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Crítica


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Sinopse

Lena e Daniel formam um jovem casal. Os dois vivem em um país conturbado na América Latina, onde certo dia Daniel acaba sendo levado como prisioneiro pelas forças armadas. Desesperada, Lena começa a investigar seu desaparecimento, e encontra uma pista que a leva até Colonia Dignidad, um lugar onde funciona um culto religioso radical, que pode ter seu amado como refém.

Crítica

Os primeiros dias da ditadura chilena afligida pelo General Augusto Pinochet servem de plano de fundo para uma história de superação e romance em Amor e Revolução. Ambientado durante um dos muitos períodos negros da história da América do Sul e apoiado no carisma e popularidade de Emma Watson, o drama de Florian Gallenberger atravessa o período histórico enquanto esbarra em uma série de clichês agridoces e convencionalismos do gênero numa abordagem pouco séria ou verossímil, ainda que baseada em fatos reais.

A comissária de bordo Lena acaba de aterrissar de um longo voo e logo reencontra o amor da sua vida, Daniel, em meio a uma manifestação política. As reinvindicações são feitas em inglês, mas o cenário é uma praça chilena ocupada por apoiadores do Presidente Salvador Allende. O ano é 1973 e o golpe militar subitamente transforma o país e o relacionamento de Lena e Daniel, especialmente quando ele é levado para a Colonia Dignidad – espécie de retiro religioso que serve como fachada para um campo de concentração e tortura para presos políticos.

Amor e Revolução peca principalmente na concepção incoerente de seu enredo, que desvia da importância e reconstituição de um período sombrio da história chilena para apresentar uma trama formulaica e previsível. O roteiro de Gallenberger e Torsten Wenzel se dedica principalmente ao retrato dos jovens intrépidos que batalham contra grandes adversários e situações de risco, mas acaba apenas como a paródia destes temas. Lena, que no início do filme esbarra acidentalmente no amor de sua vida, logo se lança como voluntária na tal colônia para resgatá-lo – mesmo sendo alertada do que realmente ocorre lá dentro. Emma Watson, que ainda não encontrou o papel devido ao seu alcance dramático, se lança como a heroína rebelde de olhos afiados, queixo levantado e voz inabalável, mesmo quando confrontada por uma freira malévola, um líder misógino e pedófilo e outros vilões à altura.

Entre os fatos e personagens que o filme reconstrói está o líder do culto da Colonia Dignidad, Paul Schäfer, que morreu em 2010 depois de um longo período em fuga seguido por alguns anos de prisão, depois de finalmente ser julgado por seus muitos crimes. Michael Nyqvist, mais reconhecido internacionalmente pela versão sueca de Os Homens Que Não Amavam as Mulheres (2009), é a escolha perfeita para o tipo sádico e frio que interpreta e a melhor surpresa em uma produção repleta de incorreções, sejam elas de origem estética, histórica ou narrativa. Daniel Bruhl, que deve apreciar o papel de jovem radical, já foi melhor na função em Edukators (2003), por sinal uma variação muito mais coesa e interessante sobre o tema. Emma Watson, a verdadeira protagonista do drama romântico, se esforça para descobrir um personagem que mereça seu talento e maturidade crescente; suas boas intenções em Amor e Revolução são tão evidentes quanto deslocadas – algo que acaba por ser, também, a maior definição de todo o filme.

Uma vez dentro da Colonia, Lena encontra Daniel em um estado psicológico e físico que é a maior piada – infelizmente nada engraçada – da produção. Logo eles elaboram um plano para escapar do campo impenetrável, mas os desafios são dignos de aventuras da Sessão da Tarde e acabam rapidamente, sem muita confusão. O conflito de início parece promissor, uma vez que é a aparentemente indefesa moça quem vai ao resgate do destemido militante, mas logo é Daniel quem acaba livrando o casal das enrascadas que Lena propicia. Por fim, Amor e Revolução não se aprofunda nos verdadeiros horrores da Colonia Dignidad. É uma reconstrução histórica limitada aos alcances de um filme televisivo e pouco inspirado, nunca bem resolvido em suas aspirações.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Graduado em Publicidade e Propaganda, coordena a Unidade de Cinema e Vídeo de Caxias do Sul, programa a Sala de Cinema Ulysses Geremia e integra a Comissão de Cinema e Vídeo do Financiarte.
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