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Sinopse

A jovem Belle está disposta a desvendar os mistérios que envolvem a mítica casa para qual se mudou com sua família. Com o destino de sua mãe e seus irmãos em jogo, o Bem e o Mal colidem numa atmosfera de suspense. Neste embate, apenas a garota será capaz de defendê-los de uma força sobrenatural.

Crítica

Tentativa de dar sobrevida a uma franquia emblemática do cinema de terror, responsável por associar de imediato a vila localizada na cidade de Babylon, no condado de Suffolk, Nova Iorque, com casa mal-assombrada, Amityville: O Despertar mostra exatamente como não se deve tratar uma boa premissa. Seguindo o exemplo de seus antecessores, no nível mais epidérmico, ele apresenta uma família de mudança à famosa residência onde anos antes houve uma chacina sem precedentes, supostamente motivada por forças malignas. Joan (Jennifer Jason Leigh) passa a morar no macabro endereço com suas filhas Belle (Bella Thorne) e Juliet (Mckenna Grace), e o filho James (Cameron Monaghan), jovem preso à cama e aos aparelhos, em estado de coma. O diretor Franck Khalfoun, o mesmo do igualmente fraco P2: Sem Saída (2007), não consegue explorar o cenário por meio da mítica que paira sobre ele.

Belle logo toma o posto de protagonista de Amityville: O Despertar, provando certa resistência nos primeiros dias na nova escola, mas nada que sirva para criar tensões determinantes. Aliás, Terrence (Thomas Mann), o primeiro colega que puxa papo com ela, revela a tétrica história decorrida antes em seu novo lar, da maneira mais direta e didática possível. São várias as ocasiões similares a essa, nos quais a trama, bem como tudo que porventura poderia estofa-la dramaticamente, é preterida em função de uma pressa inexplicável. A estrutura do roteiro privilegia a subsequência de episódios em que pretensamente o realizador busca denotar a presença de coisas extraordinárias naquelas paredes revestidas com papeis de parede que intentam ocultar o passado e as marcas de sangue. Todavia, o resultado é bastante próximo do risível, por conta do desajeito predominante, da ausência de firmeza na urdidura de tudo.

Depois de algumas cenas que servem propriamente para o espectador testemunhar o desfile de Belle em trajes sumários pelos cômodos supostamente ameaçadores da casa, o foco se desloca à milagrosa melhora do irmão, claro, algo que antevemos ter a ver com a influência do âmbito terrível. Franck Khalfoun insiste, contudo, em arremessar passagens inócuas na tela, como se o acúmulo delas fosse, por si, garantir o clima de tensão, este que não se instaura. Amityville: O Despertar possui momentos praticamente constrangedores, como a sessão especial do filme original exatamente às 3h15 da manhã, horário em que os poderes ocultos da casa despertariam. Esse ensejo metalinguístico só vale a pena em virtude do comentário jocoso dos próprios personagens, que fazem cara feia, rechaçando, quando Terrence mostra a capa do remake de 2005. A reação se aplica involuntariamente a esta frustrada empreitada similar.

O trajeto de Amityville: O Despertar guarda lá suas surpresas, mas nem elas conseguem dirimir o gosto rançoso do fracasso. No mais das vezes apostando em sustos, o longa-metragem de Franck Khalfoun caminha trôpego, entre fragmentos absolutamente desprovidos de qualquer peso ou representatividade, em direção a um fim tão engessado e ineficaz quanto o resto. No instante em que o realizador lança mão de um plot twist de bom potencial, infelizmente já é tarde, pois a nossa adesão está completamente comprometida. Há uma carência flagrante de desenvolvimento e pujança em praticamente todos os níveis, o que compromete sobremaneira a experiência de assistir aos infortúnios, especialmente os da garota desafiada pela entidade que toma seu irmão gêmeo. Nem mesmo a presença de Jennifer Jason Leigh ajuda, já que ela pouco pode fazer em meio a tantos equívocos e desperdícios patentes.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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