Aprendiz de Espiã: Na Cidade Eterna
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Peter Segal
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My Spy: The Eternal City
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2024
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EUA
Crítica
Leitores
Sinopse
Quando o coral da escola de Sophie é selecionado para uma turnê italiana que culmina com uma apresentação para o Papa na Cidade do Vaticano, JJ vê isso como uma oportunidade de criar laços com sua nova enteada. Ele se voluntaria para ajudar a acompanhar o grupo. Em vez disso, JJ descobre que ele e Sophie se tornaram peças em um plano terrorista que pode acabar com o mundo.
Crítica
Não se espante caso você, leitor, não lembrar ao certo do que aconteceu em Aprendiz de Espiã (2020), longa lançado poucas semanas antes do início da pandemia do Covid-19 e que era mais uma tentativa do brutamontes Dave Bautista emplacar não só como astro de ação, mas também na comédia infantil, aos moldes de Arnold Schwarzenegger (Um Tira no Jardim de Infância, 199) ou Vin Diesel (Operação Babá, 2005). Além de ter sido um fiasco nas bilheterias – nem chegou a ser lançado nos cinemas norte-americanos, e no exterior acumulou cerca de US$ 10 milhões apenas – apresentava uma trama completamente genérica, por vezes dando mais espaço para a garota (Chloe Coleman, conhecida até então por ter participado de Big Little Lies, 2017-2019, e na época com meros 10 anos) do que para o gigante que deveria se tornar viável como protagonista, e não como mero coadjuvante cômico (como o papel que lhe consagrou na saga Guardiões da Galáxia). Pois então que, sem ninguém ter pedido e quando menos ainda eram os que esperavam, Aprendiz de Espiã: Na Cidade Eterna surge, mas agora no espaço onde deveria ter sido pensado desde o início: na telinha de uma plataforma de streaming. E eis que, assim, o conjunto não faz tão feio – ao menos, é ligeiramente mais interessante do que o anterior.
Ainda que Bautista siga como o primeiro nome do elenco, o protagonismo da trama é, ainda mais do que antes, dividido com a personagem de Coleman. Se antes os dois estavam unidos, dessa vez a história começa não com uma menina, mas uma adolescente, e como tal, rebelde e disposta a mudar as coisas ao seu redor. Assim, a fórmula é fácil: na primeira oportunidade, ela faz questão de deixar claro para ele que não o vê como um pai – apesar de todos os esforços dele para tanto – e, sim, apenas como o “namorado da mãe”. É o velho conflito de gerações: enquanto JJ (Bautista) segue pensando nela como uma garotinha que precisa ser protegida, Sophie (Coleman) quer se mostrar cada vez mais independente, longe do controle dos adultos e interessada em descobrir coisas novas, como se aventurar com amigos por uma cidade que lhes é estranha e dar o primeiro beijo no garoto mais bonito da sua turma.
A diferença agora é que, desde o começo, o tom de paródia dos grandes filmes do gênero, com os das sagas Bourne, 007 ou Missão: Impossível, é escancarado, com cenas acontecendo quase simultaneamente em diferentes lugares do mundo, com bombas podendo ser acionadas a qualquer momento e o planeta a um passo do seu fim – ou quase isso. Ou seja, os desenlaces familiares descritos no parágrafo anterior ocorrem tendo como pano de fundo perigos muito maiores, mas diminuídos em suas repercussões justamente por servirem apenas como cenário, e somente depois como a urgência a ser resolvida. Dessa forma, quem estiver na audiência estará, ao mesmo tempo, pré-disposto a acompanhar a menina tentando se desvencilhar de um padrasto superprotetor, enquanto teme por um desfecho que pode colocar o pescoço de todos em risco, independente de estarem cientes ou não da ameaça que deles se aproxima.
O subtítulo – Na Cidade Eterna – é não mais do que uma referência e mais um esforço no sentido de oferecer ao conjunto um viés mais cosmopolita e internacional. Se o apelido não for suficiente e o pôster composto pelas cores verde, branco e vermelho não escancarar o óbvio, que fique claro: é em Roma que grande parte da ação irá transcorrer. Mas só o motivo que os leva até lá – o coral da escola é selecionado para se apresentar para o papa no Vaticano, e assim dezenas de crianças embarcam na viagem, como se estivessem indo visitar uma fazenda no interior, e não um país estrangeiro do outro lado do Atlântico – já é por si só inverossímil o bastante para ser levado a sério, eis que o tom de fábula se encarrega de aliviar as tensões e dotar o todo do clima de aventura de sessão da tarde que o projeto havia almejado desde o começo, e, aparentemente, apenas agora por vezes chega a alcançar (não o tempo todo, que fique claro, mas ao menos com mais acertos do que deslizes).
Sem explorar a geografia local como se poderia esperar e nem as habilidades dos dois protagonistas – Bautista está por demais contido, só mais próximo do final soltando a fera que tem dentro de si, assim como Coleman fica perto de uma antipatia, por passar mais tempo reclamando do grandalhão do que tentando propor algo que de fato faça diferença – ao menos o elenco de apoio se encarrega do tom cômico. Kristen Schaal (What do we do in the shadows, 2019-2023) e Ken Jeong entregam aquilo que deles já se conhece, ao passo que os acréscimos de Craig Robinson (Brooklyn Nine-Nine, 2014-2021) e, principalmente, de Anna Faris (como uma vilã quase irreconhecível, na mesma medida assustadora e patética) oferecem um respiro de novidade, mais do que a ingenuidade do adulto e a incompreensão de uma jovem que parecem não conseguir ver aquilo que se transformaram após tanto tempo juntos, ainda presos a uma visão de anos atrás. Este poderia ser, enfim, o tema em debate em Aprendiz de Espiã: Na Cidade Eterna. Mas talvez fosse pedir demais de algo que promete pouco, e entrega nesta mesma medida.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 5 |
Leonardo Ribeiro | 4 |
MÉDIA | 4.5 |
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