Crítica
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Sinopse
Depois da revolução na Rússia, um aristocrata decadente, um padre e um cômico saem em busca de um tesouro escondido por judeus. E esse tesouro está escondido numa das 12 cadeiras de jantar de uma casa de Moscou.
Crítica
Banzé na Rússia é uma comédia mais sutil de Mel Brooks, que faz rir menos do que, por exemplo, Banzé no Oeste (1974), ou sua obra-prima O Jovem Frankenstein (1974). É, de fato, um projeto menor e mais contido, mas não por isso menos eficiente em divertir. Embora suas gags não façam rir com tanta frequência, acompanhar a obsessiva busca dos personagens pelas doze cadeiras do título original (The Twelve Chairs) é empolgante o suficiente para fazer do longa mais um daqueles memoráveis da fase de ouro da carreira do experiente cineasta.
Na Rússia da década de 1920, pós-revolução comunista, um antigo ricaço de Moscou descobre que sua sogra escondeu todas as preciosas joias da família no estofamento de uma das doze cadeiras de jantar da mansão onde viviam, antes que os agentes do Estado pudessem colocar as mãos nelas. É aí que Vorobyaninov (o recentemente falecido Ron Moody) tem de se juntar com o carismático e eloquente golpista Ostap (Frank Langella, inacreditavelmente jovem) para encontrar todas as cadeiras antes do ganancioso padre Fyodor (Dom DeLuise).
Sobrevivendo graças à dinâmica entre os dois protagonistas, o filme se encerra com uma cena que, muito além de ser divertida por revisitar uma piada anterior, é também tocante por assegurar ao espectador que eles continuarão amigos, apesar das diferenças. E especificamente o plano final é belo por retratar o espírito comunista (embora não a realidade, infelizmente) da classe popular soviética na época, colocando a antiga nobreza em comunhão com os que costumavam ser as outras classes, fazendo de todos um espetáculo só. Considerando que Banzé na Rússia é de 1970, época em que as coisas entre a URSS e os Estados Unidos já estavam bastante atribuladas, e talvez por isso mesmo, nota-se que ele é respeitoso, embora não deixe de apontar ocasionalmente em forma de crítica coisas como “O Estado é ateu!”, algo que ainda atualmente jamais seria aceito em solo norte-americano.
Ron Moody é notável como Vorobyaninov. Primeiramente calmo, vai deixando escapar por meio de ataques de fúria graduais e mais frequentes sua pompa reprimida por tantos anos de uma vida mais simples, mostrando-se mais animalescamente desesperado conforme tem de lidar com as adversidades da sua busca. E o filme deveria ser assistido, senão por nenhum de seus outros méritos, ao menos pela composição de personagem, já que o ator entende que qualquer figura vista na tela tem um passado. Isso fica visível na maneira como, por exemplo, o protagonista endurece o corpo sempre que tem de encenar seja o que for – e a cena do teatro é especialmente engraçada apenas por sua performance corporal. Um cuidado que, infelizmente, a maior parte dos intérpretes do gênero hoje em dia parece dispensar, afinal, é comédia, então porque se aprofundar tanto?
Em contraste com Moody entra em cena Ostap, uma espécie de Jack Sparrow sem os maneirismos. Esperto e dissimulado, o trambiqueiro é o oposto de Vorobyaninov na forma como lida calmamente com os imprevistos que a vida na pobreza já o haviam ensinado a esperar. Uma figura enérgica e carismática que ganha a pele de Frank Langella, muito distante dos tipos sinistros e soturnos pelos quais conhecemos o ator hoje. Na verdade, ainda é muito difícil conciliar o Nixon de Frost/Nixon (2009) de Ron Howard com o jovem astuto negociando com Moody em um diálogo hilário, do tipo que embasaria os trabalhos de cineastas dinâmicos e ácidos como Edgar Wright atualmente. E se cineastas como Wright são os expoentes do humor inteligente e ágil nos dias de hoje, filmes como este provam que Brooks era um na sua própria época – como sempre, ele chega a fazer uma aparição aqui - e que falta faz esse seu velho talento.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Yuri Correa | 8 |
Chico Fireman | 8 |
MÉDIA | 8 |
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