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Sinopse

Tensa e regrada, a policial Cooper precisa proteger a integridade física de Daniella, viúva de um traficante, que pode desmantelar carteis com seu testemunho. Elas atravessam o Texas tendo policiais corruptos e bandidos em seus encalços.

Crítica

Há diferentes níveis de incompetência: temos, por exemplo, Minions (2015), em que não se percebe o potencial de personagens que só faziam rir por serem coadjuvantes; temos também Histórias Cruzadas (2011), um pouco mais grave, no qual não se dissimula uma mentira racista disfarçada de melodrama militante; e cavando um pouco mais, a gente esbarra em Belas e Perseguidas. Sim, porque é preciso muita incompetência para fazer Sofia Vergara e Reese Witherspoon, juntas, não gerarem sequer uma leve contração muscular que indicasse a passagem de um sorriso, quanto mais uma gargalhada.

Sofia Vergara é uma piada pronta. Desde que despontou no ótimo seriado Modern Family (2009-), tudo o que tem feito é se repetir – e isso não é um demérito! Woody Allen e Robert Downey Jr., por exemplo, fazem o mesmo, também trabalhando sempre em cima das personas que criaram – e funcionam, assim como Vergara quase sempre acerta. Quase, porque aqui, quando a sua Daniella Riva entra em cena como uma testemunha sob a proteção da oficial Cooper (Witherspoon), não lhe sobram muitas opções além de buscar brechas no roteiro descartável de David Feeney e John Quaintance e na direção obtusa de Anne Fletcher. Já que todos parecem empenhados na tarefa de sufocar a dupla de protagonistas com o maior número de piadinhas enfadonhas possível, afogando no processo as chances das duas usarem seus talentos em fazer rir.

Esperada para depor contra um perigoso traficante internacional na cidade de Dallas, Daniella está convencida de que será morta antes que Cooper consiga levá-la até o tribunal, o que só piora quando as duas passam a ser perseguidas por uma dupla de policiais corruptos e outra de matadores contratados. Somos, então, jogados em um road movie que mistura a estrutura clássica do gênero com um jogo de gato e rato que jamais chega perto de alcançar a excelência de comédias similares e hilárias, como Antes Só do Que Mal Acompanhado (1987) ou a recente Um Parto de Viagem (2010).

Fletcher ou pensa que o enredo criado por Feeney e Quaintance é tão genial que nenhuma de suas linhas merecia ser apagada, ou acredita que Vergara e Witherspoon não possuem carisma e desenvoltura suficientes para segurar um longa-metragem. Das piadinhas com a idade da primeira àquelas envolvendo a altura da segunda – repetidas tantas vezes que não seria de se espantar se no Brasil tivessem nomeado o filme de A Velha e a Baixinha – cada segundo parece ter um trocadilho infame; são tantas punchlines sem graça que quem acaba nocauteado pela exaustão é o próprio filme.

Independente de qual for o caso que levou a diretora a embarcar nessa furada, ambos se configuram como erros graves, já que Feeney e Quaintance entregam uma realização medíocre mesmo para uma criança viciada nos desenhos da Peppa Pig, e porque ela tem Vergara numa mão e na outra Witherspoon, vencedora de um Oscar, indicada a outro – merecidamente, diga-se de passagem – e, agora, eternamente constrangida por protagonizar uma cena que chega a envolver um beijo com sua colega de cena. Obviamente, a vergonha não é por causa do ato, mas pelo motivo dele acontecer e o quanto o mesmo se estende desnecessariamente, aumentando o embaraço – mas não dos personagens, infelizmente.

Sofia Vergara tenta com o seu sotaque pesado arrancar uma ou duas risadas, enquanto Reese Witherspoon parece desistir no meio do projeto e até a dicção arrastada que emprega no início é completamente esquecida no desenrolar da trama. Não por acaso, a melhor parte de Belas e Perseguidas é quando sobem os créditos, não porque é o final – tá, ok, também por causa disso – mas porque aqui entram os erros de gravação e testemunhamos que provavelmente as duas atrizes se divertiram mais na produção do filme do que qualquer um com o resultado.

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é formado em Produção Audiovisual pela PUCRS, é crítico e comentarista de cinema - e eventualmente escritor, no blog “Classe de Cinema” (classedecinema.blogspot.com.br). Fascinado por História e consumidor voraz de literatura (incluindo HQ’s!), jornalismo, filmes, seriados e arte em geral.
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Grade crítica

CríticoNota
Yuri Correa
2
Edu Fernandes
5
MÉDIA
3.5

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