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Crítica


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Sinopse

Três histórias entrelaçadas na Cidade do México. Octavio, dono de um cachorro utilizado em lutas clandestinas, deseja fugir com a cunhada; Daniel deixa a esposa para viver com uma modelo; o mendigo Chivo quer voltar à família.

Crítica

Primeira incursão do mexicano Alejandro González Iñarritu em longas-metragens, Amores Brutos é o filme que daria início a uma série que seguiria o mesmo estilo de contar histórias interligadas por destinos de pessoas desconhecidas, focado em alguns núcleos, carregando cada faceta com sentimentos, emoções extremas e tragédias de portes diferentes. A partir desse trabalho, começaria uma parceria com o roteirista Guillermo Arriaga que se estenderia pela filmografia de ambos em uma aclamada trilogia, ao lado de 21 Gramas (2003) e Babel (2006), garantindo à dupla muitos elogios por parte da crítica de cinema especializada.

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O catalisador dos encontros é um acidente de trânsito, seguido pela investigação da intimidade de pessoas que se envolveram no incidente. O foco maior, em um primeiro momento, é na história de Octávio (Gael Garcia Bernal), um adolescente encrenqueiro que se enfia em uma relação proibida e semi incestuosa, tencionando fugir do ambiente em que está com a mulher de seu irmão. O tempo todo a câmera o julga, registrando cenas trêmulas, balançando conforme a moralidade dúbia do personagem, tanto na sua fonte de trabalho ilegal, como organizador de rinha de cães, quanto no caso sexual em que se envolve.

A realidade que Iñarritu apresenta em Amores Brutos é agressiva, suja, longe da idealização vista em filmes juvenis dos Estados Unidos. Até seus nus são crus e realistas, com pessoas cuja beleza são absolutamente comuns. As outras sequências mostram uma Cidade do Médico tresloucada, com uma intensa desconstrução do ideal de perfeição, com top models perdendo fama e beleza, além de demonstrar que a entropia e o azar estão sob todos que vivem abaixo do sol.

O ponto de vista ruim da tradução do nome do filme no Brasil é a perda do duplo sentido. Amores Perros incorre não só sobre a brutalidade com que os dramas são mostrados, mas também do desespero inerente à convivência do homem com seus amigos caninos, sobrando somente a estes a capacidade de fidelidade factual, tornando, assim, as mortes desses um evento ainda mais trágico. A quantidade de corpos de cachorros desfalecidos faz incomodar o espectador, relembrando uma dura face da vida, em especial com El Chivo, personagem de Emilio Echevarria, que concentra em si um tipo rico em sentimentos e carente em todo o resto.

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Amores Brutos é absurdamente agressivo com seu público, esmigalhando qualquer possibilidade de redenção moral, otimismo bobo ou crença de que a justiça possa ganhar espaço em um mundo adulto. Segue, portanto, debochando da condição humana romantizada e explorando a desgraça como fator primordial do drama diário. Assim, consegue ainda poetizar e encher de paixão e violência seus 154 minutos de duração.

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é Jornalista, Escritor e Editor do site Vortex Cultural (www.vortexcultural.com.br). Quer salvar o mundo, desde que não demore muito e é apaixonado por Cinema, Literatura, Mulheres, Rock and Roll e Psicanalise, não necessariamente nessa ordem.
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