Crítica
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Sinopse
O maior sonho do jovem Victor é se tornar diretor de cinema. Sua vida dá uma guinada inesperada quando ele é contratado por uma rede de televisão francesa. Nesses turbulentos anos 1990, ele conhece um dirigente televisivo anarquista que vai apresenta-lo a uma equipe muito singular, que marcará o começo de sua vida adulta.
Crítica
Ao se digitar no Google o título original Télé Gaucho, quase todas as imagens que aparecem são do jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho ou de transmissões da televisão do Rio Grande do Sul. Mas se optarmos pela denominação nacional, Anos Incríveis, o resultado será ainda mais genérico, com alguma leve predominância para cenas do antigo seriado americano The Wonder Years (1988), homônimo do filme francês no Brasil. Assim como A Datilógrafa (2012) ou Aconteceu em Saint-Tropez (2013), outras produções francesas recentes que também penam por títulos nacionais que revelam escolhas bastante infelizes, este aqui apresenta muito mais do que qualquer desavisado poderia imaginar a partir de uma rápida conferida no cartaz.
Para começar, é bom chamar atenção para os talentos envolvidos. O primeiro é o diretor e roteirista Michel Leclerc, que também trouxe para o elenco Sara Forestier, protagonista do seu filme mais bem sucedido até o momento – Os Nomes do Amor (2010), pelo qual ambos foram premiados no César (o Oscar da França), ela como Melhor Atriz e ele pelo roteiro original. Mas o elenco estrelado apresenta outros destaques: Eric Elmosnino, que revelou sua versatilidade ao encarar o ícone da música francesa Gainsbourg: O Homem que Amava as Mulheres (2010), a competente atriz e diretora Maïwenn (do intenso Polissia, 2011), a bela e internacional Emmanuelle Béart (vista em produções tão diversas quanto Missão:Impossível, 1996, e Oito Mulheres, 2002) e, como protagonista, o até então desconhecido Félix Moati, que por este desempenho foi indicado ao César como Ator Revelação.
Moati é Victor, um rapaz cuja única certeza na vida é a vontade de fazer cinema. Os caminhos que trilha, no entanto, o levam a um estágio na mais poderosa emissora de televisão francesa, ao mesmo tempo em que começa a se envolver com uma equipe de tevê pirata. Télé Gaucho, na verdade, faz referência a isso: o gaucho em questão é aquele de esquerda, de protesto, contra o governo e as verdades estabelecidas. Ao mesmo tempo em que surge no jovem uma dúvida entre uma carreira promissora como profissional televisivo ou um ativista sem muito futuro, ele vai se envolvendo com uma garota tresloucada (Forestier, meio que repetindo sua personagem mais conhecida) que poderá influenciar sua decisão.
Há dois casais em cena, com mensagens e propósitos distintos, em Anos Incríveis. O primeiro é formado por Victor e Clara, que se atiram de cabeça em qualquer novidade, sem medir muito as consequências, ao mesmo tempo em que buscam evitar repetir os erros paternos, alvos de suas piores críticas. Do outro lado estão Jean-Lou (Elmosnino) e Yasmina (Maïwenn), os diretores da emissora rebelde, que buscam conciliar ímpetos juvenis com necessidades mais reais, indecisos entre entregar-se ao sistema ou seguir numa luta inglória e com poucas chances reais de sucesso. São todos idealistas, mas até que ponto essa luta não é em vão, transformando-os de batalhadores utópicos a meros tolos sem razão?
Anos Incríveis é um filme que possui bons momentos, que, no entanto, são muito melhores do que o conjunto como um todo. Repleto de boas intenções e dono de uma conclusão sensível e emocionante, passa, por outro lado, por cima de questões bastante sérias, como a formação de novos modelos de família, a manipulação da mídia e o que é ser de direita e de esquerda nos dias de hoje, apontando muitos caminhos sem optar por nenhum em particular. Muitos verão aqui um entretenimento divertido e até mesmo competente, mas por trás disso há o desperdício de temas urgentes e pontuais, e este descaso é seu maior pecado.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 6 |
Edu Fernandes | 8 |
MÉDIA | 7 |
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