Crítica
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Crítica
Inspirado pelas tramas de super-heróis e histórias em quadrinhos que começaram a se tornar popular no ínício da última década, porém lançado antes da febre vampiresca deflagrada com o sucesso da série Crepúsculo, Anjos da Noite parte de um argumento interessante, porém realizado sem a ousadia ou criatividade necessária que o justificasse. No entanto, se saiu junto ao público melhor do que o esperado, ainda que tenha sido destruído pela crítica especializada. Seu problema maior está em sua gênese: numa história que relata a “eterna” luta entre vampiros e lobisomens, por qual dos lados você irá torcer? Assim, do mesmo modo que aconteceu em títulos semelhantes, como Freddy vs. Jason (2003) e Alien vs. Predador (2004)), quando a disputa se dá entre dois tipos que nos acostumamos a desprezar, fica difícil criar qualquer tipo de identificação com o que esse está vendo. E, sem empatia, a relevância do que se desenvolve na tela se dissipa no ar.
O filme do então estreante Len Wiseman pode ser descrito como uma combinação entre Romeu e Julieta (afinal, temos dois membros de espécies distintas que se apaixonam, contrariando a vontade de todos em suas voltas) e Matrix (o visual e a estética adotada deve muito ao filme das irmãs Lana e Lilly Wachowski), ambientado num mundo repleto de monstros clássicos das histórias de terror. Anjos da Noite tem seu início no meio de um tiroteio – numa cena muito bem realizada, que começa com um uivo retirado de Um Lobisomem Americano em Londres (1984), uma das tantas inspirações do projeto – para só depois entendermos o que está acontecendo: uma turma de vampiros liderados por Selene (Kate Beckinsale) tenta eliminar um bando de lobisomens, ao mesmo que procuram defender um humano (Scott Speedman) do ataque destes. Os bebedores de sangue e os homens-lobo são inimigos há anos, só que a origem dessa rivalidade é uma incógnita para a maioria. E este homem, que vem a ser um descendente de um ancestral ligado às duas raças, pode ser a chave para o fim da guerra.
Na busca por uma originalidade que não se sustenta, o realizador praticamente ignora qualquer um dos preceitos básicos do gênero. Assim, temos vampiros que não se transformam em morcegos e conseguem refletir suas imagens nos espelhos, ao mesmo tempo em que os lobisomens não são homens que se transformam em lobos, mas sim em seres bestiais disformes e grotescos. O exagero é o tom adotado pelo filme do início ao fim, e o que parece importar mais é o estilo, e não o conteúdo. Beckinsale e Speedman são belos e atraentes o suficiente para garantirem a atenção das plateias afoitas por um entretenimento ligeiro, porém a forma casual com que coadjuvantes de respeito como Bill Nighy e Michael Sheen são relegados a um segundo plano deixa evidente a falta de consideração com suas participações – felizmente, os dois tiveram seus papeis aumentados nos filmes seguintes.
Anjos da Noite diverte, prende a atenção e chega a tirar o fôlego da audiência em alguns momentos, mas não o suficiente para o impacto que causou: com um orçamento de apenas US$ 22 milhões, faturou quase quatro vezes esse valor nas bilheterias mundiais! Tanto que ganhou três continuações, e novos desdobramentos não estão descartados. Len Wiseman firmou-se como um realizador genérico, porém competente, e Kate Beckinsale mostrou ter potencial para ser heroína de ação – longas como Van Helsing (2004), Terror na Antártida (2009) e o remake de O Vingador do Futuro (2012) comprovam essa faceta. Mas a maior conquista dos dois parece mesmo ter acontecido fora das câmeras: tanto que os dois estão casados até hoje. E se para eles essa parceria funcionou melhor longe das telas, fica evidente a dica para que os espectadores sigam o mesmo conselho.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 4 |
Roberto Cunha | 6 |
Matheus Bonez | 7 |
Francisco Carbone | 5 |
Filipe Pereira | 5 |
MÉDIA | 5.4 |
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