Crítica
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Sinopse
Relatos de desconhecidos e de celebridades ajudam a compreender um pouco os efeitos do do movimento chamado BROCK, bem como do processo criativo do grupo Barão Vermelho, especialmente a parceria de Frejat e Cazuza.
Crítica
No mesmo ano em que os fãs do Barão Vermelho testemunham a segunda mudança de vocalista desde a gênese do grupo, em 1981, com a saída de Roberto Frejat e entrada de Rodrigo Suricato, eles ganham esse Barão Vermelho: Por Que a Gente é Assim, documento interessante e relevante a respeito da história da banda, uma das mais importantes e influentes da música nacional. A cineasta Mini Kerti, que já havia feito uma ótima série documental/musical com o mítico Andre Midani, Do Vinil ao Download (2015), volta sua câmera para a banda carioca formada por Cazuza, Roberto Frejat, Guto Goffi, Dé e Maurício Barros. O resultado é uma ode ao grupo, fechando de forma pungente a trajetória de Frejat à frente da banda.
Barão Vermelho: Por que a Gente é Assim abre com Cazuza apresentando seus companheiros de palco, como era de praxe nos shows do Barão. Com isso, cada um dos membros originais ganha espaço para contar sua história. A importância do conjunto não deve ser ignorado. No começo dos anos de 1980, o Brasil viu uma verdadeira enxurrada de grupos de rock surgirem. Em 1982, com a primeira rádio rock no Brasil e com a gênese de bandas como Blitz, Kid Abelha e, claro, o Barão Vermelho, iniciou-se um movimento conhecido como BRock, a era de ouro do gênero musical no país. Com talento para letras profundas e o peso das guitarras remetendo a grupos clássicos como os Rolling Stones, o Barão Vermelho logo se destacou.
Ajudava o fato de Cazuza ser um frontman ímpar, conduzindo a plateia por apresentações catárticas. A trajetória dele no grupo não durou muito, pouco mais de cinco anos e apenas três discos. Mas esse período ecoa até hoje na trajetória da banda. Não à toa, é a fase do Barão que mais ganha destaque no documentário. Sabemos como cada um dos músicos entrou no grupo, o contato com o produtor e jornalista Ezequiel Neves, que os descobriu através de uma fita demo, a assinatura com a gravadora Som Livre – cujo pai de Cazuza, João Araújo, era presidente – e os primeiros shows no Circo Voador, local imprescindível para a criação da cena rock do Rio de Janeiro. Mini Kerti costura bem os depoimentos dos membros do Barão com cenas de época, transformando o documentário em um programa muito prazeroso para os fãs e para os eventuais neófitos.
Com a saída pouco amigável de Cazuza do grupo, Frejat foi alçado a vocalista, passando a contar com os demais músicos da banda como colaboradores nas composições. A partir dali, o Barão Vermelho acabou tendo diversas formações, com a inclusão de músicos como Peninha, Fernando Magalhães e Rodrigo Santos e a saída de outros como Dé, Maurício Barros (que voltou e até hoje segue no Barão) e Dadi Carvalho. De forma rápida (até por falta de tempo), o documentário segue a discografia da banda, tendo até críticas negativas por parte dos membros do grupo a respeito de alguns discos controversos. Maurício não gosta do “Rock N Geral”, Guto Goffi não tem saudade da fase eletrônica de “Puro Êxtase”, e por aí vai.
Tendo gravado depoimentos com pessoas que já faleceram e foram importantes para o Barão como Peninha, Ezequiel Neves e João Araújo, Barão Vermelho: Por que a Gente é Assim se mostra um documentário essencial. Pelo tamanho da trajetória dos retratados, poderia ser uma série, com mais tempo para se debruçar em alguns momentos importantes do conjunto. Estão ali, claro, a participação importante de Ney Matogrosso e Caetano Veloso na trajetória do Barão, o show no primeiro Rock in Rio, as diversas apresentações em canais de televisão, os clipes da MTV. São 107 minutos bem aproveitados, mas que parecem um tanto corridos quando temos em mente os caminhos sinuosos pelos quais o Barão Vermelho tomou nos seus quase 40 anos. De qualquer forma, é um belo documento sobre um dos nomes mais relevantes da história da nossa música.
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