Boa Noite e Boa Sorte
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Good Night, and Good Luck
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2005
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EUA / França / Japão / Reino Unido
Crítica
Leitores
Sinopse
O famoso âncora televisivo Edward R. Morrow entra em rota de colisão com o reacionário Joseph McCarthy, parlamentar que impôs uma verdadeira caça aos "comunistas" nos Estados Unidos nos anos 1950.
Crítica
George Clooney sempre foi um cara “do bem”. Começou sua carreira com pequenas participações em títulos constrangedores, penou muito em produções televisivas insignificantes até conseguir um papel de destaque num seriado de sucesso, foi o Bruce Wayne que por pouco não tornou a vida do Homem-Morcego inviável no cinema, trabalhou com Quentin Tarantino, com Terrence Malick, com os irmãos Joel e Ethan Coen e com Soderbergh. E em Boa Noite e Boa Sorte revelou mais um talentoso lado de sua múltipla personalidade: é, também um grande diretor.
Apesar das três indicações ao Oscar como Melhor Ator – e do perfil de protagonista que possui – suas duas estatuetas até agora conquistadas foram como Coadjuvante (Syriana, 2005) e como Produtor (Argo, 2012). Além disso, já concorreu também como roteirista e como diretor. E foram nestas categorias em que ele pela primeira vez despertou a atenção dos membros da Academia de Cinema de Hollywood, justamente por Boa Noite e Boa Sorte. Ainda que seja um intérprete competente e carismático, Clooney é muito melhor cineasta do que ator. Sua estreia na direção em Confissões de uma Mente Perigosa (2002) deixava claro que não se tratava de um amador numa inocente aventura. Impressão confirmada nesta segunda obra enquanto realizador, ainda mais pertinente, concisa e impressionante.
Edward Murrow (David Strathairn, numa atuação sem excessos que valoriza o filme como um todo, oferecendo o tom correto da história) foi um dos jornalistas televisivos mais influentes da mídia norte-americana durante os anos 1950. Seu nome ficou marcado, no entanto, pela veracidade e contundência com que atacou o senador Joseph McCarthy durante o período conhecido nos livros acadêmicos como “maccarthismo” ou “caça às bruxas”. Isso aconteceu poucos anos após a Segunda Guerra Mundial quando, no auge da Guerra Fria, se instaurou a sensação calamitosa de que os comunistas estariam agindo indiscriminadamente em diferentes setores da sociedade ocidental, principalmente no que se referia à cultura nos Estados Unidos. Murrow foi o homem que fez lembrar à nação que “suspeita” era diferente de “prova”, que mero “achismo” era coisa de principiante atrevido e que o país merecia mais do que vazias e irregulares especulações. Ele pregava a justiça e a honestidade, seja enquanto profissional comprometido com o trabalho ou como homem perante uma sociedade em formação.
Em justos e eficientes 90 minutos, Clooney constrói em Boa Noite e Boa Sorte em belíssimo preto e branco um painel bastante acurado de um momento muito triste e, principalmente, relevante dentro de um contexto global de cerceamento das liberdades individuais e de respeito e incentivo à diversidade de opinião. As indicações ao Oscar (seis, inclusive a Melhor Filme) e os prêmios no Festival de Veneza (entre eles, roteiro e ator, para Strathairn) e no National Board of Review (Melhor Filme do ano) apenas confirmam uma verdade incontestável e legitimam uma obra corajosa, necessária e absolutamente irretocável.
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