Crítica
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Sinopse
O morador de uma comunidade amish morre depois de um acidente de trator. De modo insólito, sua viúva começa a ser hostilizada pela comunidade que a vê como uma ameaça.
Crítica
Após impressionar crítica e público com seus dois primeiros trabalhos (Aniversário Macabro, 1972, e Quadrilha de Sádicos, 1977), Wes Craven dirigiu Verão do Medo (1978), um filme para TV, e, três anos depois, Benção Mortal. Este longa é um bom trabalho de Craven, mas pagou pelo fracasso do anterior televisivo que foi muito criticado e fez com que ele não gerasse grandes expectativas, sendo, até hoje, pouco lembrado.
Isso, porém, não diminui a boa obra que Benção Mortal é. O roteiro da película foi escrito pelo diretor junto com Matthew Barr e Glenn M. Benest. Sharon Stone, em início de carreira, interpreta Lana Marcus. A história se passa numa pequena fazenda chamada Nossa Benção, e a maior parte da população local é da religião Amish. Eles seguem normas severas, ditadas pelo sinistro e cruel patriarca Isaiah Schmidt (Ernest Borgnine), são super devotos e têm medo do Incubus, entidade mitológica que os contamina e seduz em seu sono. Percebe-se, aqui, uma crítica e uma pergunta de Craven: Devemos nos render e seguir a religião ou o pecado?
Jim Schmidt (Douglas Barr), filho de Isaiah, escolhe a segunda opção. Ele se casa com Martha (Maren Jensen, que faz em Benção Mortal o último papel de sua carreira), que não segue a mesma religião, assim desobedecendo a seu pai. Isaiah acreditava que Martha estava possuída pelo espírito de Incubus. Jim é excomungado e encontrado morto, depois de um acidente inexplicável na noite de seu primeiro aniversário de casamento.
Após perder o marido, Martha recebe a visita das (belas) amigas Lana Marcus e Vicky Anderson (Susan Buckner), que passam a ser um grande problema para os moradores extremamente religiosos. Alguns, inclusive, as consideram demônios. O trio, então, vive uma série de acontecimentos estranhos e assustadores. Ocorrem mortes e tentativas de assassinatos em um celeiro. Fica a dúvida se a série de fatos ocorridos é obra dos Amish, que têm interesse econômico em obter a fazenda de Martha, se é coisa do sobrenatural ou da presença de Incubus, se existe um louco no local ou se a região é mesmo amaldiçoada.
Benção Mortal é um filme diferente de Wes Craven. Ao invés de um horror mais cruel e sangrento, o diretor opta por contar a história com um ambiente de crescente e inquieta tensão. A película consegue manter um clima de ameaça e promove sustos em algumas cenas. Existem também passagens memoráveis que evidenciam os diferentes tipos de medo, como a claustrofobia. Fantasmas e bichos também estão presentes. O último grupo, inclusive, reserva uma curiosidade na cena em que Lana aparece com uma aranha na boca. Sharon Stone só aceitou fazê-la após convencer a produção a retirar os dentes do animal.
Obviamente, existem alguns problemas. O filme perde o foco em alguns momentos, passando da apreensão à tentativa de descobrir quem é o assassino. O jogo, que nem sempre dá certo, desvia o assunto e entra em conflito com alguns acontecimentos sobrenaturais da história. Outro problema está no fim, quando tudo é revelado. Fica a sensação de que a película tem problemas de veracidade e lógica. Ainda assim, Benção Mortal é um dos bons filmes de Wes Craven, principalmente por ter um estilo diferente da maior parte de suas obras. Bem recomendado.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Gabriel Pazini | 7 |
Ailton Monteiro | 7 |
Chico Fireman | 6 |
MÉDIA | 6.7 |
Gosto muito desse filme rolava direto no SBT na segunda metade dos anos 80.