Beija-me, Idiota
Crítica
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Sinopse
Quando o mundialmente reconhecido cantor "Dino" (Martin, em uma hilariante paródia) passa por Climax, Nevada, ele não esperava conhecer dois aspirantes a compositores com um plano de sequestrá-lo e mantê-lo preso para que escute suas canções. O que eles não sabiam era do insaciável apetite de Dino...por mulheres e vinhos! E quando um dos compositores descobre que a sua própria esposa já foi presidente do fã-clube de Dino, ele contrata uma esposa substituta (Kim Novak) para deixar o cantor "cheio de vontade" de comprar suas músicas!
Crítica
Billy Wilder já havia ganho diversos prêmios até os anos 1960, entre eles alguns Oscar por Farrapo Humano (1945), Crepúsculo dos Deuses (1950) e Se Meu Apartamento Falasse (1960), quando resolveu filmar a comédia Beija-me, Idiota. Longe dos melhores ou mais populares do diretor, este filme é mais lembrado pelo quase protagonismo de Marilyn Monroe (a atriz morreu meses antes da produção começar) do que por qualquer outro motivo. Ainda assim, um Wilder menor é sempre acima da média.
O enredo é feito da clássica situação do mocinho bem intencionado que encontra um vigarista e tenta bolar um plano infalível para se dar bem na vida. No caso, o famoso cantor Dino (Dean Martin) precisa fazer um desvio no caminho para chegar a Los Angeles. Com isso, acaba em uma pequena cidade, onde conhece o ciumento pianista Orville Spooner (Ray Walston) e o frentista e compositor amador Barney (Cliff Osmond). Loucos para vender suas músicas, os dois planejam mandar a mulher de Spooner, Zelda (Felicia Farr), para longe de casa, e substitui-la pela “mulher da vida” Polly (Kim Novak). A ideia “genial” é fazer o ninfomaníaco Dino passar a noite com a “esposa” de Orville e assim conseguir apresentar suas canções. Detalhe: é o dia em que o casal comemora cinco anos de casamento.
Como nas boas comédias de erros, Wilder investe em situações inusitadas e em desencontros quase inverossímeis para causar risos na plateia. Chega a ser teatral a composição e a troca incessante de cenários para que o plano dê certo, a esposa não desconfie de nada, muito menos Dino, e a troca de mulheres seja imperceptível. Aliás, não se sabe qual dos dois personagens principais, o cantor ou o pianista, é mais idiota (sem ofensa, o próprio título sugere). Enquanto um acredita que causa comoções apenas por ser famoso, o outro quase põe tudo a perder a cada segundo por suas confusões, ciúmes e falta de memória.
O grande erro do diretor é justamente este: focar o primeiro ato nos seus personagens masculinos e deixar as mulheres em segundo plano, pois elas são as mais bem construídas, têm as melhores sacadas e são muito mais divertidas que seus colegas. A espirituosa Polly, a Pistoleira, é apresentada após 45 minutos de filme. Zelda, a mulher do protagonista, só mostra a que veio quando o longa já passou da metade. E, quando as duas se encontram, acontece a melhor cena com o mais divertido e inesperado diálogo da produção. As intérpretes estão muito à vontade nos respectivos papéis, dando um ar mais natural e realmente engraçado à produção.
Desta vez, Billy Wilder cutuca de leve a indústria fonográfica, o adultério e, de forma quase implícita, o sonho americano sob a ótica de uma cidade pequena. Não faltam falas em que estas críticas são mais pontuais, especialmente quando Spooner explode com Dino. Ainda assim, tudo é feito de forma simples, quase como se o cineasta estivesse realizando o filme a toque de caixa. Beija-me, Idiota está a anos-luz em comparação a outra comédia do mesmo cineasta, o genial Quanto Mais Quente Melhor (1959) e, talvez por isso mesmo, tenha sido recebido de forma tão morna na época. Porém, é um bom passatempo. Com Wilder, é impossível ser menos.
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