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Sinopse

Cinco anos após Katie matar a irmã, Kristin, e o cunhado, Daniel, e levar consigo o sobrinho, Hunter, eles vivem juntos em um pacato subúrbio. Na casa ao lado mora uma adolescente, Alice, que acompanha os passos do garoto sem que ele perceba, ao menos aparentemente. Até que estranhos eventos acontecem em sua casa, colocando-a em perigo.

Crítica

Depois do sucesso impressionante de Atividade Paranormal, o primeiro da série, filmado em 2007 mas lançado nos cinemas somente em 2009, o produtor Akiva Goldsman – vencedor do Oscar de Melhor Filme por Uma Mente Brilhante (2001) e responsável por campeões de bilheteria como Sr. & Sra. Smith (2005) e Eu Sou a Lenda (2007) – resolveu tomar esse fenômeno para si, tornando-o uma mina de ouro particular. Se o longa original custou meros US$ 15 mil e somou em todo o mundo cerca de US$ 200 milhões (um faturamento de quase 13 mil vezes o investimento), os dois episódios seguintes – Atividade Paranormal 2 (2010) e Atividade Paranormal 3 (2011) – já com o nome de Akiva na produção, custaram significativamente mais – US$ 3 milhões e US$ 5 milhões, respectivamente – mas ainda assim muito abaixo dos padrões hollywoodianos. E os retornos econômicos foram igualmente superlativos: o segundo arrecadou US$ 177 milhões, enquanto que o terceiro alcançou os US$ 205 milhões. Portanto, seguindo a lógica de um novo filme por ano, nada de muito diferente deve se esperar deste Atividade Paranormal 4: o mesmo formato dos anteriores, agradando com sustos gratuitos aqueles já convertidos, ao mesmo tempo em que busca arrebatar para o seu séquito um ou outro curioso. A se lamentar, no entanto, é que após seu término poucos, além do próprio Goldsman, estarão com um sorriso satisfeito no rosto.

Assim como aconteceu com as sequências anteriores, esse quarto filme é quase uma refilmagem do primeiro. Montado a partir do suposto registro amador feito por webcams, câmeras digitais, de vigilância e celulares, mostra o que acontece a uma família a partir do momento em que ela passa a ser perturbada por manifestações sobrenaturais. Então temos muita câmera na mão, imagens tremidas e situações completamente inverossímeis. Não pelo inexplicável do além – no creo en brujas, pero que las hay, las hay – mas pelo simples fato de quem ninguém em sã consciência seguiria carregando um laptop diante de fenômenos tão aleatórios! Mas, enfim, ignorar absurdos como esses faz parte do jogo desenhado quatro filmes atrás.

Atividade Paranormal 4 avança muito pouco na mitologia da série, oferecendo uma tímida explicação para os desaparecimentos de Katie (Katie Featherson), sumida no final do longa original, e Hunter (Brady Allen), sobrinho dela e sem notícias desde a conclusão do segundo filme. Os dois, na verdade, estão juntos – ela matou a irmã, o cunhado e a filha deste – e foram morar juntos. Ao se mudarem, coisas estranhas passam a acontecer na residência da frente. Principalmente depois de Katie ir parar num hospital e Hunter – agora batizado como Robbie – ter que passar alguns dias com os vizinhos. Junto com ele, é claro, está o espírito do mal, que escolheu aquela nova família – pai, mãe, filho caçula e filha adolescente – para seduzir (o garoto) e destruir (os demais). A única que nota algo estranho é a jovem e seu melhor amigo, justamente por registrarem cada minuto com suas câmeras digitais. Mas quando facas passam a desaparecer, portas se abrirem e fecharem aleatoriamente e lustres caírem do teto, entre outras gracinhas fantasmagóricas, logo todos perceberão – alguns tarde demais, no entanto – que há algo de muito estranho acontecendo.

O grande problema de Atividade Paranormal 4 é sua falta de ousadia em avançar numa trama que tinha dado grandes passos no episódio anterior. Não por acaso Atividade Paranormal 3 é, ao lado do primeiro, o mais bem sucedido da série. Este quarto segmento está mais para um passo em falso, com atores pouco convincentes que não conseguem esconder seus desânimos com quão rasos são seus personagens (os pais são particularmente fracos). A falta de qualquer tipo de explicação – por quê assombrar a nova família? Por quê os assassinatos? Por quê as crianças menores são as primeiras a serem escolhidas? Por quê aquela aglomeração de mulheres demonizadas? – e a demora em perceberam o que de fato se passa na casa colaboraram na irritação crescente que vai se desenvolvendo no espectador. E sem jogar ao lado daquele que paga o ingresso, a série, com esse novo filme, parece destinada a repetir o mesmo destino de outra recente – Jogos Mortais (Saw, que durou de 2004 até 2010, com sete capítulos no total) – que teve um início excitante, mas foi tão desgastada até se tornar numa piada de mau gosto.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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Robledo Milani
4
Thomas Boeira
2
MÉDIA
3

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