Crítica
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Sinopse
Tino e Jane são salvos da falência pela inesperada herança do Tio Olavinho. O problema é que o testamento traz um pedido incomum: o ricaço deseja que suas cinzas sejam lançadas no Grand Canyon. Aproveitando a viagem, o casal resolve dar uma esticadinha em Las Vegas, a terra dos cassinos, uma tentação para o perdulário Tino.
Crítica
Há filmes que confrontam o bom gosto. Não só dos cinéfilos mais exigentes, mas do público em geral mesmo. Aqueles que vão ao cinema para se divertir de forma escapista, sem querer questionar o que lhe é apresentado na tela. Ora, cinema não é só arte, mas também entretenimento. Porém, mesmo tendo isso em mente, é difícil não ficar com a carranca mal humorada quando uma produção do naipe de Até que a Sorte nos Separe 2 estreia nas telas. E, se alguém não gostou do primeiro filme (que já não era grandes coisas), pode fugir o mais rápido possível desta precária continuação.
O diretor Roberto Santucci volta a contar a história a partir do momento que o longa antecessor parou. Tino (Leandro Hassum) e Jane (agora, Camila Morgado) vivem num apartamento sem luxo nenhum, com as contas de luz e água vencidas e almoçando cachorro-quente com os dois filhos. Isto até receberem a notícia de que um tio dela morreu e a deixou metade de seus milhões, dividindo o resto da herança com a mãe (Arlete Salles). A única exigência é que suas cinzas sejam espalhadas no Grand Canyon. Desculpa perfeita para o casal e as crianças viajarem a Los Angeles e se hospedarem num hotel-cassino onde o óbvio irá acontecer (novamente).
Tudo beira ao fracasso em Até que a Sorte nos Separe 2. Leandro Hassum insiste nas piadas sem graça e autodepreciativas sobre seu personagem: o gordo preguiçoso e bem longe de ser inteligente que interpreta. Quando fala em um tom infantil, então, o público só se questiona como Jane, sua mulher, consegue aguentá-lo. Afinal, ele perde todo o seu dinheiro (duas vezes), não ajuda em nada na lida doméstica e é um porco no que diz respeito aos hábitos alimentares e afins. Quando resolve entrar num show de striptease então... bom, sem comentários.
Camila Morgado é uma boa atriz, disso não há dúvida. Seja para o drama ou a comédia. Porém, mesmo a intérprete de Olga (2004) acaba eclipsada pelo roteiro fraco e sem nexo da trama. Ainda por cima, como teve que substituir Danielle Winits, sua interpretação parece não ter vida própria. Por um lado, tenta ser como a antecessora (afinal, o papel é o mesmo), porém, de outro, acaba atingindo notas menores justamente por ser uma cópia malsucedida. Sua única cena interessante é logo no início do longa (aliás, 90 minutos que parecem durar dias), quando só ouvimos sua voz discutindo com o marido e os filhos, mostrando nada além de sua silhueta e Tino olha para a esposa e fala: “nossa, mas você tá diferente mesmo”. A única piada sobre o próprio filme que parece causar algum sorriso.
Nem as participações de Jerry Lewis (sim, o Professor Aloprado original) como um camareiro metido a engraçadinho e de Anderson Silva (exato, o campeão do UFC) como um espião são motivos de alegria. O primeiro por precisar pagar as contas, ao que parece, pois não tem graça nenhuma. O segundo por... oras, Anderson Silva não é ator. Ele até tenta, mas no fim é apenas uma participação, no máximo, simpática.
Resta saber se teremos que aturar uma terceira parte da comédia nos cinemas. Se o filme alcançar o sucesso do primeiro (o que não é nada imprevisível), o espectador pode se preparar para mais piadas sem graça no final do próximo ano. Porém, se a expectativa é rir de algo, no mínimo, inteligível, é bom nem passar perto da sessão.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Matheus Bonez | 2 |
Francisco Carbone | 3 |
Cecilia Barroso | 3 |
MÉDIA | 2 |
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