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Crítica
Jake Johnson é mais conhecido por seu papel na série New Girl (2011-) e por pontas cômicas em produções como Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros (2015). Ao lado desses pequenos trabalhos, ele possui uma sólida parceria com o diretor e roteirista Joe Swanberg, com quem fez o levemente divertido Um Brinde à Amizade (2013) e a série Easy (2016). Para reforçar ainda mais a parceria da dupla com a plataforma Netflix, da qual esta última é uma das produções originais, Johnson e Swanberg assinam o roteiro da comédia Apostando Tudo. Pena que a aposta só seja alta no nome.
Johnson faz parte de uma geração de atores que investem na comédia com base em personagens errantes que, devido a uma falta de jeito para adentrar na vida adulta, acabam se metendo em confusões típicas de um adolescente desmiolado. No caso de Apostando Tudo, como informa o nome, o problema são os jogos de azar. Ele é Eddie, um rapaz que já passou dos trinta, mas continua com a mesma rotina dos primeiros anos da juventude. Não tem emprego fixo e o pouco dinheiro que ganha em um estacionamento é “investido” em mesas de pôquer das quais só sai quando seus bolsos estão vazios. Poucas cenas bastam para entender quem é Eddie e Swanberg faz esta apresentação com ares documentais, utilizando o formato 16mm e uma câmera na mão bastante trêmula e que, por vezes, se comporta como “escondida”, largada sobre algum móvel da casa bagunçada do protagonista. Voltemos à ele, aliás.
Mesmo depois de uma série de esporros do irmão Ron (Joe Lo Truglio) e do colega de grupo de apoio para viciados em jogos, Gene (Keegan-Michael Key), Eddie segue no mesmo ritmo e dá até uma acelerada com a chegada de uma bolsa cheia de dinheiro deixada aos seus cuidados pelo amigo Michael (José Antonio García) antes deste passar uma temporada na cadeia. O que era para ser um objeto esquecido dentro de um armário desperta a tentação e Eddie sai apostando por todos os cantos. Valendo-se da sorte de iniciante, ele começa ganhando não apenas no jogo, mas no amor também, ao conhecer a enfermeira Eva (Aislinn Derbez) em um bar. Só que logo tudo desanda e Eddie resolve mudar de vida e dar ouvidos aos conselhos do irmão, que lhe dá um emprego na empresa de jardinagem da família. Ele volta a frequentar o grupo de apoio e investe na relação com Eva. Assim, como se tivesse sido tocado por algum espírito de mudança ou ganhado juízo após uma noite de sono.
O que poderia ser uma dose de realismo fantástico em outro filme, em Apostando Tudo soa como falta de criatividade. Um novo Eddie entra em cena, mais responsável, econômico e com menos piadas bobas ditas por minuto. Tudo, portanto, indicaria a um encaminhamento para um final redentor, mas a história volta ao ponto de partida com a proximidade da saída de Michael da cadeia. Desesperado para reunir a quantia que o amigo havia deixado com ele, Eddie volta a apostar, dessa vez numa mesa com lances mínimos de quinze mil dólares. Uma ideia absurda até mesmo para alguém em tratamento do vício em jogo. Mas parece ter feito sentido para Johnson e Swanberg ao escreverem o roteiro.
Apostando Tudo faz aumentar a lista de produções originais da Netflix que parecem realizadas para preencher catálogo e garantir um lançamento por mês. Consegue, em meio a tantos títulos fracos de comédia lançados este ano, ser um dos maiores desastres do gênero. Toda a experimentação dos ângulos de câmera e até a ótima seleção musical da trilha sonora não conseguem diminuir o tédio do espectador diante de um personagem antipático e nada verossímil quanto Eddie. E termina da forma como começou: apostando alto, mesmo tendo quase nada a oferecer.
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