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Sinopse

Molière é um jovem dramaturgo excursionando pela Europa em 1658 com sua trupe encenando tragédias. De volta à França, é preso por endividamento. Um ricaço paga as suas dívidas, mas com uma condição: ajuda-lo com o amor.

 

Crítica

Não será pelo diretor Laurent Tirard, nem pelo ator Romain Duris, que o público brasileiro irá se interessar pelo longa francês As Aventuras de Molière, um Irreverente e Adorável Sedutor (o título nacional não ajuda nem um pouco, também). Sua relevância está no biografado, o próprio Molière, o dramaturgo Jean-Baptiste Poquelin (1622-1673). Mas quem for ao cinema esperando encontrar todos os principais detalhes da vida do importante autor de textos clássicos como Tartufo e O Avarento provavelmente irá se decepcionar. Tirard – mais conhecido por aqui por ser o autor do roteiro da divertida comédia romântica A Noiva Perfeita (2006) – está mais preocupado em traçar um perfil psicológico e desvendar as origens do talento e das inspirações deste incrível personagem. Tendo isto em mente, o programa fica muito mais interessante.

As Aventuras de Molière começa com o próprio Molière e sua trupe teatral voltando à Paris, após 13 anos excursionando pelo interior do país, apresentando suas peças e construindo um nome que chegou a despertar a curiosidade do Rei. Mas Molière está cansado da comédia, e quer mostrar seu insuspeito potencial dramático. Mas será no passado, exatos 13 anos antes, que ele irá encontrar as motivações que o levaram ao caminho percorrido durante todo este tempo, numa divertida sucessão de erros e enganos, paixões e confusões, que o ajudaram a definir um estilo consagrado até hoje.

Romain Duris, astro de filmes como Em Paris (2006), entrega mais uma impressionante performance como o protagonista. Ele é a cara do filme, um dos mais carismáticos atores franceses desta nova geração, se entregando de corpo e alma a uma figura de altos e baixos, inconstante e incrivelmente talentosa, porém quase incapaz de se manter longe do perigo. Outro grande destaque do elenco é Fabrice Luchini, como o rico benfeitor que tira nosso herói da prisão para usufruir dos seus dotes artísticos e, assim, conquistar o coração de uma jovem viúva. Por esta atuação Luchini foi indicado ao César, o Oscar francês (numa das quatro indicações do filme) e ganhou o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante no Festival Internacional de Cinema de Moscou (onde o filme ganhou também o prêmio do público). Laura Morante (Medos Privados em Lugares Públicos, 2006) e Ludivine Sagnier defendem bem a participação feminina.

Bem-humorado, leve e envolvente, porém talvez um pouco extenso, As Aventuras de Molière é uma produção francesa que defende com carinho um verdadeiro patrimônio nacional, porém com cara e aspecto internacional. Caro – custou mais de 16 milhões de euros – teve uma boa bilheteria por toda a Europa, cumprindo a contento sua tarefa maior: eternizar na tela grande um nome que sempre merece ser lembrado. Não irá mudar a concepção de ninguém sobre este grande autor, mas enquanto iniciação já está de bom tamanho. E se provocar em alguém o desejo de ir atrás de suas obras, será melhor ainda!

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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