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Sinopse
Depois de ser contaminado pelo sangue nefasto de uma criatura das trevas, Blade se transforma num guerreiro imortal, metade-homem, metade-vampiro. Desde então, se dedica a caçar o líder dos chupadores de sangue.
Crítica
A Marvel Comics atualmente é uma marca de enorme sucesso no cinema, tendo chegado ao ponto de financiar seus próprios filmes através de um estúdio único. Assim, está sendo possível organizar os projetos que farão parte de seu grande universo cinematográfico, culminando nos filmes dos Vingadores. Isso não deixa de ser resultado do sucesso de vários longas que trouxeram para a telona os super-heróis da editora, algo que passou a chamar a atenção principalmente entre o fim da década de 1990 e o início dos anos 2000, com X-Men (2000) e Homem-Aranha (2002). Mas se estes consolidaram a marca, é inegável que foi o caçador de vampiros protagonista de Blade quem preparou o terreno para isso, tendo rendido o primeiro título bem sucedido entre as adaptações dos quadrinhos da editora.
Com roteiro escrito por David S. Goyer, Blade: O Caçador de Vampiros acompanha o personagem-título (vivido por Wesley Snipes), nascido meio humano e meio vampiro após sua mãe ter sido mordida por uma criatura enquanto estava grávida. Ao lado do parceiro Abraham Whistler (Kris Kristofferson), Blade combate o submundo dos vampiros enquanto tenta encontrar Deacon Frost (Stephen Dorff), que planeja invocar o deus do sangue La Magra com o objetivo de tomar o mundo e escravizar a raça humana.
Dirigido por Stephen Norrington (que sairia de circulação anos depois ao comandar o vergonhoso A Liga Extraordinária, 2003), Blade tem um visual sombrio que retrata bem o universo dos personagens que vemos na tela, além de contar com momentos que investem um pouco no gore, como na cena em que um vampiro é fritado por uma luz ultravioleta, ou quando Frost morde um de seus criados e o sangue corre solto, detalhe que dá bons toques de terror à história. Apesar disso, esta é uma trama de ação e funciona satisfatoriamente dessa forma. O cineasta se sai bem ao explorar as habilidades e os apetrechos do protagonista, criando belas cenas como a luta inicial entre Blade e vários vampiros em uma boate, que ainda serve para apresentá-lo de forma eficiente.
Aliás, um elemento interessante que ajuda a tornar a obra envolvente é o personagem-título. Sendo um híbrido entre a raça que protege (mesmo que esse não seja exatamente seu principal objetivo) e àquela que deseja ver exterminada, Blade é uma figura que transita entre esses dois mundos, mas não se sente parte de nenhum deles. Nesse sentido, uma conversa que tem em determinado momento com Karen Jensen (N’Bushe Wright), médica que salva no início do filme, é ótima ao mostrar que sua real motivação ao matar os vampiros é o fato de um deles tê-lo transformado naquilo que é, o que na visão dele também não deixa de ser um monstro (“Humanos não bebem sangue”, afirma).
Assim, vale dizer que Wesley Snipes aparece bastante seguro interpretando Blade, e apesar de manter sua seriedade durante a maior parte do tempo, em alguns momentos pontuais o ator traz certa “descontração” ao personagem (há uma cena, por exemplo, na qual sorri ao ver acontecer algo que previa), detalhe que cria um contraste curioso com a violência com a qual age logo em seguida. Snipes também tem uma ótima dinâmica com o carismático Kris Kristofferson, que como Whistler ajuda a despertar o lado humano do protagonista. Já N’Bushe Wright tem em Karen uma figura forte, mas que infelizmente acaba sendo usada pelo roteiro mais como uma forma expositiva, enquanto que Stephen Dorff consegue fazer de Deacon Frost um bom vilão, que mostra a seus superiores que apesar de não ser um sangue puro (ele foi apenas transformado), ainda é um vampiro mais poderoso que eles.
Blade, no entanto, não escapa de ter seus problemas. É estranho ver que a falta de discrição dos envolvidos parece não assustar os humanos, como pode ser visto na cena em que o herói usa sua arma no meio da rua e ninguém parece ficar muito surpreso. E se os efeitos visuais surgem pouco convincentes, a luta no terceiro ato com o vilão é praticamente um anticlímax, não só por não empolgar, mas também por terminar de um jeito fácil e decepcionante. Mesmo assim, se revela um bom filme de estreia para a Marvel, o que não deixa de ser uma surpresa considerando que este não é um dos personagens mais conhecidos pelo grande público.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Thomas Boeira | 7 |
Chico Fireman | 4 |
MÉDIA | 5.5 |
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