float(10) float(3) float(3.3)

Crítica


6

Leitores


3 votos 6.6

Onde Assistir

Sinopse

O Destruidor está de volta e as Tartarugas Ninja terão de enfrentar novamente o seu mais temível algoz. O vilão planeja utilizar o mesmo líquido verde da mutação delas para produzir novos mutantes a partir dos humanos.

Crítica

É bom deixar claro bem de início: As Tartarugas Ninja 2: O Segredo do Ooze é um filme para crianças. Por mais que os personagens nos quadrinhos (e no longa-metragem original lançado em 1990) sejam mais violentos, os produtores viram por bem orientar a segunda produção da franquia para o público infanto-juvenil, decisão que pode ter frustrado os fãs mais velhos, mas que fez a festa da criançada no começo da década retrasada. O mais curioso de tudo é como aqueles personagens funcionam, mesmo para adultos. Podemos saber que são homens dentro de fantasias de tartaruga, mas nem por isso deixamos de acreditar neles. Algo parecido acontece com os Muppets. São claramente fantoches, mas com o decorrer da trama, suspendemos nossas descrenças e embarcamos na história como se estivéssemos vendo atores de verdade. Não à toa, ambos foram levados à luz pela equipe do mago Jim Henson, que nesta segunda aventura da franquia (com orçamento mais generoso) conseguiu criar fantasias mais críveis e tartarugas melhor acabadas.

Dirigido por Michael Pressman e escrito por Todd W. Laigen, o filme traz de volta Donatelo, Michelangelo, Leonardo e Rafael em uma aventura atrás de suas origens. O quarteto descobre que a mutação que transformou suas vidas se deu através de um lodo radioativo chamado ooze, criado de forma negligente pela empresa Tecno Global. Ao mesmo tempo em que as tartarugas buscam um novo lar após os eventos da aventura anterior, o Clã do Pé, capitaneado por um ressurreto Destruidor, começa a voltar a agir. O plano do arqui-inimigo das tartarugas é destruí-las com o mesmo material que as criou. Para tanto, rapta o cientista Jordon Perry (David Warner), que é coagido a criar duas mutações perigosas: Tokka e Rahzar. Sabendo que o Clã está em posse do ooze, as tartarugas ninja terão de deter os planos dos vilões, tendo a ajuda da sempre fiel repórter April O’Neil (Paige Turco), do entregador de pizza Keno (Ernie Heyes Jr.) e do sábio Mestre Splinter. O roteiro e as piadas das tartarugas funcionavam com as crianças da década de 90 (eu sei disso, pois era uma), mas é difícil saber se a geração de hoje, acostumada com os efeitos em computação gráfica embarcaria tão facilmente. O quarteto de heróis é carismático e a interação entre eles é divertida o suficiente para fazer rir. É verdade que algumas tiradas só funcionam com um público bem infantil, mas o clima do longa é tão solar que até os adultos podem deixar passar uma ou outra bobagem para se divertirem com o todo.

O que realmente impressiona em As Tartarugas Ninja 2 é a esmerada produção. As fantasias dos heróis são ótimas (as melhores da trilogia original) e o time de atores e dublês que defendem os personagens são incrivelmente bem preparados. É surpreendente acompanhar as boas coreografias de luta e lembrar que são pessoas dentro de fantasias pesadas fazendo aqueles malabarismos. Depois de pais terem reclamado da violência do primeiro filme, os produtores decidiram que as tartarugas não usariam suas armas neste longa-metragem. E nem precisaram. As cenas de luta são boas o suficiente para não sentirmos falta das espadas e nunchakus. A trama se desenrola bem, com chance de cada tartaruga exibir um pouco de sua personalidade – com destaque para Rafael, que mostra porque é o rebelde da turma. O filme, infelizmente, desanda no terceiro ato. E não apenas pela presença do rapper Vanilla Ice interpretando ele mesmo. O problema é a resolução do conflito entre os heróis e o Destruidor. Depois de se perseguirem o filme todo, não trocam um golpe sequer. Existe inclusive uma versão uber do vilão que é pobremente explorada. Um banho de água fria para quem esperava um grande embate.

Alegria da petizada na Sessão da Tarde da década de 1990, As Tartarugas Ninja 2: O Segredo do Ooze pode não ter o orçamento do novo filme, produzido por Michael Bay, lançado em 2014, mas tem personagens com alma e verdadeiro carisma. Algo que não pode ser criado em CGI, por mais que se queira.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
avatar
é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
avatar

Últimos artigos deRodrigo de Oliveira (Ver Tudo)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *