Crítica
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Sinopse
Crítica
Em seu terceiro longa-metragem, o ótimo Aterrorizados, o argentino Demián Rugna mostra habilidade para construir a atmosfera de horror. Sem abrir mão de alguns sustos, mas nunca os utilizando em detrimento da história, o cineasta concebe uma produção que bebe na fonte dos títulos de horror japoneses, de clássicos do cinema de gênero, como Poltergeist: O Fenômeno (1982), mas não se priva de construir algo original – o que vale muito quando estamos falando da velha história da casa mal-assombrada. Aqui, no caso, não se trata apenas de uma casa, mas de uma vizinhança com um encosto terrível. Um pequeno twist que faz toda a diferença no produto.
Rugna assina o roteiro e propõe logo de início um cenário de suspense. Assustada por ouvir vozes que vêm do ralo da cozinha, mulher confidencia ao marido o seu medo, mas é rechaçada por ele – o vizinho está em obras, esta é a explicação mais prática. À noite, no entanto, as batidas na parede se tornam violentas e, sem conseguir dormir, o homem parte para cima do vizinho em busca de explicações. Sem conseguir falar com ele, volta para casa e descobre que é sua mulher quem está fazendo o barulho. Pior. É o corpo dela sendo empurrado brutalmente contra a parede por uma força sobrenatural. Lógico que ninguém acreditaria nessa história, a não ser um trio que procura respostas extraordinárias. Ele parte para aquelas cercanias, já sabendo que outras ocorrências fantásticas haviam se dado. A mais misteriosa, o retorno do corpo de um menino atropelado há alguns dias por um ônibus. O trio é acompanhando por um delegado medroso que tentará ajuda-lo na investigação do caso e que tem um passado com a mãe do garotinho falecido.
Aterrorizados não tem uma estrutura linear e é provável que essa escolha tenha sido feita muito mais pelo impacto que a cena do corpo da mulher no banheiro teria logo de início do que qualquer outra coisa. Não existem segredos revelados pela quebra temporal da narrativa, o que deixa claro que o recurso é meramente estilístico. De qualquer forma, Rugna é inteligente ao abrir o filme com aquela imagem, já deixando claro para os espectadores qual será o clima geral do longa-metragem.
Além de ter caprichado na aparência do “monstro” que aparece de vez em quando na história, o cineasta e sua equipe tiveram muito esmero na concepção da banda sonora da produção. Cada detalhe é muito bem pensado – desde o barulho da gota da torneira em que o menino bebe sua água, passando pelo ranger das tábuas do assoalho, chegando ao som dissonante dos efeitos que surgem ao se aproximar uma ameaça. Tudo relacionado ao som de Aterrorizados chama a atenção e constrói uma camada arrepiante. Não fossem eles, o resultado seria bem diferente, certamente.
As atuações, num todo, são acima da média e o destaque fica para o protagonista Maximiliano Ghione, que vive o assustado policial do longa. O trabalho dele é representar a plateia, algo que faz com gosto. Outro destaque fica por conta do da figura assustadora do menino que ressurge após o seu funeral. Todas as cenas envolvendo o corpo “inerte” do garoto na cozinha de sua casa são arrepiantes. Rugna sabe muito bem quando mostrar e não mostrar as ameaças que seus personagens estão vivendo. Essa é a chave de sucesso de Aterrorizados. O longa argentino foi exibido em mostras internacionais e venceu na categoria Melhor Filme no Montevideo Fantastico. No Brasil, teve sua primeira exibição no Fantaspoa, Festival Internacional de Cinema Fantástico de Porto Alegre.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Rodrigo de Oliveira | 8 |
Thomas Boeira | 7 |
Chico Fireman | 6 |
MÉDIA | 7 |
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