Crítica
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Sinopse
Selene é uma guerreira vampira que luta para acabar com a batalha eterna entre o clã de lobisomens sanguinários e a facção de vampiros que a traiu. Quando um novo levante parece tomar forma, ela irá utilizar sua influência e relacionamento com ambas as partes para negociar um cessar fogo.
Crítica
De onde menos se espera... bom, é daí mesmo que nada aparece. Como é o caso da série Anjos da Noite, que até começou bem, com o original Anjos da Noite (2003), sendo um dos primeiros a aproveitar esse visual futurista – uma coisa meio Matrix (1999) – para desenvolver uma trama a partir de um conceito clássico, uma guerra milenar entre os dois monstros mais clássicos do cinema fantástico: vampiros versus lobisomens. E após um sucesso não mais do que mediano (menos de US$ 100 milhões nas bilheterias mundiais, porém mais de quatro vezes o valor do seu orçamento), uma continuação foi providenciada, A Evolução (2006), para que o primeiro tropeço épico viesse no terceiro capítulo, A Rebelião (2009) – que nem contou com a participação da protagonista, Kate Beckinsale. E se ela voltou no quarto segmento, O Despertar (2012), sua presença segue sendo mera distração neste Guerras de Sangue, filme que não apresenta nada de novo à saga, além de não ambicionar nada além do que ser apenas um ponto de passagem para algo que, promete-se, seja, enfim, grandioso e definitivo.
É preciso levar muito a sério o fetiche de conferir Beckinsale (mais uma vez fazendo o que sabe melhor, em pleno domínio da personagem) toda vestida de couro reluzente – exatamente como tem sido o figurino dela desde o primeiro da série – para encarar com seriedade o que seu personagem, a vampira Selene, tem que encarar dessa vez. Traída por uma de sua espécie, que primeiro a convoca a treinar um exército de vampiros que possam se defender de um ataque do lobisomens, e depois tenta assassiná-la após acusá-la se ser uma espiã infiltrada, ela terá como único auxílio o guerreiro David (Theo James, que continua inexpressivo, ainda que tenha sido esperto o suficiente para se garantir em uma outra saga adolescente milionária, já que a até então badalada Divergente parece ter ido mesmo à bancarrota), que ficará ao seu lado nessa luta sem claros vencedores.
O cenário é bastante simples: os lobisomens, agora sob o comando de Marius (Tobias Menzies, da série Game of Thrones, 2011-), estão decididos a acabar com seus eternos inimigos. Estes, por sua vez, querem tanto acabar com essa ameaça quanto permanecerem em paz, distantes de maiores conflitos. No meio desse embate está a filha de Selene com Michael (Scott Speedman, que faleceu em A Evolução), ele próprio um lobisomem. Desse conto de Romeu & Julieta nasceu uma garota híbrida, que possui características das duas raças. Ela, portanto, teria um sangue especial, que daria poderes ilimitados àqueles que tivessem acesso a ele. É por isso que teve que fugir, escondendo-se em um lugar tão remoto que nem sua própria mãe sabe do seu paradeiro. O que não impede, é claro, que tanto vampiros conspiratórios como lobisomens gananciosos ambicionem encontrá-la.
O melhor de Anjos da Noite: Guerras de Sangue é que se trata de um filme curto e rápido, que se resolve em cerca de 90 minutos, apenas aumentando a ansiedade dos fãs para o que poderá vir a acontecer em uma futura sequência. Selene volta a assumir ares messiânicos, morrendo e ressuscitando tal qual Gandalf na saga O Senhor dos Anéis (pois então, ela também renasce... branca!), sem assumir nenhuma posição concreta sobre o desenrolar dos acontecimentos entre os personagens. Efeitos especiais canhestros e uma ambientação quase que eternamente escura servem apenas para evidenciar o caráter descartável da produção. É curioso perceber que o filme termina exatamente como começa – com os lobisomens mais raivosos, após se retirarem literalmente com o rabo no meio das pernas, e com os vampiros mais dispostos a uma vingança sangrenta, já que perceberam que nem entre eles há total confiança.
Uma curiosidade é que este é o primeiro filme da saga a ser dirigido por uma mulher, a novata Anna Foerster – Len Wiseman, marido de Beckinsale, continua no controle do projeto, assinando como produtor. Realizadora oriunda da televisão, Foerster apresenta como única novidade o maior destaque dado à vampira Semira (Lara Pulver, de No Limite do Amanhã, 2014), colocando duas personagens femininas no centro da questão, e esvaziando a participação do antagonista masculino (o lobisomem Marius). Mesmo assim, Semira é mais um daqueles cães que ladram, mas não mordem – o modo como é despachada da trama chega a ser risível de tão abrupto e sem cerimônias, principalmente após tanto alarde causado por ela até aquele momento. Com a impressão de ter sido feito apenas para seguir agradando ao seu pequeno, porém determinado, grupo de admiradores, Anjos da Noite: Guerras de Sangue é não mais do que um entretenimento passageiro, dedicado quase que exclusivamente aos já iniciados, e sem poder algum de se destacar neste universo, quem dirá diante outras aventuras do gênero.
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