Crítica
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Sinopse
O romance secreto entre o presidente Juscelino Kubitschek e Maria Lúcia, esposa de um deputado. Tudo começou num voo, em 1958, e durou aproximadamente 18 anos, até que JK morresse num acidente automobilístico.
Crítica
O diretor Zelito Viana é um persistente no cinema autoral brasileiro. Suas produções ainda mantém um estilo tradicional, sem grandes surpresas, porém fiéis a um espírito narrativo consciente e ordenado. E é dentro destes parâmetros que se estabelece Bela Noite Para Voar, seu novo trabalho. Quase uma década após seu último longa, Villa-Lobos: Uma Vida de Paixão, ele retorna às telas mais uma vez com uma cinebiografia. E se o enfocado não é um artista, e sim um dos mais importantes políticos da história nacional, ao menos mantém como semelhança o fato de se tratar novamente de um visionário: o ex-presidente Juscelino Kubitschek (interpretado com empenho por José de Abreu, que mesmo não sendo fisicamente parecido está num registro bastante dedicado).
Com produção empenhada da Caribe Filmes e baseado no romance homônimo escrito por Pedro Rogério Moreira, Bela Noite Para Voar centra sua ação em meras 24 horas da vida de Juscelino, para assim, através de flashbacks, pronunciamentos e lembranças, ilustrar este personagem que se inseriu dentre as grandes figuras deste país. O encontramos no ano de 1958, quando já era Presidente da República e a construção de Brasília seguia a todo vapor. Enquanto viaja de estado a estado levando sua palavra de ordem, seus conselhos e visões de como imaginava este novo Brasil a ser construído “50 anos em 5”, um pequeno grupo de oficiais da Aeronáutica prepara um motim, sabotando o avião presidencial para causar a morte do líder da nação e, assim, abrir espaço para um eventual governo militar. Como se sabe, os conspiradores não foram bem sucedidos, porém o fracasso nesta empreitada particular não os demoveu destas intenções – apenas adiou-as por alguns poucos anos.
Uma personalidade importante nesta trama e muito pouco revista historicamente é “Princesa” (Mariana Ximenes, no ponto morto), a suposta amante que o presidente mantinha em Belo Horizonte. Com um pouco de imaginação e liberdade artística, Viana a coloca como a principal salvadora, a mulher que teria percebido com antecedência a iminência do acidente e se tornado responsável por ter garantido a segurança dele. Mas é esta combinação de inspiração ficcional com cuidados biográficos que pode tornar Bela Noite Para Voar um pouco confuso: nunca há muita certeza se o que estamos presenciando aconteceu ou não, qual a veracidade destes fatos e qual a relevância num contexto global dos eventos ilustrados.
A tentativa de construir um suspense em cima de algo que todo mundo já sabe o final não se dá de forma tão competente quanto a vista no recente Operação Valquíria (sobre um suposto ataque à Adolf Hitler, que obviamente também não foi bem sucedido), mas apresenta seus momentos mais iluminados. A bela reconstituição, os cenários e figurinos, além do impressionante elenco de apoio – que inclui ainda Marcos Palmeira (filho do diretor), Julia Lemmertz, Alexandre Borges, Wolf Maia e Cecil Thiré, entre tantos outros – conseguem firmar a atenção do espectador, ainda mais diante da garantia de um enredo enxuto, centrado em menos de 90 minutos de duração. O que, neste caso, é um mérito e tanto. Bela Noite Para Voar não faz jus à importância do retratado, mas serve como uma bela introdução a um período histórico tão relevante no nosso passado recente.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 6 |
Alysson Oliveira | 4 |
MÉDIA | 5 |
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