escondendo bem o sotaque, o pouco que vemos do ator é interessante, mas não memorável. Já Joel Edgerton, australiano talentoso e em franca ascensão, simplesmente não consegue se encontrar no personagem. Parece que ele está em outro filme o tempo todo. Talvez pela escolha de figurino e cabelo, sua performance lembre muito o que Jeremy Renner fez em Trapaça (2013), mas não chegando às notas altas que seu colega de profissão conseguiu naquele filme. Outros nomes interessantes do elenco como Kevin Bacon, Adam Scott, Peter Sarsgaard, Juno Temple, Jesse Plimons e Dakota Johnson são relegados a papéis pequenos demais, sem chance alguma de destaque. Como a trama é bastante episódica, eles acabam entrando e saindo do filme sem grande alarde.
Se o show é de Johnny Depp, ao menos o ator não deixa seus fãs na mão. Lembrando dos bons tempos quando defendia bons personagens e entrava de cabeça em papéis difíceis, ele se mostra uma escolha nada óbvia, mas certeira. Whitey Bulger é o tipo de bandido que não mede esforços para tirar as pedras de seu caminho. Violento, instável e terrivelmente astuto, o chefe da máfia de Boston não é homem de se brincar. No entanto, existe um lado familiar nele que é explorado por Depp, para que entendamos algumas de suas ações. Sua ligação com a mãe e a trágica perda de um filho são elementos que, obviamente, não justificam suas ações, mas que dão maior profundidade a uma figura que poderia ser completamente unidimensional. Sob maquiagem pesada e com pouco cabelo, Depp se despe de qualquer vaidade e é, sem sombra de dúvidas, uma aposta muito segura para o Oscar em 2016. Ainda que o próprio ator desconsidere a premiação, não deixa de ser uma volta por cima de um intérprete conhecido pelo arrojo em seu passado e que vinha entregando trabalhos muito aquém do seu talento.
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