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Sinopse

As crianças Cris, Leo e Mona estão destinadas a se tornar Cristóvão Colombo, Leonardo da Vinci e sua musa Mona Lisa. Juntos, eles formam um grupo de descobertas científicas para tirar o atraso do período medieval.

Crítica

A animação brasileira há muito apresenta uma dicotomia interessante, ainda que injusta: muito se faz, mas pouco se vê. Festivais como o Anima Mundi e outros dedicados a este formato de cinema exultam a produção nacional como uma das melhores do mundo, e não à toa o país foi recentemente indicado ao Oscar da categoria com o célebre O Menino e o Mundo (2013), de Alê Abreu. Ainda assim, as maiores bilheterias das nossas animações em cinemas brasileiros são de filmes da década passada e não foram muito além dos 500 mil espectadores – um número infelizmente baixo quando comparado ao público das produções do gênero internacionais. As Aventuras do Pequeno Colombo (2015) pretende mudar esta equação.

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Longa-metragem de Rodrigo Gava que, entre roteiro e finalização, levou oito anos para ficar pronto, As Aventuras do Pequeno Colombo nasce de uma coprodução internacional com potencial para muitos mercados. Trata-se de uma narrativa infantil protagonizada pelo garoto do título, um jovem Cristóvão Colombo que recebe a alcunha de Cris pelos seus amigos, os pequenos Leonardo Da Vinci e Mona Lisa. Entre liberdades históricas e poéticas, a aventura do trio segue em alto mar na busca pela ilha de Hi Brasil, onde existem riquezas que podem tirar o pai de Cris da falência.

No roteiro de Pedro Ernesto Stilpen, há a suposição histórica divertida de que o trio de protagonistas, italianos contemporâneos dos anos 1400, eram amigos e participaram de aventuras pueris juntos em Genova, Itália. Ainda que se trate de uma animação direcionada ao público infantil, Stilpen derrapa ao trocar o realismo fantástico com que sua história se inicia por soluções e núcleos de personagens mágicos e mitológicos, que tornam sua trama ainda mais inocente. Assim, ela perde a potência que tem marcado a grande maioria das animações recentes de sucesso: o diálogo intergeracional, dotado de artifícios que encantam diferentes faixas etárias.

Responsável pelas duas animações brasileiras de maior público no país, Xuxinha e Guto Contra os Monstros do Espaço (2005) e Turma da Mônica: Uma Aventura no Tempo (2007), Gava situa o design de seus personagens e ambientações entre o traço tradicional do 2D e as intervenções digitais que o deixam mais contemporâneo. O resultado é próximo daquele visto em Atlantis: O Reino Perdido (2001), numa abordagem que mistura elementos reais e de fábula, comicidade e aventura. Há decisões questionáveis no que tange à alguns personagens, como o vilão Capitão Boneville, que lá pelo início do clímax se torna coadjuvante de outros antagonistas de menor força. O problema maior, no entanto, é com o personagem Zumba, único negro do filme, representado no estereótipo do malandro que furta e é subserviente ao seu patrão. A justificativa da escolha deve estar no regime escravocrata, porém a índole no personagem, mesmo com um final redentor, não justifica a construção arquetípica e preconceituosa.

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As Aventuras do Pequeno Colombo termina com potencial para conquistar plateias e não apenas as brasileiras; a construção de enredo, personagens e narrativa possui apelo universal. Resta que as atenções dos exibidores concedam o espaço adequado para uma produção brasileira frente aos seus muitos concorrentes norte-americanos.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Graduado em Publicidade e Propaganda, coordena a Unidade de Cinema e Vídeo de Caxias do Sul, programa a Sala de Cinema Ulysses Geremia e integra a Comissão de Cinema e Vídeo do Financiarte.
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