Crítica
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Sinopse
Alice decide voltar ao País das Maravilhas, só que dessa vez sua jornada começa ao atravessar um espelho, onde todo reflexo é o oposto. Lá descobre que precisa viajar ao passado com a ajuda do Senhor do Tempo para ajudar o Chapeleiro Maluco e, enquanto isso, descobrir a razão da rivalidade entre a Rainha Branca e a Rainha de Copas. Tudo isso irá ajudá-la a encontrar seu verdadeiro lugar no mundo.
Crítica
O que existe do outro lado do reflexo? Essa é a pergunta que Alice se faz logo no começo de Alice Através do Espelho, sequência do inacreditável Alice no País das Maravilhas (2010). O sucesso arrebatador dessa primeira produção superou toda e qualquer expectativa, e não pode ser analisado sem levar em conta uma série de variáveis e condições que possibilitaram tal retorno. Por isso é no mínimo curioso perceber a falta de cuidado com essa continuação. Ainda que visualmente seja ainda mais encantadora que o seu antecessor, é um filme que, em última instância, parece carecer de alma, de uma verdadeira paixão que o justifique. Estão todos os elementos no lugar certo, falta apenas dar liga entre eles. A aventura pode até ser instigante e levar a lugares insuspeitos, mas assim como a trama propõe um olhar ao passado, é preciso se focar no início e perguntar: qual a razão disso?
Talvez tudo se explique em um único nome: Tim Burton. O diretor confessa ter feito um único filme em toda a sua carreira para atender a uma demanda do estúdio, e não pessoal: a reimaginação de O Planeta dos Macacos (2001), um dos seus maiores fracassos críticos. Ao juntar o nome de Burton com um conto de fada clássico da Disney – onde, aliás, ele começou sua carreira – a escolha pela história de Lewis Carroll era quase óbvia. Maluca, inesperada, repleta de passagens sombrias e sentimentos diversos, tinha tudo o que o cineasta sempre estimou. Tanto que seu Alice no País das Maravilhas resultou no maior fenômeno de sua filmografia, com mais de US$ 1 bilhão arrecadado nas bilheterias e 2 Oscars na bagagem. Só que desde a experiência frustrante de Batman: O Retorno (1992) ele tem se negado a se envolver em continuações (propósito que talvez só seja quebrado com Os Fantasmas se Divertem 2, ainda sem data de estreia). É por isso, portanto, que em Alice Através do Espelho esteja apenas na posição de produtor, deixando a direção aos cuidados do quase desconhecido James Bobin – cujo maior crédito até então eram as duas novas versões de Os Muppets (2011) e Muppets 2: Procurados e Amados (2014). E acreditem: essa diferença não passa desapercebida.
Alice (Mia Wasikowska, novamente eclipsada por seus colegas de elenco) leva a vida agora como mulher solteira e independente. É capitã de um navio e passa os dias viajando pelo mundo. Quando corre o risco de perder tudo para o antigo noivo, decide ouvir o chamado de Absolem (Alan Rickman, em seu último trabalho). Alguém está em perigo, e ao chegar no País das Maravilhas descobre que o motivo da tristeza é o Chapeleiro Maluco (Johnny Depp, um pouco mais contido e oferecendo novas nuances ao personagem). Ele suspeita que sua família, há muito dada como morta, pode estar viva, e precisa reencontrá-la. Para tanto, é preciso voltar ao passado e descobrir o que, de fato, teria acontecido no dia do sumiço deles. Só que a única que pode fazer isso é Alice, pois sua história é diferente da dos demais e não correria o risco de encontrar uma versão anterior de si mesma – um perigo incalculável.
Porém, como empreender tal jornada? Muitos consideram impossível, mas Mirana (Anne Hathaway, de presença tão pálida quanto suas vestes) pode ter a solução: é preciso lidar com o Tempo (Sacha Baron Cohen, em mais um tipo que se encaixa à perfeição em sua persona). Este é uma figura, um ser pensante que controla o hoje, o ontem e o amanhã. Mas não trata esse poder de forma leviana, por isso ela terá que agir sob suas costas. E quando seu feito é descoberto, uma jornada terá início. Até porque há mais alguém interessado no que pode ser revisto: Iracebeth (Helena Bonham Carter, mais uma vez roubando cada cena em que aparece).
Viagens no tempo não são um recurso inédito no cinema. De O Exterminador do Futuro (1984) a X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (2014), a possibilidade de voltar atrás para impedir que algo aconteça e, assim, corrigir uma situação do futuro sempre atraiu a imaginação de roteiristas e diretores. Em Alice Através do Espelho a situação não é diferente. No caminho de Alice, muitas dúvidas serão respondidas – por quê a Rainha de Copas tem uma cabeça tão grande? Qual o papel (e a culpa) da Rainha Branca nesse episódio? Como o Chapeleiro ficou... maluco? Por quê estão todos sempre atrasados e a um minuto da hora do chá? – e juntar estas peças é inegavelmente divertido. Sem falar do deslumbre técnico – o 3D impressiona, e a versão Imax é arrebatadora. Mas quando se percebe que a mensagem é “o passado não se muda, mas é possível aprender com ele”, a única dúvida que permanece é como os próprios produtores não podem ter entendido tal lição? Sem os lugares escuros visitados por Burton, Bobin oferece apenas um passeio colorido, por vezes divertido e encantador, mas que infelizmente parece nunca se justificar. E no seu término, está tudo como antes – foi bom enquanto durou, mas logo será esquecido.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 6 |
Diego Benevides | 6 |
Thomas Boeira | 4 |
Chico Fireman | 5 |
MÉDIA | 5.3 |
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