Crítica
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Sinopse
Crítica
Tempos atrás, quando um filme fazia sucesso, ele ganhava uma sequência. De uns anos para cá, no entanto, ousou-se com as prequels, ou seja, continuações que, na verdade, não continuavam nada, pois tinham suas ações passadas antes da história já conhecida. Annabelle 2: A Criação do Mal inaugura, agora, uma nova tendência: a pre-prequel. Afinal, a boneca Annabelle, vista pela primeira vez em Invocação do Mal (2013), já tinha tido sua origem explorada em Annabelle (2014). Pois o que temos agora é a origem da origem – se é que isso faz algum sentido. E assim como o próprio enredo parece sem pé nem cabeça, usado como mero pretexto para se arrecadar mais alguns milhares de dólares nas bilheterias, também é o longa, não mais do que uma desculpa descartável para um terror genérico, ainda que embalado pelos ares de uma mitologia que começou com o pé direito, mas que desde então tem dado um tropeço atrás do outro.
O grande charme da franquia Invocação do Mal era justamente os arquivos do casal Lorraine e Ed Warren, investigadores paranormais interpretados por Patrick Wilson e Vera Farmiga, que afirmavam terem de fato passado por estas experiências e que seus relatos eram absolutamente verdadeiros. Pronto, tinha-se em mãos um terreno fértil para uma série com tudo para prosperar – afinal, bastava a cada novo segmento explorar um outro episódio de suas vidas. James Wan, diretor do original e produtor destes spin-off (outro conceito ‘do momento’), ao invés disso, decidiu seguir na mesma toada sem muitas variações: não só Invocação do Mal 2 (2016) é praticamente uma refilmagem do anterior, como estes dois Annabelle vão, aos poucos, deixando de lado o que de melhor suas contrapartes mais elaboradas possuíam. E preparem-se: ao que tudo indica, o passo seguinte dessa tortuosa jornada será dedicado inteiramente à freira demoníaca vista no título do ano passado – e que faz uma breve participação aqui também.
Ed e Lorraine sempre funcionaram como os heróis descrentes, aqueles que não só buscam alguma razão nos fenômenos que presenciam como, quando diante de algo inexplicável, partem para a luta com as armas apropriadas. Eles não estavam no primeiro Annabelle (2014), mas lá a personagem de Alfre Woodard acabava assumindo esse papel. Em Annabelle 2, essa figura, no entanto, inexiste. Assim, o formato acaba por se revelar mais pobre, sem consistência, nem evolução. Em resumo, tem-se apenas garotas sendo assombradas por um demônio que gosta de pregar peças – porque ele é tão enrolado para dizer a que veio, hein? O roteiro, ainda por cima, é tão formulaico e apoiado em clichês e soluções óbvias que, lá pelas tantas, após tantas promessas vazias e sustos falsos, decide fazer uma pausa, chamar a única personagem sã em cena e dedicar os próximos dez minutos a um falatório que trate de colocar todos os pingos nos is. Tudo bem esclarecido, para ninguém ficar com dúvidas. A questão que permanece, no entanto, não é nem qual a graça de se ir atrás de mais do menos – é perguntar quem achou interessante investir em menos do que aquilo já visto antes?
O casal Mullins vivia com sua filha pequena até ela ser morta em um acidente. Doze anos depois, cansados da solidão imposta pelo grande casarão onde moram, oferecem abrigo a um orfanato de meninas – seis delas acabam se mudando para lá, junto com a freira que as toma. O sr. Mullins (Anthony LaPaglia), no entanto, é um homem de poucas palavras, assim como sua esposa, Esther (Miranda Otto), que passa os dias deitada em seu quarto, sem contato com as hóspedes. Se isso já não era estranho suficiente, o pior começa com aparições noturnas que passam a incomodar a pequena Janice (Talitha Bateman), que foi vítima de pólio e por isso precisa usar uma bengala para se locomover. “O diabo procura pelos fracos de alma, não de corpo”, lhe aconselha a religiosa. Bem, não é exatamente o que iremos presenciar durante a próxima hora.
Não precisa ser nenhum gênio para imaginar o que acontece a seguir – a criança morta quer voltar para seus pais, e para isso precisa se apossar de uma das novas moradoras. E o que a boneca faz no meio desse imbróglio? Praticamente nada – além de provocar uma ou outra reação extremada naquele mais desatento da plateia. Ah, e além de ganhar também um companheiro – puxa, quanta criatividade em usar um espantalho para assustar o público... – ela recebe é rebatizada – mas se Annabelle pegou, por que mudar, não é mesmo? Abusando de recursos digitais que servem apenas para distrair e deixando clara a falta de inspiração no cenário apresentado – uma casa grande e assombrada? Sério? – esse A Criação do Mal é tão esquecível quanto mal-intencionado, ao investir quase que inteiramente em personagens femininas posicionadas umas contra as outras, em meio a mentiras, ataques de violência e agressões que precisam ser escondidas por máscaras e preconceitos. Misoginia não deveria ser brincadeira, assim como o respeito por aqueles que realmente apreciam o gênero, e aqui não encontram absolutamente nada digno de nota.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 3 |
Yuri Correa | 6 |
Matheus Bonez | 3 |
Bianca Zasso | 5 |
Roberto Cunha | 6 |
Thomas Boeira | 6 |
MÉDIA | 4.8 |
Deus agora eu vou ter cara de criança