Crítica
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Sinopse
Elizabeth Sloane é uma lobista requisitada e conhecida por sempre fazer o que é necessário para vencer. Porém, ao enfrentar um dos seus adversários mais poderosos, talvez ganhar possa custar um preço muito alto.
Crítica
Existem filmes feitos para atores e atores que parecem ter nascido para determinados filmes. Armas na Mesa, que tem Jessica Chastain como a poderosa lobista de Washington do título original da produção, Miss (Elizabeth) Sloane, parece se beneficiar com ambas as circunstâncias: eis um veículo perfeito para sua atriz e uma intérprete singular que parece ter nascido – e direcionado sua filmografia até então – para personagens como a que tem em mãos. Tal composição é perigosa, no entanto, e aqui Chastain se torna maior que a própria produção que estrela. Ainda assim, temos alguns outros motivos que fazem valer esta sessão.
Independentemente do que qualquer sinopse e seu título brasileiro indicam, Armas na Mesa não é realmente sobre a Segunda Emenda da Constituição estadunidense, que protege o direito de seus cidadãos portarem armas. Como em O Júri (2003) e em muitos dos romances de John Grisham - Elizabeth até aparece brevemente com um exemplar do autor em mãos – o drama aborda a troca de influências em Washington e o invisível limite de lobistas e suas firmas para conquistar vantagens pelas causas, empresas ou commodities que representam. Sloane é uma delas, quando trava uma guerra com seus antigos empregadores ao se posicionar na defesa de uma lei que, caso aprovada pelo Senado, prevê o controle na venda de armamentos para cidadãos comuns.
Com narrativa semelhante, diálogos rápidos e afiados e performances sólidas, Armas na Mesa se aproxima de um episódio particular de House of Cards (2013-), quando Frank Underwood (Kevin Spacey) é interrogado pela senadora Heather Dunbar (Elizabeth Marvel) sobre seus desvios éticos em sua busca por poder e, consequentemente, seu abuso de poder. O cineasta John Madden, até então reconhecido por dramas açucarados como Shakespeare Apaixonado (1998) e O Exótico Hotel Marigold (2011), reinventa seus artifícios fílmicos na condução de um quase-thriller que se aproxima estética e atmosfericamente de Conduta de Risco (2007) e O Veredicto (1982), numa mise-en-scène repleta de planos fechados e fria em seus tons monocromáticos.
O roteiro de estreia de Jonathan Perera é promissor, pautado nos bastidores da política dos Estados Unidos e da tão comum prática lobista. Ainda que a ambientação seja Washington e as leis representadas estejam restritas aos norte-americanos, a temática da produção é próxima do que ocorre no cenário político brasileiro dos últimos anos. Perera aponta com cinismo a política como algo indissociável de dinheiro e contatos; a pessoa com maior disposição para ultrapassar limites – sejam os éticos, morais ou até mesmo criminais – é quem deve se dar melhor. Suas resoluções são otimistas, ao passo que, entre uma reviravolta e outra no terceiro ato de sua trama, tudo se encaixa para os bonzinhos – ou, neste caso, os menos maus – levarem a melhor.
Mas no fim, Armas na Mesa é mesmo Jessica Chastain. Desde seu primeiro enquadramento, com um close do rosto pétreo e repleto de nuances de uma atriz que carrega seu inegável talento para qualquer trabalho, mas que expande seu alcance quando lhe é permitido, como fez em A Hora Mais Escura (2012). Ao seu lado figuram grandes presenças em papeis secundários, como os veteranos Sam Waterston e John Lithgow, e uma promissora jovem atriz, Gugu Mbatha-Raw, que ainda este ano também desponta em A Bela e a Fera (2017).
O filme se inicia e termina com Miss Sloane no banco dos réus, respondendo por seus atos, e é Chastain quem carrega todo a trama ao compor esta interessante e complicada personagem, que dificulta qualquer empatia do espectador a partir de sua conduta profissional. Não é necessário gostar de Sloane, mas a atriz permite com que se entenda e talvez até se simpatize com ela, numa atuação que brilhava pronta para a consagração com uma indicação ao Oscar – não fosse um ano tão fantástico para performances femininas ou a cadeira cativa de Meryl Streep na premiação.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Conrado Heoli | 7 |
Robledo Milani | 6 |
MÉDIA | 6.5 |
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