Crítica
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Sinopse
Harry é um professor que vive numa pequena comunidade do Oregon, nos Estados Unidos. E ele é uma testemunha privilegiada dos movimentos dos moradores por conta das artimanhas do amor.
Crítica
Pelo título chegamos ao cinema com uma ideia pré-concebida: gastronomia e paixão numa comédia romântica bem convencional. Mas Banquete do Amor tenta fugir destes estereótipos, mesmo que sem muito sucesso. E, de boas intenções o inferno está cheio, já diz o ditado. Entretanto há alguns pontos positivos da produção, a começar pela direção do veterano Robert Benton - vencedor de três Oscar, pela direção e roteiro de Kramer vs. Kramer (1979) e pelo roteiro de Um Lugar no Coração (1984) - e pelo elenco, encabeçado pelo ótimo Morgan Freeman, ao lado de nomes como Greg Kinnear, Jane Alexander, Selma Blair e Radha Mitchell, entre outros. Assim, entre tantos créditos merecedores de uma atenção mais apurada, a curiosidade não teria como não se justificar. Pena que esta resposta não seja das mais completas.
A referência do título - que nada mais é do que a tradução perfeito do nome original - é um tanto enganadora. Banquete do Amor pouco tem a ver com culinária, e sim tem relação com o conceito de fartura, opções variadas e diversidade de atrações. Assim é composta a trama, que fica no meio termo entre filmes-corais, como os longas do saudoso mestre Robert Altman (Short Cuts, Gosford Park) e o vencedor do Oscar Crash: No Limite, por exemplo, e enredos mais lineares. Somos colocados diante de uma história protagonizada por um "espectador", no caso o professor interpretado por Freeman. Ele é frequentador assíduo de uma cafeteria que pertence à Greg Kinnear (Melhor é Impossível). Este, por sua vez, é um homem cego pela felicidade artificial em que acredita viver, o que inevitavelmente acaba gerando problemas nos seus relacionamentos - ele acha que tudo está sempre ótimo, até o que mundo desmorona aos seus pés.
A primeira esposa descobre que é lésbica, a segunda tem um amante desde antes do casamento. Há também o jovem atendente que passa por um caso típico de 'paixão à primeira vista', quando uma garota surge no café procurando por emprego. A atração entre eles será imediata, mas uma tragédia se anuncia desde o início no caminho dos dois. Por fim há o próprio Freeman, que guarda também uma profunda tristeza no seu passado, algo que talvez só a convivência com a esposa (Alexander, dona de quatro indicações ao Oscar e vista recentemente em produções tão distintas quanto A Pele, de 2006, e O Chamado, de 2002) possa ajudá-lo a superar. Apesar de cada núcleo agir, ao menos no início, de forma aparentemente isolada, todos acabam fluindo para um destino em comum.
Baseado num romance de Charles Baxter de muito sucesso nos Estados Unidos, Banquete do Amor não confirmou essa proximidade com o público ao chegar às telas, arrecadando nas bilheterias pouco mais de US$ 3,5 milhão. Talvez o maior problema esteja mesmo no roteiro, que parece atirar para todos os lados e acertar em poucos alvos. Há o casal idoso, o maduro e o jovem, há o homossexual e o interracial, há o drama na juventude e na velhice, há o perigo das drogas e do álcool, o abandono e o reencontro. Mas, apesar desta previsibilidade, com certeza existirão aqueles, como eu, que se deixarão levar por esta produção que aposta no carisma do seu elenco e na sinceridade das emoções vividas pelos personagens como seus pontos fortes. Com certeza não irá mudar a vida de ninguém, mas se conseguir se comunicar com alguns sentimentos interiores, já terá valido a pena. Até porque, neste banquete, será quase impossível não se identificar com alguns dos 'pratos' dispostos. Mesmo que esta diversidade acabe resultando numa falha de foco.
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