Crítica
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Sinopse
Chamado ao Vaticano para investigar o desaparecimento de cardeais, o professor de simbologia Robert Langdon precisará enfrentar a resistência da própria Igreja, que não vai lhe fornecer detalhes à sua busca.
Crítica
Se O Código Da Vinci (2006), a primeira adaptação de uma aventura do professor Robert Langdon, levada às telas em 2006, encheu o bolso de muita gente e frustrou as expectativas de um outro tanto, a continuação Anjos e Demônios deverá provocar efeitos contrários: ao mesmo tempo em que irá agradar vários, provavelmente não irá faturar tanto quanto o longa anterior. E isso por uma razão muito simples: não serão muitos os que estarão dispostos a se arriscar mais uma vez. Claro que não podemos contar aqueles em busca apenas de uma diversão passageira, pois estes terão todos os seus desejos atendidos de imediato. Mas me refiro aos fãs dos livros do escritor Dan Brown e os cinéfilos de carteirinha, que recebem este novo trabalho com um misto de boa vontade e apreensão. Porém o veredito não deverá tardar: esta sequência não só é superior ao primeiro filme como é também uma obra independente, dona de méritos próprios e que se sustenta nas próprias pernas.
Apesar de nas páginas literárias a trama de Anjos e Demônios se passar antes do que é narrado em O Código Da Vinci, ao serem levados aos cinemas os enredos se inverteram, e os perigos vividos desta vez pelo simbologista Robert Langdon (Tom Hanks, felizmente com um corte de cabelo mais comportado, mas novamente sem muitas chances de demonstrar o grande ator que é) se passam após àqueles já apresentados ao grande público. E mais uma vez o cerne da polêmica por ele levantada será a Igreja Católica. Mas se antes ele precisou correr contra o tempo para provar sua inocência e neste processo acabou colocando em prova um dos maiores dogmas do cristianismo, desta vez tem em sua defesa o fato de ter sido convocado pelos mesmos que antes o acusavam! Após a morte do Papa, os quatro cardeais com maiores chances de sucedê-lo são sequestrados, enquanto que um artefato científico – um bomba de anti-matéria – desaparece. Contando com a ajuda de policiais e de uma bela cientista (a desconhecida Ayelet Zurer, vista também em Munique, 2005), Langdon terá pouco mais de que algumas horas para não só desvendar antigos mistérios religiosos, como também tentar salvar as vidas dos padres desaparecidos e, por fim, impedir que meia Roma exploda pelos ares, num desastre de gigantescas proporções que poderá acabar com o maior e mais importante símbolo do catolicismo: o Vaticano!
Se o maior defeito da versão cinematográfica de O Código Da Vinci era ter sido reduzido a uma vertiginosa perseguição ao estilo gato-e-rato, Anjos e Demônios consegue manter a mesma correria e altas doses de adrenalina sem cansar o espectador. Claro que há muito a ser explicado e digerido, e a rapidez com que os fatos se sucedem dificultam um pouco o processo de absorção das informações, mas em linhas gerais a trama é muito mais direcionada e simplificada, facilitando a compreensão e ampliando o espectro de entendimento dentre a audiência. Outro fator importante é a construção do mistério, muito mais elaborada e menos previsível, mantendo o suspense sobre a verdadeira identidade do vilão e suas reais intenções até o último instante possível. Neste meio tempo, somos levados por uma tour guiada a alguns dos mais belos e impressionantes pontos turísticos da Cidade Eterna, igrejas e praças que contam a história da humanidade e que já serviram de cenário para fatos e episódios que até hoje repercutem. E se agora servem como propósito para um passatempo rápido e pouco significativo, ao menos estão sendo expostos de forma competente e divertida.
Dirigido com mão firme por Ron Howard (indicado ao Oscar neste ano pelo ótimo Frost/Nixon, 2008, e comandante também do irregular O Código Da Vinci), Anjos e Demônios consegue o feito de apagar a má impressão deixada pelo primeiro filme da série. Entretanto, mesmo com a proibição da Igreja Católica para que as filmagens acontecessem no Vaticano, a polêmica gerada pela produção foi muito discreta se comparada àquela de três anos atrás. E sem algo que desperte a atenção do espectador casual, o retorno das bilheterias, ainda que barulhento, não deve ser tão impressionante. Mas o foco aqui não é produzir arte imortal ou transformar vidas, e sim proporcionar duas horas de muita ação e entretenimento adulto, que por mais mirabolante que seja possui um enredo calcado não em seres fantásticos, super heróis ou extraterrestres, e sim em fatos do mundo real. E às vezes isso já está de bom tamanho.
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