Crítica
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Sinopse
Pensando em salvar seu escritório de advocacia, Susan decide aceitar o caso de um jovem que processa um site de namoro. À medida que o caso anda, a relação entre eles ganha novas cores.
Crítica
Rachael Leigh Cook estreou em Hollywood há mais de duas décadas com a promessa de ser ‘the next best thing’, ou seja, na falta de estrelas maiores, poderia preencher tais papeis com desenvoltura e carisma. Foi assim em filmes como Ela é Demais (1999) ou Josie e as Gatinhas (2001), nos quais até arriscou um protagonismo. Porém, muitos destes títulos frustraram as expectativas, e antes que se desse conta, parecia condenada a ser apenas mais uma habitué de produções vespertinas feitas para canais de televisão – de Christmas Tail (2014) em diante foram quase uma dezena de exemplares do gênero que contaram com sua presença. Por esse motivo, causa espanto vê-la não apenas como principal nome do elenco, mas também como produtora de Amor Garantido – ok, não chega a ser cinema de tela grande, mas só o fato de estar na Netflix já soa como um avanço. Essa impressão, no entanto, não dura muito: basta começar a assistir ao longa para se dar conta de que se trata de mais um genérico como todos os demais pelos quais ela passou nos últimos anos, com a única diferença de que agora se espalhou também pelo streaming.
Outro que chama atenção é o diretor Mark Steven Johnson, que após realizar algumas das piores aventuras estreladas por personagens da Marvel – Demolidor: O Homem sem Medo (2003) e Motoqueiro Fantasma (2007) – nunca mais chegou a se envolver com algo minimamente digno de atenção (quadro esse que não se altera dessa vez). Amor Garantido é como uma daquelas comédias de uma piada só, porém ao invés de buscar o riso, mira num romance tão óbvio quanto improvável. Leigh Cook é uma advogada idealista contratada por um médico benevolente para processar uma empresa milionária. Até aí, nenhuma novidade, afinal, dezenas de histórias com argumentos similares já foram contadas. O que muda é que ele é um homem romanticamente frustrado que, após se cadastrar num site de relacionamentos amorosos, decide buscar na justiça seus direitos por seguir solteiro e acreditar ter sido iludido pelo serviço por uma promessa que não se cumpriu.
No papel de Nick, o galanteador decepcionado, está Damon Wayans Jr., filho de Damon Wayans (Máquina Mortífera, 2016-2019) e sobrinho de outros comediantes populares nos Estados Unidos, como Marlon Wayans, Keene Ivory Wayans (Todo Mundo em Pânico, 2000) e Shawn Wayans (As Branquelas, 2004), entre outros – são nove tios ao total! Ele, no entanto, obviamente não possui o gene cômico da família. Ao menos parece ter se dado conta disso – tem investido mais em aventuras policiais, como Tiras, Só Que Não (2014), ou trabalhos de dublagem, como Operação Big Hero (2014) – e dessa vez pouco é exigido dele além de uma presença sólida e um ar de conquistador. O problema é que o rapaz exagera nesse segundo ponto, resvalando na canastrice com sobrancelhas levantadas e risinhos de canto em excesso.
Nem Susan (Leigh Cook) consegue acreditar na causa que deveria defender, mas assim o faz por estar com o escritório atolado em dívidas – o que vai contra os propalados ideais da profissional. Nick, por sua vez, afirma que quer impedir que outros solitários sejam enganados como ele acredita ter sido pelas promessas de encontrar o amor no próximo clique, mas no desenrolar dos eventos anuncia que uma boa quantia em dinheiro talvez o deixe satisfeito – valor, é claro, que pretende doar a uma instituição beneficente. Pra completar essa série de tipos frágeis em suas convicções, há ainda a dona do site, vivida por uma sumida Heather Graham, que no começo se mostra como uma cabeça de vento interesseira, apenas para no final revelar ser uma mulher de negócios dona de uma visão que justifica o sucesso alcançado. Mas claro, essa é uma faceta que surge apenas quando a ameaça se dissipa.
Enfim, bastam não mais do que dez minutos de trama para todos os passos a serem acompanhados a seguir possam ser antecipados a quilômetros. Amor Garantido, no entanto, não é o tipo de filme indicado a quem busca histórias mirabolantes ou grandes atuações. Por outro lado, também não deveria ser preguiçoso a ponto de fazer somente aquilo que dele se espera, sem acrescentar absolutamente nada de novo ou original – até seus elementos parecem genéricos, como o galã de sobrenome famoso, ou coadjuvantes inspirados em outros de maior sucesso (o auxiliar Roberto, interpretado por Sean Amsing, é a versão latina do Titus de Tituss Burgess de Unbreakable Kimmy Schmidt, 2015-2019). E quando o desfecho há muito anunciado finalmente se confirma, restam apenas bocejos e um rápido esquecimento, assim como os méritos passados de qualquer um dos envolvidos.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 3 |
Lucas Salgado | 4 |
Francisco Carbone | 5 |
MÉDIA | 4 |
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