Crítica
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Sinopse
Depois que o bando de Lampião é dizimado, o cangaceiro Zé Olímpico decide migrar para São Paulo. Anos depois, ele retorna para o Nordeste, onde se torna político. Revoltando contra a corrupção, ele toma atitudes drásticas.
Crítica
O que trazem os ventos que ainda estão por vir? Ou, talvez ainda mais importante, o que carregarão daqui os ventos que agora passam por nós? Retirada de um texto de apresentação de Brasília quando foi lançada como a nova capital nacional, Aos Ventos Que Virão dá nome também a este longa dirigido pelo veterano Hermano Penna, um cearense que já morou na Bahia e em São Paulo e que conquistou cinéfilos e admiradores logo com seu primeiro longa, Sargento Getúlio (1983), que conquistou mais de duas dezenas de prêmios no Brasil e no exterior, inclusive o de Melhor Filme no Festival de Gramado. E aqui Penna volta novamente seu olhar a um homem comum movido por situações extraordinárias, e através dele tenta propor uma visão da própria história nacional.
Do interior de Sergipe sai Zé Olímpio (Rui Ricardo Diaz, o protagonista de Lula, O Filho do Brasil, 2009), um homem do sertão que encontra uma esperança por uma vida melhor e sem injustiças no cangaço, seguindo os passos de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Estamos no final dos anos 1930, e após a morte do ícone da rebeldia nordestina seus seguidores ficam perdidos, à procura de uma outra causa que os una. Perseguido pela polícia e temendo pela segurança dos pais, Zé Olímpio decide partir, tendo apenas a companhia da mulher, para São Paulo, terra desconhecida e promessa de um futuro melhor. Muda-se o cenário, porém os problemas continuam, ainda que outras oportunidades lhes surjam. É quando um chamado o levará de volta à sua cidade natal, partindo para uma nova batalha que poderá ter fim trágico, novamente às vésperas de um outro período de mudança no país.
Aos Ventos Que Virão começa de forma bastante impactante, através de um prólogo em preto e branco que expõe de imediato a violência e a ignorância de tempos passados e a necessidade desse homem urbano em se modernizar. Após prender a atenção do espectador de modo quase irreversível, no entanto, o diretor a maltrata na hora e meia seguinte, propondo uma narrativa problemática, repleta de elipses, quase episódica, que irá exigir demais para uma melhor compreensão, sem oferecer muito em troca. Afinal, ainda que inspirado em uma coletânea de fatos reais, há pouco de diferencial no conto que está sendo exposto. Sua singularidade é escassa, e mais serve como reflexo de um contexto maior, que é formação de uma nação feita a partir de muitos golpes, enganos e desrespeito. Quem é, portanto, este homem a qual somos apresentados e com quem dividimos a companhia durante toda a duração desta história? O que ele tem a nos dizer, ensinar ou, principalmente, propor como reflexão além do óbvio?
Mesmo com um roteiro falho, Aos Ventos Que Virão possui como mérito a estudada fotografia de André Lavenére (Se Nada Mais Der Certo, 2008) e uma ótima interpretação de Rui Ricardo, um ator que promete oferecer muito ainda ao cinema nacional. Ele consegue se distanciar do seu papel mais marcante até então, mesmo compondo um tipo similar, o retirante nordestino que busca seu lugar no mundo. De olhos profundos e discurso intenso, consegue até superar o desperdício de outros do elenco, como Neusa Borges e Marat Descartes, que saem de cena mais rápido do que entram, desperdiçando seus talentos. E essa parece ser a melhor síntese deste filme, prometendo tanto e deixando tanto a desejar.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 4 |
Ailton Monteiro | 6 |
MÉDIA | 5 |
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