Crítica
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Sinopse
Crítica
Baseado no livro homônimo de Taylor Jenkins Reid, Amor(es) Verdadeiro(s) recicla uma premissa semelhante às das sagas Crepúsculo e 365 Dias: o dilema de uma mulher diante de dois homens bonitos, com qualidades e personalidades bem diferentes, mas igualmente apaixonados por ela. Emma (Phillipa Soo) nasceu numa pequena cidade norte-americana, mas é atraída por uma vida empolgante ao lado do atlético Jesse (Luke Bracey). Os dois viajam mundo afora, fazem da rotina uma sucessão de check-ins e check-outs, quase nunca fincando raízes em lugar nenhum. Aliás, o cineasta Andy Fickman mostra essas visitas a outros países sempre do mesmo jeito. Recorrendo ao famigerado clipe musical, o realizador alterna imagens bem genéricas de pontos turísticos e flagrantes do casal em cenários internos, assim sugerindo os pombinhos em trânsito. No entanto, o destino prega uma peça em ambos e interrompe a felicidade que parecia sem fim – expediente caro à tradição do melodrama. Jesse desaparece enquanto se desloca ao Alasca, sendo dado como morto. Emma se refaz depois de afundar em tristeza, permitindo-se envolver emocionalmente de novo, dessa vez com Sam (Simu Liu), seu melhor amigo do tempo da escola. E, adivinhem o que acontece justamente quando Emma e Sam estão prestes a se casar? Ponto para quem pensou “Jesse reaparece, causando um tumulto enorme”. Pois é, bastante previsível.
Amor(es) Verdadeiro(s) é um filme esquemático, basicamente, porque se socorre em vários esquemas pré-determinados para desenvolver banalmente uma trama banal. O enunciado do homem retornando depois de considerado morto para bagunçar um novo relacionamento é frequentemente utilizado tendo a guerra como pano de fundo – como em Entre Irmãos (2009). Porém, no longa-metragem comandado por Andy Fickman não é importante o tempo de Jesse isolado numa ilha deserta, sequer o modo como consegui manter contato para ser resgatado. Sua ausência serve apenas para impor a Emma uma difícil escolha. Ela precisa optar entre o saradão que volta desse exílio forçado (como se nenhum nutriente ou necessidade básica tivesse sido privado nesse meio tempo) e o igualmente bonito professor de música, sujeito sensível que representa a ela um estilo de futuro completamente diferente. Fica difícil “comprar” a ideia que o filme nos vende do sujeito sofrido que regressa aparentemente sem traumas depois de um acidente que quase tirou a sua vida. Além da caracterização não imprimir qualquer degradação física, há uma mísera cena de Jesse demonstrando algum abalo psicológico – olhando para o gotejar da torneira, comentando como são fascinantes as facilidades simples da vida. Pensando nos personagens masculinos, Sam é contemplado com momentos mais interessantes, vide o desabafo tragicômico aos alunos. Por falar nisso, Simu Liu é o destaque positivo desse elenco.
Intérprete de Shang-Chi no Universo Marvel, Liu esbanja carisma como o rapaz boa-praça que entra em crise ao se deparar com o retorno de rival pelo amor de Emma. Michaela Conlin, intérprete da irmã de Emma, também ganha um par de cenas para se destacar como a “voz da consciência”. No entanto, as qualidades de Amor(es) Verdadeiro(s) param por aí. O dilema da protagonista feminina lembra a escolha difícil que Bella Swan tem pela frente na Saga Crepúsculo: ficar com o pretendente fofo, mas que pode representar uma rotina pacata, ou optar pelo rapaz excitante que tende a lhe oferecer um cotidiano repleto de empolgação? O esquema é exatamente o mesmo, bem como a resolução. Há algo de moralista na ideia de que os aventureiros não são páreo aos homens de família, mas pelo menos aqui há uma tentativa de construir a ideia (não menos idealizada) de que existem pessoas “certas” para instantes “certos”. O andamento da trama propõe ao espectador partilhar a dúvida com Emma, pois Jesse e Sam são alternativas viáveis. É como se o filme fizesse um desfile dos pretendentes, abrindo espaço para que ora um, ora outro defendam posições na batalha pelo coração da mocinha. E, ao privilegiar o discurso amoroso raso e sem sinais de autenticidade e/ou verossimilhança, o cineasta se esquece de elaborar outras coisas, como o trauma de Jesse, as fraquezas emocionais de Sam e o papel da família nesse redemoinho. Tudo converge a algo que conseguimos antecipar.
Amor(es) Verdadeiro(s) é conduzido com mão frouxa por Andy Fickman. O cineasta opta por reforços desnecessários ao longo a trama. Repetidas vezes, personagens comentam coisas do passado às quais já tivemos acesso, talvez para garantir que o espectador não perca nada de vista. Outra coisa irritante é o personagem A explicando para B o que B está sentindo. Parece loucura, mas é isso mesmo. Essas simplificações são gritantes na cena em que a irmã dá um sermão em Emma – e o “esporro” é um resumo de sentimentos e fatos do passado, como se ela estivesse recapitulando coisas para alguém da plateia que saiu da sessão para ir ao banheiro. Além disso, o longa-metragem é inimigo ferrenho do silêncio. A trilha sonora a cargo de Nathan Wang é excessivamente intrusiva, piegas e dada a reforços desnecessários de tons a fim de gerar uma atmosfera romântica – já as letras repetem o que vimos ou notamos dos personagens. Há pouquíssimos momentos sem acordes lacrimosos e crescendo chorosos que servem para prescrever ao espectador o que ele deve sentir diante de determinadas ações. Por fim, ainda dentro da percepção de um esquematismo generalizado, Jesse representa a possibilidade de um futuro nômade, enquanto Sam é a alternativa de uma vida sedentarizada. Mais do que escolher entre seres humanos, com subjetividades e emoções próprias, Emma opta pela rotina desejada.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Marcelo Müller | 3 |
Francisco Carbone | 1 |
Alysson Oliveira | 1 |
MÉDIA | 1.7 |
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