Crítica
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Sinopse
O jovem Thomas descobre que seu pai está tendo um caso. Ele até tenta impedir que essa situação continue, mas acaba se envolvendo com mesma mulher.
Crítica
O protagonista de Apenas um Garoto em Nova York é um jovem comum, às voltas com dores de amor, e que ainda não encontrou o seu lugar no mundo. Thomas (Callum Turner) é fruto do meio intelectual ao qual seus pais pertencem há tempos. Esse ambiente, acessado timidamente pelo cineasta Marc Webb nos jantares, repletos de artistas e pensadores, dados por Judith (Cynthia Nixon), a mãe, para abrandar uma inquietude próxima da melancolia, não é suficientemente explorado no filme como essencial, embora obviamente o seja. Ethan (Pierce Brosnan), o pai, é um homem de negócios, proprietário de uma editora renomada. Thomas é apaixonado por Mimi (Kiersey Clemons), a amiga comprometida que frequentemente o acompanha em ocasiões sociais. O aparecimento repentino de WF (Jeff Bridges), desconhecido com um discurso eloquente acerca de relacionamentos e desventuras do coração, dá um toque singular a este drama instável, às vezes disperso, mas muito bem atuado e desenvolvido.
O primeiro traço curioso de Apenas um Garoto em Nova York é justamente o personagem de Bridges, haja vista sua aura de mistério. Novo vizinho de Thomas, ele não mobilia o apartamento, sempre tem as respostas certas na ponta da língua, como se pudesse ler seu “pupilo” intimamente. Marc Webb investe nesse enigma, dando margem, inclusive, para que pensemos na possibilidade do homem nada mais ser que uma projeção do inconsciente do rapaz, exatamente, em busca de esclarecimento. Fora isso, há o investimento na intrincada dinâmica emocional deflagrada a partir da descoberta do caso extraconjugal de Ethan com Johanna (Kate Beckinsale), cuja beleza e magnetismo são evidentes. Aliás, Beckinsale encarna com bastante propriedade essa mulher de atitude, de olhar naturalmente sedutor, que vira de pernas para o ar a aparente “bondade” do filho até então ofendido pelo adultério descoberto. Ela ajuda, ainda, a mostrar o protagonista como alguém inexperiente e iludido por ideais frágeis.
Por um lado, o roteiro do longa-metragem permite o envolvimento gradativo com as demandas das pessoas em cena, mas, por outro, a frouxidão de suas amarras provoca o arrefecimento dos impactos no geral. Outro ponto negativo de Apenas um Garoto em Nova York é o acúmulo de diálogos meramente expositivos, que dão conta de verbalizar estados de espírito e reações, o que torna mais pobre a encenação como um todo. Entretanto, mesmo assim, sobressaem os talentos do elenco, os grandes valores da realização de Webb. Jeff Bridges triunfa como o guru constantemente alcoolizado que, claramente, guarda um segredo – nesse sentido, não é gratuita sua função, também, de narrador do filme. Cynthia Nixon, a despeito do pouco tempo de tela, reafirma seu talento maiúsculo, construindo nas minúcias uma personagem combalida pela tristeza. Já Pierce Brosnan encarna um tipo distinto, o símbolo da hipocrisia primeiramente atacada.
Em meio a tantos nomes mais experientes, Callum Turner segura bem as pontas como protagonista de Apenas um Garoto em Nova York, demonstrando eficientemente a trajetória de Thomas, de garoto cheio de sonhos reprimidos, um tanto idealista e ingênuo, a adulto munido de coragem suficiente para arregaçar as mangas e enfrentar, inclusive, as próprias contradições. No encerramento, uma virada importante, algo devidamente explicado dentro da dinâmica quase didática do roteiro. Todavia, não obstante essa inclinação por expedientes facilitadores, o filme possui um charme inerente à maneira como o cineasta promove a ciranda amorosa, privilegiando a força dos laços, em detrimento de um sentimento romântico de durabilidade ou algo que o valha. Aproximando-se claramente do estilo de Woody Allen, especialmente pelo registro das crises existenciais de uma fauna nova-iorquina específica, Webb não faz algo incontornável, mas olha para os elos com visível maturidade.
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