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Sinopse

Afetados por uma substância radioativa, um grupo de tartarugas cresce anormalmente, ganha força e conhecimento. Vivendo nos esgotos de Manhattan, quatro jovens tartarugas, treinadas na arte de kung-fu, Leonardo, Rafael, Michelangelo e Donatello, junto com seu sensei, Mestre Splinter, tem que enfrentar o mal que habita cidade.

Crítica

Há algo de podre no reebot de As Tartarugas Ninja e não apenas o “efeito Michael Bay”, que, apesar de não dirigir, é um dos produtores do filme. O longa “dirigido” por Jonathan Liebesman sofre de uma falta de identidade terrível ao mesclar elementos da saga Transformers com genéricos de ação que pipocam a todo instante com uma trama bobinha, previsível ao extremo e totalmente sem graça que só ganha força (e nem sempre) quando as tartarugas do título aparecem na tela.

Afinal, não tem como acreditar em Megan Fox como protagonista de qualquer coisa além de brigas com diretores, não é? Por sinal, chega até ser estranho que ela seja a estrela do filme que é produzido por Bay, com quem a atriz brigou no segundo Transformers (2009). Enfim, fofocas à parte, ela vive April O’Neil, repórter de televisão que só faz matérias bobas, mas que está em busca de um grande furo para conseguir conquistar o respeito dos colegas. Ele vem na forma das tartarugas, que começam a aparecer após os constantes ataques do misterioso Clã do Pé, comandado pelo Destruidor (Tohoru Masamune).

Como já dito, a trama e tão fraca que se revelar qualquer detalhe sobre o porquê deste clã querer realizar ataques em Nova Iorque, já se perde toda a graça. Não que haja muita. Os melhores trechos são quando o diretor usa e abusa dos ensinamentos do “mestre” Bay e realiza cenas de ação megalomaníacas que, aqui, funcionam muito bem e divertem ao extremo. Há apenas uma mais ao final que soa exagerada com um diálogo pseudo melancólico entre as tartarugas.

Por falar nelas, há de se aplaudir a decisão de fazer os personagens em CGI e não deixar atores vestidos com fantasias como nos longas do início dos anos 1990. As características de cada um estão lá: Leonardo como o líder sério do grupo sempre com a katana à mão; Donatello com sua inteligência apurada personificada (obvio) por um par de óculos; Michelangelo, o irritante que se acha mais engraçado do que realmente é; e Rafael, o guerreiro rebelde e, provavelmente, o personagem mais interessante do filme ao lado do Mestre Splinter, que aparece muito pouco.

Se por um lado as tartarugas divertem (ainda que pequem pelo excesso), sua constante parceria com April chega a níveis intoleráveis. Primeiro pela ligação forçada do passado entre a humana e os experimentos. Segundo pela atuação da atriz, que até parece se esforçar, coitada, mas não consegue sair da artificialidade. A April de Megan Fox é ingênua demais, estúpida demais, aérea demais. Nada que faça acreditarmos que ela é uma repórter investigativa de verdade, algo que mesmo Judith Hoag ou Paige Turco (atrizes que fizeram a personagem nos três filmes originais) conseguiram, mesmo sem grande talento. Só pela cena do metrô em que April/Megan se esconde atrás das vigas com cara de sedutora amedrontada... bom, é o atestado de “não há mais o que fazer”. Ainda mais quando Whoopi Goldberg dá as caras só para pagar as contas...

Apesar de todos estes pesares, ainda dá para se divertir, pois o filme tem um ritmo rápido, as situações não demoram a acontecer, os twists muito menos. Há humor, tem Splinter xingando, as tartarugas loucas por pizza, efeito legais (e até o 3D não é dos piores), enfim. Tudo bem esquematizado para aquele momento escapista em que não se deve pensar nada (em absoluto) para não menosprezarmos nossa própria inteligência. E que a continuação, já confirmada, corrija os erros deste primeiro título. As tartarugas e o público merecem. Cowabunga!

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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