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Crítica


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18 votos 7.4

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Sinopse

Após a pressão de uma senadora de idéias aparentemente feministas, uma oficial torna-se a única mulher em um grupo de elite da Marinha Americana e no treinamento terá de provar que pode suportar semanas de tortura física e emocional, com poucos acreditando que ela possa vencer. Na verdade alguns altos oficiais do governo e até mesmo a parlamentar que lhe apoiou estão torcendo pelo seu fracasso.

Crítica

Sabe aquele filme que promete confrontar padrões sociais, desafiar os preconceitos do estilo de vida americano e propagar uma bela e inspiradora ideologia? Até o Limite da Honra bem que tenta assumir esse papel, porém o que consegue é entregar uma série entediante de clichês, incoerências e momentos de vergonha alheia. Depois do fracasso de público e crítica de Striptease (1996), Demi Moore precisava de um projeto que a recolocasse na vitrine como uma intérprete de qualidade. O desafio de dar vida a especialista em topologia Jordan O'Neil, a primeira mulher a encarar o mais aterrador treinamento dos fuzileiros navais norte-americanos, parecia o caminho mais fácil para atingir seu objetivo. Assim, não precisaria ficar nua para chamar a atenção do público e poderia ser levada ao limite exigido pela trama. Contando com a ajuda de um diretor do calibre de Ridley Scott, era de se esperar que desse certo. Não deu. O filme é uma peça político-militar que mais parece um clipe de edificação que gerentes de recursos humanos apresentam para suas equipes.

Partindo de uma tramoia de uma influente senadora, que usa da bandeira da inserção de mulheres na Marinha para se beneficiar politicamente, a história anda de uma maneira confusa e até irritante. Confusa porque o roteiro dá saltos absurdos que não permitem que os personagens sejam apresentados da maneira apropriada, o que compromete consideravelmente seus respectivos desenvolvimentos. Irritante porque Ridley Scott, simplesmente, não parece ser Ridley Scott. As cenas de ação são filmadas de forma desnecessariamente ligeira, e a edição contribui ainda mais para a sensação de frenesi entre os arcos. A impressão que fica em alguns momentos é que estamos assistindo a um vídeo editado no Movie Maker, tamanho a desconexão entre os eventos que se sucedem.

Scott não decide o que pretende contar. E isso é o que mais incomoda. É um filme sobre a causa feminina? É. Mas, então, por que é necessário colocar Demi Moore sob uma luz diferenciada enquanto treina seu rijo e bronzeado corpo com exercícios localizados? O conceito de mulher objeto não é o total oposto do feminismo? É um filme sobre o "retrógrado" conservadorismo da política norte-americana? Então por que, em pontos cruciais, a própria protagonista assume esses valores? Se a intenção é abordar diversos pontos de vista e, assim, permitir que o expectador tire suas conclusões, o plano definitivamente não deu certo.

Apesar de tudo, é possível destacar uma coisa ou outra na produção. Viggo Mortensen, como o comandante John Urgayle, e Anne Bancroft, como a senadora Lilian DeHaven, arrebatam as atenções quando estão em cena. Ele muito mais, já que fica bem mais tempo na tela. A trilha sonora também é excelente! Daquelas que você faz questão de correr atrás e ouvi-la na íntegra. Assim como alguns quadros – quando não prejudicados pela péssima edição – conseguem tirar uns sorrisos de quem assiste, de tão lindos que são.

Até o Limite da Honra é repleto de clichês sentimentalistas que escondem qualquer intenção ideológica ou social e revelam apenas um propósito que, por mais bem intencionado que seja, soa extremamente fugaz: contar uma historinha moralizante e edificante. Ou seja, tirando os ideólogos de esquerda, as feministas e alguns funcionários de empresas que trabalhem com metas, é difícil alguém realmente gostar do filme.

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Eduardo Dorneles é estudante de letras, amante de cinema, literatura, HQs e mantém um blog de crônicas e contos (edorneles.blogspot.com) .
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