Crítica
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Sinopse
No dia do desfile do grupo especial das escolas de samba, muita coisa vai acontecer. Em meio aos últimos preparativos, histórias de amor, desavença, encontros e desencontros agitam a espera para entrar na avenida.
Crítica
“João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém”. Assim começa o poema Quadrilha, clássico de Carlos Drummond de Andrade. Se formos adaptar para Apaixonados: O Filme, longa de semelhante estrutura coral dirigido por Paulo Fontenelle, seria mais ou menos assim: “Léo acha que gosta de Cássia. Soraia acha melhor não gostar de Hugo. Uitinei decide gostar de Scott. E Sabine não gosta de ninguém”. Ou seja, como dá pra perceber, não há muita ligação entre os três focos narrativos sobre os quais a trama do filme se debruça. Para entendê-los como um conjunto, depende unicamente do cenário comum em que estão inseridos – pleno feriado de Carnaval no Rio de Janeiro – e da boa vontade do espectador. E como é mais do que sabido, santo que muito exige, pouco entrega.
Após os problemáticos Se Puder... Dirija! (2012) e Divã a 2 (2014) – este, aliás, que não é uma sequência de Divã (2009), apenas um aproveitamento picareta da mesma marca – Paulo Fontenelle volta às telas com mais uma comédia de costumes. Se a aposta, no entanto, se anuncia como investida no romance, o que se vê em cena parece preferir outro caminho. Afinal, Léo e Cássia mal se conhecem – acabam presos em um elevador emperrado – e, por mais que um tenha gostado da companhia do outro, parece muito pouco para decidirem jogar tudo para cima para ficarem juntos. Ainda que essas decisões não sejam tão levianas – ele descobre que a namorada estava lhe traindo com seu melhor amigo, e ela repensa sua posição como porta-bandeira da escola de samba em que desfila após o pai sofrer um infarto – os enlaces que acabam os unindo parecem frágeis demais diante das decisões com as quais terminam comprometidos.
Da mesma forma se dá o enredo entre Hugo e Soraia. Eles mal trocam alguns olhares no meio da folia de um bloco de rua, até que ele surge para salvá-la de uma situação de assédio potencialmente perigosa. O rapaz é o típico filhinho de papai sem voz ativa que ganhou tudo de mão beijada, enquanto que a moça é a garota de família do morro que sempre suou para conseguir o que queria. Quando se unem, representam estereótipos visíveis da nossa sociedade – a alpinista social e o playboy deslumbrado. Claro que tal união não irá resistir por muito tempo. Assim como a que coloca lado a lado a exagerada Uitinei e o americano Scott, ele perdido sem saber para onde ir e ela decidida a pegar o gringo para si. A dupla até provoca uma ou outra risada pelo inusitado, mas são tão ligeiros quanto o sono que vem derrubando qualquer um após uma boa feijoada.
E Sabine? Ela é apenas uma das tantas pontas soltas espalhadas pelo roteiro. A personagem defendida por Paloma Bernardi – a celebridade convidada para ser a rainha da bateria – não tem o menor sentido além de servir de alfinetada em colegas da vida real. Do resto do elenco, a única que se garante como de costume é Roberta Rodrigues, mais uma vez vivendo uma favelada, porém cheia de atitude e altivez. Nanda Costa é muito melhor atriz do que se pode aqui perceber, e os galãs Raphael Vianna e João Baldasserini não demonstram esforço para irem além da boa estampa. Termina, portanto, sem muito esforço, sobrando para a dupla Uitinei (Evelyn Castro) e Riuston (Lidi Lisboa) – sua melhor amiga – as passagens mais divertidas. Mas, ainda assim, é um sorriso contido, sem muita empolgação.
Apaixonados: O Filme é mais um produto genérico nacional que atira para vários lados e acerta alvo algum. Tenta ser história de amor, crítica social, retrato de uma realidade, mas não é bem sucedido em nenhum destes objetivos. Resta, ao menos, o esforço de emular a festa carnavalesca como pando de fundo – uma identidade brasileira ainda pouco explorada em nossas telas. Porém, é visível o potencial para se ir além, presente tanto no desperdício de intérpretes como Zezeh Barbosa e Roberto Bomfim, como na falta de liga entre os casais que deveriam ser símbolo do sentimento perseguido, mas tudo que conseguem entregar é um flerte passageiro. Assim como transa de Carnaval, que na Quarta-feira de Cinzas já foi esquecida, este também parece ser o destino deste título.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 4 |
Ailton Monteiro | 1 |
MÉDIA | 2.5 |
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