Crítica
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Sinopse
Travis é o típico bad boy que a caloura Abby precisa evitar. Intrigado pelo desinteresse de Abby por ele, o encrenqueiro Travis propõe a ela uma aposta que pode mudar completamente a relação entre os dois.
Crítica
Poucos títulos são tão apropriados ao resultado que entregam como este Belo Desastre. Afinal, os dois protagonistas são, indiscutivelmente, ‘belos’, para usar o termo em questão. Porém, o conjunto que estrelam é nada menos do que um verdadeiro... ‘desastre’. Virginia Gardner já havia aparecido em um genérico que partia da mesma fórmula – Por Lugares Incríveis (2020), igualmente baseado em um romance que virou febre entre os tiktokers – porém, mesmo com uma carreira de mais de uma década, ainda está devendo uma oportunidade para se mostrar mais do que “um rostinho bonito”. Dylan Sprouse, por sua vez, estreou fazendo barulho ainda criança, tanto por méritos próprios, como por dividir a cena com seu irmão gêmeo, Cole: os dois se revezaram como o filho de Adam Sandler em O Paizão (1999) e se tornaram um fenômeno no Disney Channel em Zack & Cody: Gêmeos em Ação (2005-2008) e Zack & Cody: Gêmeos à Bordo (2008-2011), que ao todo tiveram mais de uma centena de episódios. A união dos dois, no entanto, em nenhum momento chega a atingir o nível de te(n)são esperado, seja pela velha repetição da estrutura “se implicam tanto um com o outro é porque se gostam”, seja por ambos não conseguirem resistir à tentação de voltar aos velhos estereótipos que por tanto tempo carregaram.
Dylan Sprouse entra em cena como Travis Maddox, um estudante rebelde que consegue se manter na faculdade participando de lutas clandestinas em porões espalhados pela cidade. Ele deveria ser o bad boy, o cara fechado e cheio de cicatrizes – físicas e sentimentais – com dificuldades para se abrir, que exibe músculos com a mesma desenvoltura que esconde suas emoções. No entanto, assim como o ator incorporou em comédias como Meu Namorado Fake (2022) ou no drama romântico After: Depois da Verdade (2020), não consegue deixar de ser o engraçadinho, do tipo de “perde o amigo, mas não a piada”, e apesar da barriga trincada e dos socos certeiros em cada duelo, se comporta na maior parte do tempo como um adolescente do fundo da sala, pronto para a próxima pegadinha. Ele é incapaz de dotar seu personagem de qualquer tipo de energia além daquela percebida na superfície, o que parece ser fundamental para uma figura que, ao menos em tese, deveria se capaz de gerar uma impressão tão forte em Abby a ponto de fazê-la questionar suas próprias convicções.
Essa ganha o rosto de Virginia Gardner, a mocinha descolada capaz de abalar a máfia da jogatina de Las Vegas, mas indefesa diante dos desfiles do rapaz seminu à sua frente, enrolado apenas numa toalha de banho. Esta, portanto, é a fissura que leva a uma cratera quase incontornável no centro dos acontecimentos de Belo Desastre: o que se sucede precisa ser a todo tempo alardeado pelos diálogos didáticos e por sequências expositivas, uma vez que não há profundidade ou evolução que consiga conduzir os envolvidos de um ponto a outro sem maiores tropeços. Se um acaba se apaixonando pelo outro, o que se dá entre eles é praticamente gratuito, uma vez que nada deles é exigido além de serem a imagem com a qual se apresentaram desde o instante inicial: ele o rebelde carismático, ela a garota de passado misterioso comprometida a levar uma vida o mais próximo do normal possível. Uma aparente tranquilidade que envolve, entre outras coisas, não mais falar com o pai, que insiste em procurá-la.
Se por um lado o filme dirigido por Roger Kumble – que está longe de ser um novato, pois tem circulado pelo gênero desde Segundas Intenções (1999), apesar de ter passado a última década envolvido basicamente com episódios de séries televisivas – tenta se mostrar leve e descolado, há também uma sombra trágica que insiste em perseguir o desenrolar da trama. Abby e Travis se sentem atraídos um pelo outro quase que automaticamente, da mesma forma como também percebem não serem compatíveis, visto as diferenças que passam a enumerar entre eles. Mesmo assim, graças a uma aposta tão tola quanto ingênua, se veem obrigados a dividir o mesmo quarto por trinta dias. Estão dormindo juntos, mas juram que nenhuma maior aproximação acontecerá, visto que ela, principalmente, afirma estar apenas contando os dias para poder ir embora. Porém, não há disfarce quanto às reais intenções de ambos. E se essa “farsa”, por assim dizer, não conseguirá se sustentar, ainda mais frustrante se revelará os desdobramentos quanto aos aspectos, digamos, mais “sérios” do conjunto.
Esses dizem respeito a essa complicada relação paterna e uma improvável “fama” conquistada quando ainda pequena. O que será revelado, e sem muito esforço – bastará, literalmente, uma pesquisa no Google – é que ela foi criada por um jogador inveterado e se mostrou ainda mais hábil nas cartas, tanto que hoje ele depende dela para pagar suas dívidas. Ameaças pouco convincentes e compromissos tão aleatórios quanto a suposta genialidade da garota deveriam servir para dotá-la de algumas camadas além das caras e bocas que faz diante do galã de ocasião, mas pouco servem no sentido de convencer o espectador do contrário: as reações são imediatas, suas ligações parecem balançar de acordo com o vento e qualquer problema será solucionado de forma tão rápida quanto os mesmos terão se apresentado. Belo Desastre talvez provoque algum tipo de comoção entre os fãs da série de livros escritos por Jamie McGuire – uma republicana anti-vacina que vem expondo seus pontos de vista em uma saga composta por diversos volumes e spinoffs – mas a qualquer recém-chegado o que terá pela frente é um romance frouxo e descartável, destinado a ser esquecido sem olhadas para trás.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 3 |
Alysson Oliveira | 1 |
MÉDIA | 2 |
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