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Sinopse

John Form encontrou o presente perfeito para sua esposa grávida: uma bela boneca vintage e rara em um vestido de casamento branco puro. Mas, em uma noite, sua casa é invadida por membros de um culto satânico, que atacam violentamente o casal. Sangue derramado e terror não é tudo que deixam para trás. Os sectários conjuram uma entidade tão maléfica que nada que tenham feito se compara à conduta sinistra que agora é o brinquedo.

Crítica

Regra número um em Hollywood: se algo de novo surge e atinge um razoável sucesso, trate de encomendar uma sequência com a maior agilidade possível. Ou quase isso. Pois é o que acontece com Annabelle, terror inspirado no fenômeno Invocação do Mal (2013), que chegou aos cinemas com um custo de US$ 20 milhões e arrecadou nas bilheterias de todo o mundo mais de 15 vezes este valor! Por trás do dois longas está James Wan, o mesmo criador da série Jogos Mortais. Porém, se o primeiro filme contou com sua direção, neste mais recente ele assina apenas como produtor, deixando a condução da trama sob os cuidados do parceiro habitual – e mais conhecido como diretor de fotografia – John R. Leonetti. E se o clima entre os dois filmes se manteve o mesmo, carece ao novo projeto o toque de originalidade visto anteriormente, algo que seria necessário para livrá-lo de um evidente ar de subproduto derivado de outro muito mais interessante e atraente.

Annabelle, para quem desconhece – ou esqueceu – é o nome da assustadora boneca amaldiçoada que causava os melhores sustos no prólogo de Invocação do Mal, e cujo final permaneceu em aberto. Pois Annabelle, o filme, não se preocupa em dar continuidade a estes acontecimentos, e, sim, investigar a origem deste agouro impregnado no brinquedo. Ou seja, se trata de uma ‘prequel’, com eventos precedentes àqueles já vistos. É assim, portanto, que descobrimos a verdade sobre os fatos que envolvem sua criação. Afinal, quando se dizia que ela havia pertencido a uma menina cujos pais foram assassinados, esquecia-se de mencionar que eles haviam sido mortos pela própria filha, que na época já não era mais criança e tinha abandonado a casa da família para se juntar a uma seita satanista. Com estas novas informações, portanto, compreende-se melhor a lógica por trás de tanta desgraça.

Annabelle Higgins e o namorado, ambos crentes fanáticos, após assassinarem os pais dela invadem a casa dos vizinhos, e na tentativa de repetir o mesmo crime são mortos pela polícia. Ela é atingida com a boneca em questão nas mãos, e seu sangue acaba respingando no brinquedo. Isso é o que basta para que a maldição perpetue. As vítimas sobreviventes, o casal John e Mia Gordon, estão à espera do primeiro filho, e após a tragédia decidem se mudar. Mas as assombrações continuam mesmo no novo apartamento, e entre a ajuda da vendedora de livros e do padre local, o que descobrem é que acabaram envolvidos em um ritual de conjuração do diabo, e que este só os deixará em paz após ter o que deseja: uma alma que se ofereça a ele. Para tanto, precisarão decidir o que é mais importante, se a vida do bebê recém nascido ou as dos próprios adultos que estão vivendo na pele este tormento.

Annabelle é eficiente em provocar alguns sustos ocasionais, mas peca no principal: em apresentar um enredo realmente inovador. O casal de protagonistas, interpretados pelos apáticos Ward Horton (que teve um pequeno papel em O Lobo de Wall Street, 2013) e Annabelle Wallis são tão belos quanto insípidos, compondo um perfeito casal Barbie & Ken, porém longe de estimular o pânico necessário. A sempre competente Alfre Woodard, que só entra em cena com mais da metade do filme em andamento, até se esforça para oferecer alguma dignidade ao conjunto, mas pouco consegue com as escassas oportunidades que lhe são oferecidas. E como resumo temos uma brincadeira no máximo curiosa, mas que em nenhum momento consegue se colocar à altura do projeto original. Sina particularmente apropriada ao diretor, que assinou também como cineasta as sequências infinitamente inferiores Mortal Kombat: A Aniquilação (1997) e Efeito Borboleta 2 (2006).

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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