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Sinopse

Embora Fox Mulder, agente especial do FBI, e sua parceira, Dr. Dana Scully, tenham dedicado suas vidas perseguindo casos difíceis, a busca incansável pela verdade os levou ao exílio profissional. No entanto, um caso de pessoas desaparecidas provoca um reencontro dos agentes, colocando-os em contato com um padre que supostamente tem visões psíquicas.

Crítica

Dez anos se passaram entre os dois filmes baseados na série Arquivo X (1993-2018). E os momentos em que estas duas obras foram lançadas não poderiam ser mais diferentes. Arquivo X: O Filme (1998) foi lançado entre a quarta e a quinta temporada da série de TV, bem no auge da popularidade das histórias vividas pelos agentes Fox Mulder (David Duchovny) e Dana Scully (Gillian Anderson). Com um orçamento de US$ 65 milhões, arrecadou nas bilheterias de todo o mundo mais do que 3 vezes este valor. Agora, seis anos após o encerramento do seriado na televisão, os dois personagens estão de volta às telas em Arquivo X: Eu Quero Acreditar. Que mais mudou, além da baixa expectativa dos (poucos) fãs remanescentes? Muita coisa!

Pra começar o próprio investimento: agora foram gastos apenas US$ 30 milhões no novo filme. Mesmo assim não foi uma decisão das mais sábias, já que a produção até o momento, um mês depois do lançamento por lá, arrecadou pouco mais do que a metade deste valor nos EUA! Sinal dos tempos. Mas não somente isso. Afinal, depois de todo este afastamento, tudo o que esperávamos era reencontrar aqueles tipos que chegamos a nos acostumar e a conhecer durante os nove anos em que o show esteve no ar. E o que vemos na tela desta vez certamente irá provocar muita frustração em quem for ao cinema com este pensamento.

Ao invés de teorias conspiratórias, dramas sobrenaturais e invasões alienígenas, o enredo de Arquivo X: Eu Quero Acreditar é bastante linear e simples, podendo até ser considerado comum. É uma história policial, e nada mais. Ou seja, qualquer filme do gênero poderia contar esta trama, não precisava necessariamente ser um ‘arquivo x’. Senão, vejamos: garotas aparentemente de foram aleatória começam a desaparecer. Um padre pedófilo (Billy Connolly, de Ainda Muito Loucos, 1998) afirma ter visões de onde estas mulheres se encontram. Os atuais investigadores, interpretados por Amanda Peet e o rapper Xzibit (xXx 2: Estado de Emergência, 2007), chegam à conclusão de que Mulder seria a pessoa ideal para resolver esta caso. Só que ele está sumido, e para encontrá-lo necessitam da ajuda de Scully, que largou a profissão e se dedica à medicina num hospital religioso. No final, tudo é bastante clichê, envolvendo uma rede de traficantes russos de órgãos e uma participação escassa dos protagonistas na solução do fraco mistério.

Outro ponto complicado, que acaba prejudicando o bom desenvolvimento da história, foi o ego do agora diretor Chris Carter, que estréia nesta função em longas-metragens (até então ele havia dirigido alguns poucos episódios da série). Apesar de ser o criador e roteirista de quase todos os capítulos, ele mesmo parece estar um pouco enferrujado, pouco familiarizado com as novas condições em que Scully e Mulder se encontram, prejudicando o ritmo e o andar dos acontecimentos. Claro que no início ela virou médica, ele um maluco de barba comprida isolado do mundo e que logo estarão como sempre estiveram, prontos para a maior bizarrice possível. Pena que esta não acontece. E se eles terminam com uma sensação de anti-clímax, imagina nós na platéia? Arquivo X: Eu Quero Acreditar tem o subtítulo ideal, mas, infelizmente, acaba servindo de comprovação de quem nem sempre o ditado está certo. Afinal, não basta querer para que tudo dê certo no final!

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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