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Sinopse

Todas as manhãs, Christine acorda sem saber onde está. Suas memórias desaparecem todas as vezes que ela dorme. Seu marido, Ben, é um estranho. Todos os dias ele tem de recontar a vida deles e o misterioso acidente que fez com que Christine tivesse amnésia. Encorajada por um médico, ela começa a escrever um diário para ajudá-la a reconstruir suas memórias, mas ela acaba descobrindo que a única pessoa em quem confia, talvez esteja contando apenas parte da história.

Crítica

A cada filme que Nicole Kidman estrela existe sempre uma ponta de esperança. Uma torcida para que a plástica em excesso passe despercebida e que finalmente a atriz faça um filme que seja um sucesso de público e de crítica. Isso devido à tamanha instabilidade das produções que ela tem escolhido ultimamente. Promissoras de início, fracassos quando distribuídas. Após a insossa e problemática cinebiografia da princesa Grace Kelly em Grace: A Princesa de Mônaco (2013), que ainda nem lançada nos Estados Unidos foi, a australiana deu segmento aos trabalhos com o thriller Antes de Dormir. Pequena produção britânica de Ridley Scott, é baseada no correto e tenso livro de S. J. Watson sobre uma mulher com problemas de memória que se vê protagonista de uma trama macabra. Mais uma vez a expectativa tomou conta. Poderia ser esse o filme a por fim no atual marasmo da filmografia de Kidman?

Christine Lucas (Kidman) acorda em uma cama com um homem ao seu lado. Ela não sabe quem ele é, deduz que é seu marido. Logo isso é confirmado pelo próprio, Ben (Colin Firth), e junto vem a descoberta de que ela sofreu um severo trauma cerebral e a cada dia acorda sem se lembrar dos acontecimentos recentes. Mas essas explicações e a cumplicidade da relação dela com o companheiro é colocada em dúvida quando Christine recebe uma ligação do neurologista Dr. Nasch (Mark Strong). Indicando para que ela procure uma câmera-diário em um armário, a personagem se vê questionando as reais intenções do esposo.

Com o intuito de transcrever a trama literária, o diretor e roteirista Rowan Joffe  (Pior dos Pecados, 2010) traça uma narrativa exageradamente rápida. Com isso, deixa de trabalhar a verticalidade dos personagens e os locais em que as ações ocorrem. Mesmo com uma fotografia impecável e transições belíssimas, a produção peca em se aprofundar. As intenções de Ben nunca ficam totalmente claras. Colin Firth traz uma performance apagada e Kidman mantém a tensão suspensa, nos guiando pela trama de forma anestesiada.

Longe de querer comparar o livro com o filme, pois são suportes extremamente distintos, é impossível não perceber que a vitalidade apresentada no texto de Watson passa bem longe do roteiro de Joffe. A sensação que fica é que nada se desenvolve. A história passa tão rápida quanto uma viagem de trem-bala que, quando decidimos relembrar, já esquecemos. Talvez seja assim que Christine veja as coisas ou como Nicole Kidman gostaria de se sentir após mais essa decepção em sua filmografia.

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é graduado em Cinema e Animação pela Universidade Federal de Pelotas (RS) e mestrando em Estudos de Arte pela Universidade do Porto, em Portugal.
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