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Sinopse

Passados 200 anos do sacrifício de Ripley, e depois de diversas tentativas fracassadas, os cientistas conseguem clona-la, inclusive com o DNA da rainha alienígena que estava hospedada nela. Todavia, a nova geração extraterrestre é muito mais inteligente e perigosa.

Crítica

Após Ridley Scott dirigir Alien: O Oitavo Passageiro (1979), verdadeiro clássico sci-fi/suspense/terror, James Cameron empobrecer conceitos na sequência Aliens: O Resgate (1986), David Fincher “quebrar tudo”, inclusive negando claramente algumas ideias de seu antecessor, na terceira parte, Alien³ (1992), ao diretor francês Jean-Pierre Jeunet coube continuar a série já desgastada por esse itinerário instável. Alien: A Ressurreição pouco lembra os célebres trabalhos que fizeram Jeunet badalado, estando mais para encomenda duramente supervisionada, mesmo que guarde lá seus encantos.

O roteiro de Joss Whedon (diretor de Os Vingadores, 2012) centra-se na engenharia genética. A Ellen Ripley vista é um clone, revivida 200 anos depois da heroica tentativa de extinguir os alienígenas – óbvia facilidade para tornar possível o seguimento duma franquia tão lucrativa. A ciência, servente de beligerante propósito, não percebe limites e resgata, então, a última hospedeira, ela própria constituída de DNA humano/extraterrestre. Alien: A Ressurreição é contemporâneo da ovelha Dolly, feito na efervescência de toda polêmica inicial acerca da clonagem. Certamente não é acaso o filme abordar, à guisa da realidade, matéria tão específica. Estúdios não dormem no ponto.

Alien: A Ressurreição é hesitante entre pertinentes discussões e a “necessidade” de oferecer ação frenética. Exemplos de subaproveitamento, os mercenários tripulantes da nave Betty, surgem apenas como presas a serem abatidas sequencialmente, sem muito efeito dramático para além da pura coadjuvância. Mas daí, em meio à correria, surge algo verdadeiramente relevante. A dolorosa contemplação das tentativas que precederam o êxito na clonagem de Ripley é, sem dúvida, justa ao talento de um diretor como Jean-Pierre Jeunet, naquele instante, suponha-se, menos acossado por cobranças e cabrestos.

Há quem sentencie Alien: A Ressurreição como o pior dos filmes da quadrilogia, mas seria atestado de miopia taxá-lo “fracasso total”. Ainda que um tanto superficial, praticamente ignorando a mitologia erigida por Alien: O Oitavo Passageiro, o filme de Jeunet abre portas e passa ao largo da mediocridade. Numa realização visivelmente controlada por produtores tão gananciosos quanto os cientistas retratados, dos males os menores.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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