Apur Panchali
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Kaushik Ganguly
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Parambrata Chatterjee, Parno Mittra, Ardhendu Banerjee
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2013
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Índia
Crítica
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Sinopse
Crítica
Reza a lenda que, no início da década de 1950, a esposa de Satyajit Ray viu um garotinho brincando no telhado da casa vizinha e o convidou para um teste de elenco. Insatisfeito com as audições de dezenas de jovens atores, o diretor finalmente decidiu selecionar o garoto do telhado, o pequeno Subir Banerjee, para ser o protagonista de seu primeiro e mais célebre filme, A Canção da Estrada (1955). Essa história, porém, não interessa a este Apur Panchali. O longa de Kaushik Ganguly observa a vida de Banerjee nos anos seguintes ao seu sucesso interpretando o jovem Apu e sua vida como um senhor recluso que jamais retornou às telas e olha para o passado no cinema com certa amargura.
Ganguly usa três linhas narrativas diferentes para tecer sua versão ficcionalizada da biografia de Banerjee: a primeira, traz o personagem como um idoso ranzinza (Ardhendu Banerjee), aproximando-se lentamente de um jovem estudante de cinema (Gaurav Chakrabarty) que busca persuadi-lo a aceitar um prêmio por seu único papel; a segunda, é feita de recordações da dolorosa juventude do ex-ator (Parambrata Chatterjee); a terceira, é composta por trechos dos filmes de Satyajit Ray – embora Subir só tenha participado do primeiro – a respeito do personagem Apu.
Dedicado a todos os atores infantis perdidos no anonimato, Apur Panchali se debruça sobre a incomum experiência de atingir grande sucesso no início da vida e, depois, lentamente retornar ao mundo comum – algo como uma Jornada do Herói reversa. Ardhendu Banerjee faz um trabalho fantástico ao retratar a ambiguidade dos sentimentos de seu personagem em relação a Apu; embora pareça lutar para sair da sombra da performance pela qual sempre será lembrado, há também um visível carinho pelo filme e pela experiência de atuar.
Não por acaso, as cenas que mostram Subir como um jovem adulto são feitas em preto e branco, gravadas à maneira de Ray. Esse estilo distinto, aliado a uma montagem inteligente, relaciona a sua trajetória à de Apu – embora a audiência não tenha como saber se a narrativa apresentada foi realmente baseada em fatos ou se as semelhanças entre as histórias de ator e personagem são, também, obras de ficção. Fabricados ou não, porém, esses acontecimentos têm um propósito maior no longa, pois culminam na conclusão do arco narrativo da versão mais velha de Subir: ele finalmente aprende a aceitar, em paz, a condição de eterno Apu.
Talvez o maior pecado de Ganguly, porém, seja a dependência excessiva da obra de Ray. Além de dedicar boa parte do filme a vários trechos da Trilogia de Apu, o diretor ainda inclui algumas cenas que só ganham peso dramático porque fazem referência a outras obras. Por mais que o tom de homenagem seja fundamental para que este drama funcione – e mesmo que o enredo exija certa familiaridade com o clássico A Canção da Estrada, falta a Apur Panchali a força para se sustentar como algo independente. Afinal de contas, os maiores triunfos deste longa não residem nas inúmeras alusões ao cinema dos anos 1950, e sim no estudo de seus personagens: a parte colorida – literal e figurativamente – do filme.
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