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Sinopse

A chata agente especial do FBI, Sarah Ashburn e a policial boca-suja de Boston, Shannon Mullins não podiam ser mais incompatíveis. Quando precisam juntar forças para trazer um perigoso traficante de drogas, elas se tornarão algo que ninguém esperava: amigas.

Crítica

Com uma auto-cobrança profissional para adentrar ao gênero dramático, Sandra Bullock pensou em desistir das comédias para ser levada (ironicamente, veja só) a sério. Atualmente a atriz, que conseguiu ganhar um Framboesa de Ouro e um Oscar no mesmo ano, lança sazonalmente um drama e uma comédia (neste mesmo ano vimos em Gravidade, 2013, de Alfonso Cuáron). Mostra assim, finalmente, sua versatilidade, mesmo que muitas vezes incompreendida. Mais reconhecida por papéis cômicos, ela reforça neste recente lançamento, As Bem-Armadas, o tipo de personagem que vem retratando há alguns anos: a workaholic e solitária que se descobre através de algum outro personagem que é seu oposto, caso aqui de Melissa McCarthy. Longe de mais um vexame como Maluca Paixão (2009), o filme também não se aproxima do humor inteligente de um A Proposta (2009) ou Miss Simpatia (2001), igualmente estrelados pela atriz e que possuem certa similaridade com o trabalho atual.

Kelson (Bullock) é uma agente do FBI que vive para seu trabalho. Competitiva, é considerada a melhor agente em operação. Certo dia ela se vê com um grande mistério nas mãos, caso esse que poderá lhe garantir a promoção que tanto almeja. Acontece que para conseguir tudo isso, seu caminho terá que se cruzar com o da policial Mullins (McCarthy), que possui processos um tanto quanto alternativos. Contrastantes, as duas agentes terão de unir forças para prender um perigoso traficante de drogas na cidade de Boston e, de quebra, aprender a lidar com as suas diferenças.

O roteiro de Katie Dipold (da série Parks and Recreation, 2009-2012), conta com algumas piadas engraçadas, mas se perde por ser repetitivo demais, desnecessariamente didático e subestimando seus espectadores. Diferente do texto de Missão Madrinha de Casamento (2011, dirigido por Feig e escrito pela excepcional Kristen Wiig), ou ainda dos roteiros de Miss Simpatia e Amor à Segunda Vista (2002), escritos pelo grande parceiro de Bullock, Marc Lawrence, aqui em As Bem-Armadas Dipold faz tudo parecer forçado e exagerado sem ser engraçado. A personagem de McCarthy se torna um peso em alguns momentos, da qual aguardamos mais algum tipo de insulto, ‘fucking something’ e chave-de-braço.

Já a personagem de Bullock é nada mais que a miss e agente Gracie Hart, de Miss Simpatia, com uma pouco de Lucy Kelson, de Amor à Segunda Vista, e Margaret Tate, de A Proposta. É só somar essas personagens, que o resultado será a atual protagonista. Um verdadeiro desperdício, pois a todo instante parece que já assistimos tal cena em um cenário diferente, em algum outro filme. Mesmo com Bullock adicionando algumas pitadas nas características de sua personagem que a diferenciam, a fórmula de As Bem-Armadas foi muito utilizada, e mesmo tentando explorar os filmes de duplas de detetives e policiais dos anos 1970 (principalmente em seus créditos iniciais, a exemplo de Starsky & Hutch, seriado de 1975) a produção somente ameaça e não prossegue por essa estética.

Carismática, quase uma Katharine Hepburn das comédias românticas dos anos 1990 e 2000, Bullock parece estar conquistando cada vez mais com sua dramaticidade, mas isso não é justificava para relaxar com o gênero comédia, que a levou ao topo. Se espera que suas escolhas sejam mais acertadas e menos repetitivas. E que os boatos sobre uma sequência para As Bem-Armadas (que tradução que dói!) sejam apenas rumores.

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é graduado em Cinema e Animação pela Universidade Federal de Pelotas (RS) e mestrando em Estudos de Arte pela Universidade do Porto, em Portugal.
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